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tade, falando lhe mais especificadamente sobre o brigadeiro Manoel Pedro de Freitas Guimarães, e sobre as providencias que julgo da primeira urgência para conservar esta parte da Monarquia portuguesa. Estando intimamente convencido dos desvelos e cuidados que Vossa Magestade se dá pela felicidade da Patria, eu me dirigiria a Vossa Magestade sobre taes objectos, ainda quando isto não fosse do meu primeiro dever.
Para não consumir o precioso tempo que Vossa Magestade emprega em seus importantes trabalhos, narrando novamente todos os acontecimentos que tem flagellado esta cidade, attrahirei a attenção de Vossa Magestade sómente para aquelles dois pontos.
Quando o brigadeiro Manoel Pedro tomou o governo das armas em consequência de ser o mais graduado official que existia aqui, viu-se claramente que o partido revolucionário, ou independente, recobrara uma grande energia, por ver á testa da força armada um dos mais reconhecidos independentes. Forão insultados os soldados europeos, e deve-se á disciplina rigorosa, que seus chefes lhes fizerão guardar, o terem-se evita-lo grandes desordens. Deu o mesmo brigadeiro todos os passos para fazer progredir o partido, assumindo até autoridades, que só pertencem nos grandes poderes do Estado. Fez grandes promoções, despachando todos os officiaes do regimento de artilheria, e outros muitos indivíduos conhecidos desde longo tempo por famosos independentes. Mandou ornar as bandeiras do mesmo regimento com uma legenda em letras de ouro, que seus officiaes escolhessem, e que seia executada á custa do soldo delle brigadeiro. Procurou os meios de augmentar a força aos corpos do paiz, publicando bancos para perdão de desertores , e para o recrutamento. Mandou reunir ao dito regimento de artilheria uma parte do seu destacamento, que tinha no morro de S. Paulo. Mandou aprontar companhias de milícias para marcharem para aquella fortaleza, logo que sobre a costa apparecesse inimigo, enquadra, ou comboy. Não tendo nós guerra com potência alguma, e tendo-se espalhado nesta cidade, que no Rio de Janeiro e Pernambuco obrigava o a embarcar os corpos europeos ali destacados, deve colligir-se, que o brigadeiro Manoel Pedro, e o partido revolucionário, temendo que aquelles corpos viessem buscar aqui um abrigo até receberem determinações de Vossa Magestade, e de ElRei, queria oppor-se ao seu desembarque naquella situação, no caso que por qualquer motivo fossem demandalo. Quando se espalharão aquellas noticias do Rio de Janeiro e Pernambuco, abertamente se dizia, que as tropas de Portugal aqui existentes íão a ser obrigadas a embarcar, e os facciosos fizerão circular muitas proclamações, exbortando o povo e tropa a seguir o exemplo daquellas duas cidades; porem as tropas de Portugal, firmes em seus principios de honra e amor da pátria que tem sempre desenvolvido, estavão dispostas a morrer antes no posto, que a Nação e ElRei lhes confiara, do que deixai-lo sem ordem de quem unicamente as póde mandar retirar.
Deu ordens o mesmo brigadeiro para se acabarem de armar alguns regimentos de milícias de fóra, ao mesmo tempo, que na cidade se tomavão medidas para desarmar aquelles regimentos que são pela maior parte compostos de europeos. Taes forão os passos que deu aquelle brigadeiro desde 3 até 15 de Fevereiro, em que recebi a carta regia de 9 de Dezembro de 1821, pela qual ElRei houvera por bem confiar-me o governo das armas desta província. Tendo-se espalhado no dia 11, pela chegada de um navio do Porto, aquella resolução de ElRei, principiou o partido revolucionário a buscar a maneira de a embaraçar, bem persuadido de que elle perderia muito para os seus intentos, uma vez que a força armada deixasse de estar debaixo ao seu influxo. A carta chegou no dia 15; nesse mesmo dia fui apresentala á junta provisória, e ao general das armas, que me fizerão os cumprimentos do estylo; porém nenhuma providencia vi dar para se realizar a ordem de ElRei.
No dia 16 dirigi-me novamente áquellas duas autoridades : disse-me a junta provisória, que não se intromettia neste negocio, e o general das armas, dando a escuza de que não tivera participação de ElRei sobre o Governo que me confiara, disse-me que recuzava entregar-mo, e accrescentou que mo intregaria se a camara registasse o meu diploma, dizendo logo, que duvidava que ella tal fizesse. Daqui conclui, que o partido trabalhava para fazer com que a camara recuzasse preencher uma formalidade do regimento de 1678. Nesse mesmo dia foi apresentada na camara a carta regia; porém a camara apezar de ser dia de sessão não reuniu senão dois de seus membros; por consequência não foi a carta registada. No dia l8 se reuniu a camara, não a mesma camara, mas outra , que de novo se nomeou, não sendo para desperdiçar esta circunstancia.
O governo, que ao principio se havia mostrado indiferente neste negocio, e nenhum passo tinha dado para dirigir a opinião publica a favor da execução do que ElRei mandara, entrou na questão, quando lhe constou, que havia uma representação de quatro centos e vinte e cinco pessoas contra a minha posse, e determinou á camara que nada decidisse por ti só, no caso de apparecerem duvidas na occasião de lhe ser insinuado o régio diploma. Assim se executou, e deste modo se consagrou o pernicioso principio de oppôr-se alguém á execução da lei, e dos mandados de ElRei,, autorizando uma pequena fracção da população de uma cidade a atropellar os princípios que a sabedoria de Vossa Magestade estabelecera, e a Nação jurara. Depois occorrêrão os mais factos que já participei a Vossa Majestade, e nos quaes he innegavel, que o brigadeiro Manoel Pedro influiu extraordinariamente. Tendo recuzado entregar-me o combinando , mostrou ao partido revolucionário, que podia contar com elle para seus sinistros fins: assim este partido, depois de haver obrado todas as chicanas que teve ao seu alcance, para que eu não tomasse posse do governo das armas, lançou tambem mão dos seus recursos militares, e além dos preparativos que se fizerão nos regimentos de linha, foi reunir-se no forte de S. Pedro ao regimento de artilheria uma immensidade de milicianos, e paizanos, que forão ali armados, e municiados; dando aquelle general deste modo uma prova autentica de que elle apoiava todas as disposi-

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