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Mas quanto maior he a importancia destas rasões, tanto mais receio que as medidas propostas para consolidar esta união, antes a embaracem do que a ajudem. Não devemos disfarçar-nos que a nova ordem de cousas estabelecida em Portugal não pode agradar ao Governo do Rio de Janeiro: as rasões são obvias, e que só a uma politica necessaria póde obrigallo a adoptalla e reconhecer por legitima. Tambem felizes nós, se sabemos ligar as cousas de maneira, que produzão tão saudavel effeito. Entre tanto devemos esperar que se empreguem os meios possiveis para evitar que alli penetre o mesmo espirito que aqui nos conduz. A experiencia nos prova desgraçadamente, que o bem dos Povos não he sempre a base dos conselhos dos Aulicos, e que são outros os motivos que os dirigem.

Nesta supposição parece-me que nos convem mais evitar qualquer acção, que mal entendida pelos Ministros do Rio de Janeiro, lhe pudesse dar armas contra nós. Acostumados na sua linguagem ministerial a qualificar de revolução os louvaveis esforços que os Povos fazem para recobrarem sua legitima liberdade, dirão que, não contentes com revolucionar Portugal, pertendemos ainda revolucionar o Brasil, que obedece pacifico ao seu Soberano. Isto, que será facil de persuadir ao Rey, o obrigará a desconfiar de nossas intenções, e levantará entre nós e o Brasil huma barreira, que tornará mais difficil a união desejada, qual devemos antes esperar de relações pacificas e amigaveis, que de procedimentos que podem alli ser considerados como verdadeiras hostilidades.

Ainda não forão estabelecidas as communicações entre ElRey e esta Representação Nacional, e nós não temos por ora senão remotas esperanças, de que se estabeleção. O Governo do Rio de Janeiro sem duvida nos observa para tomar huma resolução, e no entretanto as regras mais bem reflectidas da prudência nos devem dirigir, devemos tambem da nossa parte pôr-nos em observação, e em quanto temos a ganhar por caminhos mais seguros de conciliação, não nos arriscarmos a perder por algum passo precipitado. Os Gabinetes da Europa sempre alerta para aproveitarem o minimo pretexto, que possa apparentemente justificar suas pertenções, não deixarão declamar logo á menor sombra de violencia que fizermos a ElRey, ou para melhor dizer, ao menor passo que possão qualificar de violencia, relativamente a huma parte integrante e tão remota de seus Estados, que não tem ainda manifestado sua vontade geral. E quando por quaesquer meios se pudesse conseguir que o Brasil, a pesar da immensa extensão do seu territorio, dos vastos desertos que separão suas partes habitadas, e cos elementos heterogeneos da sua população, se decidisse livremente por huma Constituição liberal, poderá algum de nós affirmar qual seria seu destino, ou que vereda seguiria? Unir-se-hia a Portugal para formar com elle o mesmo Imperio, ou, seguindo o exemplo da America Septentrional, estabeleceria huma Confederação independente? Cousas muito differentes influirião nesta circunstancia, e o impulso duvidoso da mais forte ficaria prevalecendo.

Por tanto o meio mais seguro que temos para fixar o destino do Brazil relativamente a nós, he fazer por meios conciliadores que elle dependa do ElRey, o qual, como de um centro de união, o dirija. Quando depois de estabelecida a perfeita harmonia do Governo do Brasil com a Representação Nacional de Portugal, e desvanecidas certas prevenções que são de esperar, ElRey se acostumar a ouvir a linguagem desconhecida eu verdade e da justiça, será então facil persuadir-lhe, que o bem dos Povos da America, o interesse da sua Real Pessoa, e da sua Augusta Familia, depende de abraçar a mesma Constituição de Portugal. Entretanto, para não alienarmos os animos de nossos Irmãos da America, para não falarmos dos principios de justiça que devemos practicar com elles, façamos-lhe conhecer nossas ingenuas attenções, e estabeleçamos como base da nossa Constituição Politica, que a Nação Portugueza se compõe dos Portugueses de ambos os Hemispherios. Que elles conheção, que temos os braços abertos para os receber como Irmãos; mas que ao mesmo tempo sejão obrigados a confessar, que nos meios de moderação que adoptamos, lhe fazemos o serviço mais util a elles e a nós, de que sem duvida devera para ambos resultar bens, que se arriscarião por num procedimento muito prematuro.

Não se imagine com tudo que anteponho aos principios da justiça vans considerações politicas. As que tem a natureza das que acabo de propor, não tem por objecto illudir, ellas indicão naturalmente o caminho mais seguro e mais breve para chegarmos ao fim que todos desejamos. Quando, na falta de meios de conciliação compativeis com a dignidade da Nação, se trate de sustentar a santa Causa da Liberdade, tão conforme aos meus sentimentos, e que por vinculos tão estreitos, jurei defender, não hesitarei em adoptar quaesquer, meios que a independencia da Nação haja de exigir: os habitantes do Brasil são Portuguezes como nós, e quando nossa cooperação mais activa he seja necessaria, devem contar com ella.

Eis-aqui em summa as rasões que me induzem a rejeitar os meios propostos no Projecto discutido, com tanto que se lhe substituão os que tenho observado."

Ao que o senhor Soares Franco ajuntou, as seguintes reflexões, e

PROPOSTA.

Approvo o Projecto do Senhor Pereira do Carmo, em quanto ao principio de que a Monarchia Por-