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Magestade a minha consideração, gratidão, e amor filial tributado livremente.
Vossa Magestade, que he Rei ha tantos annos, conhecerá mui bem as differentes situações, e circunstancias de cada paiz, por isso Vossa Magestade igualmente conhecerá, que os Estados independentes (digo os que de nada carecem, como o Brazil) nunca são os que se unem aos neccessitados, e dependentes; Portugal he hoje em dia em Estudo da quarta ordem, e necessitado, por consequencia dependente; o Brazil he de primeira, e independente atqui que a união sempre he procurada pelos necessitados, e dependentes, ergo a união dos dois hemisferios deve ser (para poder durar) de Portugal com o Brazil, e não deste com aquelle, que he necessitado e dependente. Unia vez que o Brazil todo está persuadido desta verdade eterna, a separação do Brazil he inevitavel, a Portugal não buscar todos os meios de se conciliar com elle por todas as fórmas.
Peço a Vossa Magestade deixe vir o Mano Miguel para cá, seja como fôr, porque elle he aqui muito estimado, e os Brazileiros o querem ao pé de de mim para me ajudar a servir no Brazil, e a seu tempo cazar com a minha linda filha Maria. Espero que Vossa Magestade lhe dê licença, e lhe não queira cortar a sua fortuna futura, quando Vossa Magestade como Pai, deve por obrigação christã contribuir com todas as suas forças para a felicidade de seus filhos. Vossa Magestade conhece a razão, ha de conceder-lhe a licença que eu, e o Brasil tão encarecidamente pedimos, pelo que ha de mais sagrado.
Como filho respeitoso, e subdito Constitucional, cumpre-mo dizer sempre a meu Rei e meu Pai aquella verdade que de mim he inseparavel: se abusei, peço perdão, mas creio que falar verdade nunca he abuso, antes obrigação, e virtude, ainda quando ella proclamada, he contra o proprio sujeito, ou pessoa de alto coturno.
As minhas cartas anteriores a esta, como havião de apparecer a quem tem atacado a Deus e a Vossa Magestade, e tendião a felicitar a Nação toda, havião mister serem mui fortes; mas Vossa Mages tade Conhecedor da verdade., e amante delia, saberia desculpar o meu atrevimento de me servir de cartas de Vossa Magestade para atacar atacantes, perdão peço e de certo alcanço.
Dou parte a Vossa Magestade que as minhas filhas estão boas (da Maria remetto um retrato tal, qual ella) e a Princeza está tambem boa...
Remetto no meio dos papeis um figurino a cavallo da guarda de honra, formada voluntariamente pelos Paulistas mais distinctos da provincia, e em que tem entrado tambem desta provincia: os de S. Paulo tem na correia da canheira S. P. e os do Rio de Janeiro R. J.
Tenho a honra de protestar novamente a Vossa Magestade os meus sentimentos de amor, respeito, e submissão de filho para um Pai carinhoso, e de subdito para um Rei justo.
Deus guarde a preciosa vida e saude de Vossa Magestade, como todos os bons Portuguezes; e mórmente nós Brazileiros o havemos mister.
Sou de Vossa Magestade. - Subdito fiel, e filho obedientissimo, que lhe beija a Sua Real Mão. - Pedro.
(Seguem-se os documentos, representação da camara do Rio de Janeiro, duas vercações extraordinarias, resposta do Principe Real; decreto do 1.º de Junho de 1822 para a installação de Cortes no Rio: outro de 3 sobre os abusos da liberdade de imprensa; falas da camara, e dos procuradores de S. Paulo, Minas, e Rio de Janeiro etc. etc. etc.)

CARTA II.

Rio de Janeiro 22 de Junho de 1822.

Meu Pai e meu Senhor. - Agradeço a V. M. o mandar-me escrever pela mana Maria Thereza no 1.º de Maio proximo passado, e sinto que V. M. não tivesse sido entregue logo pelo Conde de Belmonte dos officios que tive a honra de escrever dando-lhe parte de tudo e acontecido.
O Madeira na Bahia tem feito tirannias, mas eu vou já já polo fóra ou por bem, ou á força de miseria, fome, e mortes feitas de todo o modo possivel, para salvar a innocente Bahia.
Deus guarde a preciosa saude, e vida de V. M. como todos os honrados Portugueses, e mormente nós Brasileiros o havemos mister.
Sou de Vossa Magestade subdito fiel, e filho obdientissimo que lhe seja a sua Real Mão. - Pedro.

DOCUMENTOS.

Jgnacio Luiz Madeira de Mello, governador das armas da provincia da Bahia, eu o Prince Regente vos envio muito saudar. Os desastrados acontecimentos, que cobrírão de luto essa cidade nos infaustos dias 10, 20, e 21 de Fevereiro, magoárão profundamente o meu coração. Verteu-se sangue de meus filhos, que amo como os que me deu a natureza. E não podendo restabelecer-se a paz, o bem, e alegria dos habitantes dessa provincia, nem a minha propria alegria, em quanto não se praticar na Bahia o mesmo que felizmente se executou nesta corte e em Pernambuco; sendo até necessario para a tranquilidade de todas provincias, e para se apertarem de novo os relaxados vinculos de amizade entre os dois reinos, que o Brazil fique só entregue ao amor, e fidelidade dos seus naturaes defensores: por tão ponderosos motivos ordeno-vos, como Principe Regente deste Reino, do qual jurei ser defensor perpetuo, e depois de ouvir o meu conselho de Estado, que logo que receberdes esta, embarqueis para Portugal com a tropa que tão impoliticamente dali foi mandada, na certeza de que fico responsavel a meu Augusto Pai pela falta das suas reaes ordens, as quaes elle certamente vos teria dirigido, se podesse ver de tão longe, e no meio das escuras nuvens, que rodeão o seu trono, a urgência, e absoluta necessidade desta providencia. Espero que assim o executeis; e á junta provisoria desse governo escrevo tambem, para que apronte embarcações, e tudo que for necessario para o vosso imme-