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os homens ligados aos nossos inimigos por grandes favores e pensões delles recebidos, que logo SR dispõe a levar comigo suas famílias, como quem vai já com cara voltada ao Brazil, e costas a Portugal; homens que escandelisarão a terra aonde são reinviados; homens que gastem ao pobre thesouro duas moedas diarias de comedoria; falarei em uma só palavra, homens propostos por esse cadaverico e aulico conselho do almirantado, que ainda não propôz um só commandante que não fosse dos adidos á corte do Rio de Janeiro, e que conta de salvar todos esses seus propostos quando mallograrem tantos sacrifícios feitos pela nação, ainda que para os salvar seja necessario engulir comellos; homens em fim a quem por todas as as instrucções se lhe diz sómente = vá ao Rio, e entregue estas cartas ao Principe = e al não disse.
Não he assim que se ha de atalhar o progresso do schisma, e da rebelião, por mui fraca que ella seja, como he. Nomeiem-se para as expedições os melhores commandentes, ainda que não tenhão ao peito caraxás e multiplicadas insignias, e patentes elevadas; in extremis extrema. Faltarão por ahi segundos tenentes inflammados no amor, e gloria da patria! eis optimos commandantes, e poupão-se as taes comedorias de 9:600 rs. diarios: vá a expedição a Pernambuco, Bahia, e Rio unir-se ao grande partido que Portugal tem por toda a parte; installe-se logo Relação e bons Ministros aonde forem necessarios, para que apoiados na tropa possuo pôr em vigor o exercicio da justiça, e das leis, e chegando ao Rio obrigue o Principe a embarcar-se, o qual se fugir para o centro, lá não o querem: uma vez destruido o concilio dos aulicos, e aristocratas, está tudo em socego; porque em fé tirando o folhelho, dispersa-se o avespeiro. Responde-se a isto que não devemos tratar de subjugar e escravizar povo algum. Pois que? Tem os aristocratas e os demagogos do Brazil o direito de apoiar com a força os seus partidos, e nós não teremos o de apoiar o nosso, que tanto o reclama, e que tão numeroso era, e ainda he? Mesmo quando me queirão provar que a vontade do partido da desunião he a mais geral, e que se poderia já confundir com a vontade do povo, eu chamarei essa vontade a dos illusos e allucinados pelos periodicos, e pelos pseudo-profetas. Ha vontades dos povos prematuras, verdes, distantes da sua madureza, titubantes, excitadas por máos pregadores, pelos agentes dos facciosos, contrarias aos interesses desses mesmos povos: vontades com as quaes não deve condescender o Governo mesmo o mais liberal. A verdadeira vontade do povo he guardar seu juramento, estar sujeito á dynastia de Bragança, ser parte do grande imperio lusitano, ser membro daquelle que já desde 1817 fôra intitulado Reino Unido, titulo que o povo não quer se dertrua. Se pois em uma cidade, província ou províncias apparecem vontades que pareção querer resilir de um pacto já jurado, de um governo já constituído, deverá este ter logo essas vontades por livres, deliberadas, espontaneas, unanimes para adherir a ellas? Não. Deve pelo contrario castigar promptamente os cabeças desse schisma, e apagar o fogo do incendio, porque assim convém ao lodo, e aos membros que; desse todo são parte.
Concluo pois, que longe de parecermos sanccionar com acquiscencia á saída deste Congresso dos Deputados de algumas provincias brasilienses; onde tem apparecido o germen da sublevação, se apressem as Cortes, e o Governo a suffocar esse germen, e a dar livre curso á vontade do partido são, que está comprimido naquellas provincias.
O Sr. Pessanha: - As circunstancias em que Portugal se acha relativamente a algumas províncias do Brazil, apresentão um caso talvez único na historia; a saber, o de uma parte de uma nação que luta pela independência contra a maioria dessa nação, a, qual lhe concedeu o gozo dos direitos que ella mesma desfructa: mas ponhamos agora de parte as reflexões, que excita uma tão desagradavel reccorrencia; vamos ao parecer da Commissão; direi pois que não posso approvalo, porque a Commissão estabelece como criterio do estado de rebellião a instalação das Cortes nessas provincias, que se dizem dissidentes, interpetrando essa instalação como um acto manifesto da vontade geral dessa parte da Nação; mas como poderei eu admittir esse acto como expressão da vontade geral de uma parte da Nação tendo por principio, que a vontade dos povos para se dizer geral, he preciso que seja exprimida nas circunstancias, o pelas formas, que as leis prescrevem, para que se não possa dizer, que um punhado de indivíduos substituem a sua vontade á vontade do maior numero; para que esse punhado de indivíduos não venha dizer-nos, nós o povo queremos, quando o povo tal não quer, doutrina esta que sempre he verdadeira a respeito das partes de uma nação, e só o deixa de ser a respeito do todo, quando a expressão dessa vontade he seguida pelo todo por um movimento unanime, ou pelo menos não contradictado por alguem. De mais para se dizer que um povo, ou parte de um povo exprime a sua vontade geral, he preciso que haja perfeita liberdade: ora para se conhecer se ha liberdade em uma nação, ou provincia, he preciso ver se nessa Nação, ou provincia, mormente depois das grandes mudanças politicas, ha emigração, como está succedendo em algumas partes do Brazil, ou se como em Portugal depois do dia 24 de Agosto de 1820, os individuos ausentes da patria por toda a especie de dissidencia, ou opinião vem procurar o seu seio como o commum abrigo. Eu convenho que seria uma monstruosidade que os rebeldes, estivessem representados no Congresso? mas creio que, para conhecer se os rebeldes tem aqui representantes, ha um melhor critério do que aquelle que apresenta a Commissão. Convidem-se os Senhores Deputados dessas provincias que se dizem entrar em dissidencia, para que emittão francamente a sua opinião sobre os successos occorridos nessas provincias; como já na sessão de ontem propôz o Sr. Xavier Monteiro, cuja indicação eu apoio; e note-se bem que eu peço que sejão convidados esses Senhores Deputados a emittir a sua vontade, porque tendo-se essas provincias pelo acto das suas eleições compromettido na entrada desses Senhores Deputados, a vontade destes he actualmente e unico meio legal de conhecer a vontade desses povos representados; não no sentido que alguém lhe tem dado de que elles vem
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