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verno a propoz ás Cortes, mostrou desconhecer as suas attribuições. Embora a poderemos nós discutir, porém sustentarei que não se possa pôr a votos, porque votando nos exporiamos a um perjúrio, isto he, a votar contra as bases juradas, segundo os quaes o emprego da força armada pertence livre e absolutamente ao Governo. Em verdade questionar aqui se o Governo ha de mudar um destacamento de uma para outra parte, se ha de conservar qualquer parte do território com uma, antes do que com outra força, com grande ou pequena; he isto um inaudito transtorno do exercicio dos dois poderes politicos. Onde se discute sobre se o Governo ha de conservar, e guarnecer Monte-Video precisamente com a divisão dos voluntários reaes, ou se a póde mudar para onde lhe parecer, tambem se discutirá alguma vez sobre se elle póde mudar o regimento n.° 24 para Almeida, e o regimento 23 para Lisboa.
Quem he responsável pela segurança publica, e conservação de Monto-Vidco,- ou de qualquer parte do território portuguez? he o Governo. Que tem pois as Cortes com que elle o segure e conserve com a devisão de voluntarios reaes, ou com outras tropas? Segundo a opinião dos militares e outras pessoas regressadas de Monte-Video, e mesmo pelo parecer da Commissão, consta que a força militar que hoje ha nuquella provincia cisplatina deita a 8 mil, isto he, 4 a 5 mil de cavallaria e infanteria, além dos 3:500 dos voluntarios reaes, convém saber, batalhões de tropas de S. Paulo, Rio Grande do Norte, e Rio Pardo, inclusivamente um batalhão de artilheria e cavallaria; tropa muito sufficiente para sustentar aquella provincia, e que a continuará a manter com boa vontade pelo muito que as ditas provincias de S. Paulo, Rio Grande etc. são interessadas em conservar aquelle posto militar que lhes cobre e defende as suas fronteiras; pelo que de boa vontade continuarão a concorrer com as recrutas e dinheiros necessarios. Se pois o Governo julgar desnecessaria ali a divisão dos voluntarios reaes, deverão as Cortes mandar-lhe que a conserve? Será elle obrigado a conservala ali quando mesmo precisasse della para acudir a algum ponto onde se manifestasse alguma urgencia maior? Onde sem ella não podesse reprimir milhares de facciosos que estivessem maltratando e assassinando os Portuguezes europeos que tanto implorão o nosso soccorro e protecção? Onde se levantasse alguma facção que pertendesse estabelecer um novo governo, destruir as Corte, rasgar a unidade da monarquia, e mesmo erigir no Brazil a sua séde, subjugando no dominio do novo mundo as possessões portuguezas das outras tres partes da terra? E que? Duvidamos nós que no Brasil existe com effeito um centro de facciosos que desejão senhorear-se das nossas provincias da Asia, e Africa, e darem a Portugal uma delegação de poder? Que no Brazil existem facciosos que se dizem missionarios dos povos, e por toda a parte atropellão e assassinão os miseros Europeus? Como se trata pois aqui de prender as mãos do Governo para que não possa dispor da divisão dos voluntarios reaes e de qualquer outra tropa, como melhor convier á segurança, e tranquilidade, conservação e integridade de todas as partes da Monarquia?
Ainda mais: poderiamos nós obrigar o Governo a manter em Monte-Video aquella tropa apesar de estar ali fazendo uma despeza enormissima, e superior ás rendas publicas? Setenta e tantos contos por mez, e um deficit mensal de mais de 6 contos? E que direi da insubordinação que quasi necessariamente devia resultar, e com effeito resultou da falta de pagamento de tão enormes quantias? Que direi da arbitraria imposição ou prestamen a que foi necessario recorrer o general para pagar, e aquietar os animos insubordinados? Que direi das operações machiavelicas do Príncipe em mandar ordens ao Barão de Laguna para dar baixas á divisão, e a ir assim desorganizando como já praticou com a guarnição do Rio commandada por Avillez, e com a expedição ás ordens do adulador e imbecil Maximiliano?
Por tanto não se diga ao Governo que tire, nem que conserve a divisão em Monte-Video: diga-se-lhe, que considere continuamente nas suas obrigações e nos melhores meios e modo de as satisfazer; e não seja caso que com as nossas discussões causemos á presente expedição demoras maiores que aquellas que já se observão. A expedição está parada, e em verdade o que vemos he que tudo está a caranguejar. Ouço dizer que os vasos de guerra tem concerto pronto, e que os negociantes aprontão o que a elles pertence: qual he pois a causa de tão nociva demora? Ninguém o sabe. O que eu sei he, que o Ministro da marinha, depois de honrado pelas Cortes e pelo Rei com se porem á sua disposição tão grandes meios, foi-se pôr a tomar boas aguas e arei: não digo que não seja por doença, porém militares que padecem molestias cronicas em tempo de guerra, e em dias de combates, são fraca cousa. Não estamos em tempo de banhos e ares, mas em tempo de ou pegar ou largar. Nada de delongas: trata-se de se acudir algumas províncias do Brazil que existem em perfeita anarquia ate ao ponto de de haver formado um batalhão ligeiro, a quem to dá uma relação de Europeos, com a nota chupa: o miserável Europeo que traz esta nota, mais cedo ou tarde, leva facada, ou paulada, e he então que o manhoso e malvado director «e a p piai)de com o seu batalhão. E soffrerem-se tantas indignidades por mera apathia e inaptidão, eis o que não se póde comprehender. Temos no Brazil grandissimo partido por nós; porém não o apoiamos quando o podiamos fazer, e o deixamos esmorecer e assassinar.
Sobre o segundo ponto da aceitação do acto da união da provincia cisplatina, de que trata o parecer da Commissão, não direi nada, pois se não deve tratar disso se não tendo presentes todas as negociações diplomaticas, e com intervenção da Hespanha. Basta dizer que os povos não aceitarão aquelle acto voluntariamente, e que alguns de seus artigos são anti-constitucionaes. Devem ser presentes ás Cortes as razões da nossa antiga amiga, e agora mais que nunca adiada Hespanha, conservando-se entre tanto Monte- Video no pé em que está; no que Hespanha não perde, antes ganha, porque se um dia tornar a occupur as suas possessões naquelles paizes, como Buenos-Ayres e Entre Rios, tem mais seguro o territorio

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