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Governo as razões em que se fundava para mandar força para a Bahia. Ei saqui a questão. Se este raciocinio fosse verdadeiro seguir-se-ão dahi os mesmos resultados, que se seguirião de não ter o Governo os meios necessarios para cuidar na conservação publica. Eu convenho em parte do raciocinio, mas he quando o Governo obra de uma maneira tal, que manifestamente se vê, que ella está em contradicção com a Constituição do Estado, ou com o systema de governo adoptado pela Nação. Podemos nos suppôr hypotheses dessa natureza Então esses factos sendo taes como se acaba de designar seria uma prova manifesta de que o Governo pertendia ir contra o interesses da Nação, e sem duvida que então os representantes da Nação não devião ser indolentes expectadores da desgraça da sua pátria, devião lançar mão de todos os meios possiveis, e de todos os que tem á sua disposição para rebater a traição do Governo, para lançar por terra um Governo que se declarava traidor da sua pátria; porem poderá passar pelo imaginação de alguem que nos estejamos nesse caso? Poderá lembrar a alguem que he evidente, que o Governo não póde ter outros fins em mandar tropas para o Brazil se não para o escravisar e colonisar, e que por consequencia obra directamente em opposição aos principios constitucionais adoptados e sanccionados solemnemente neste augusto Congresso? Não certamente: antes pelo contrario; como acaba de apontar um honrado membro, nos temos razões sobejas para conhecer quaes são os motivos porque o Governo tomou a resolução de mandar tropas para o Brazil. Que tem o mandar tropas para o Brazil com a união do Brazil com Portugal? São duas cousas inteiramente diversas. Por isso mesmo que o Brazil se declara unido a Portugal, por isso mesmo que o Brazil enviou seus Deputados a este Congresso para de accordo com os Deputados de Portugal formarem a Constituição politica de toda a Nação, não vemos nos que por isso mesmo o Brazil faz uma parte da Monarquia Portugueza? E não he o resultado desta união que o Governo unico residente aqui, e que he igualmente Governo do Brazil está encarregado da segurança do Brazil tanto como o está da de Portugal? Pois se o Brazil he unido, como os seus representantes o declarão, se o Brazil, como os povos tem declarado, está unido a Portugal fazendo parte da grande Monarquia Portugueza, se existe um Governo que elles devem reconhecer, porque esse Governo deve ser unico nas suas attribuições supremas, e se por consequencia esse Governo está obrigado a cuidar na segurança não só do lado da Monarquia, mas de cada uma das partes integrantes da mesma Monarquia, e ha uma razão pela qual elle julga que he preciso augmentar a força existente em uma parte, que tem isto contra a união do todo? Porque se diz que o mandar tropas he contra a união de uma parte da Monarquia? Pelo contrario sem força como poderiamos nos conservar essa mesma união que tanto desejamos, os Deputados de cá, e que tanto declarão que desejão os Deputados de lá? Dir-se-ha que na America ha força, que a America podia defender-se com suas proprias forças militares que tem.
Eu sou da opinião sem dúvida, que os homens são o mesmo em todos os climas, que a differença que um célebre escritor do seculo passado quer achar não influe certamente no essencial do homem, porque em geral os homens tem as mesmas qualidades essenciaes tanto na America como na Europa, Asia, e Africa: a especie humana he a mesma por toda a parte, e aquelle que he naturalizado relativamente a seu clima, he o mesmo que os outros homens: o americano relativamente ao paiz em que está, está nas mesmas circunstancias que um europeu a respeito da Europa; mas todavia eu dou muito e muito á legislação, he á legislação dos paizes, he á forma do seu governo que eu dou tudo; e agora os honrados membros me dirão qual tem sido a differença do governo da America ao governo de Portugal ha seculos: se o governo desgraçadamente existido na America desde seu descobrimento foi proprio para conservar nos homens o valor, o brio, e outras circunstancias (falo em geral) que devem ter para bem do seu paiz. Lembremo-nos que o paiz aonde as sciencias tiverão o seu nascimento, de donde nos vem as lições do mesmo systema da liberdade, he hoje o paiz mais barbaro, em quanto a seus conhecimentos, e he o paiz mais baixo em quanto ás suas qualidades: por consequencia eu não pertendo lisongear os honrados membros representantes da America com discursos de que lhes conhecerião a falsidade; dou muito á America, dou muito ao valor de seus povos, pois todos são valorosos nas circunstancias, mas não os supponho no estado em que seria necessario que estivessem para defender bem o seu paiz: e com vergonha nossa direi, pela nossa culpa e ambição forão reduzidos a esse estado; mas estes principios por fortuna acabarão. E em fim quando se trata da verdadeira segurança he preciso que não nos regulemos por theorias; eu avanço por tanto a proposição, que o Brazil não se póde defender com as proprias forças, e se elle não as tem capazes para isto, que lhe resta se não manter aquellas que forão disciplinadas n'um paiz em muito differentes circunstancias, e as quaes por consequencia podem servir para a sua defeza. He por ventura para os escravisar que se toma esta medida? Não; he para os proteger; longe de mim a idéa de olhar o exercito como um déspota; mas isto não he de recear debaixo de um governo constitucional, e liberal. O exercito Portuguez he protector dos povos que só tem em vista manter a sua tranquilidade, e libertalos, e defendelos dos ataques externos. Por consequencia, qual he o receio que os honrados membros tem de que vá tropa Portuguesa para o Brazil, senão vai com outras vistas que proteger os povos? O honrado membro que me precedeu a falar me escusa de dar razões em comprovação desta verdade. Povos que em tudo são iguaes á Monarquia Portugueza, iguaes nos principios que esta tem adoptado, desgraçadamente se vêm em facções, e se Portugal, o governo tutelar da Monarquia não extende sobre elles uma mão benefica, elles vão a passar pelas maiores desgraças; as suas provincias vão a ser retalhadas, e quando pertendemos que a sua industria prospere acabará de todo, pois tal he o effeito funesto da desordem, e da anarquia. He