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dade, e se nos disse que os Brazileiros querião um Reisinho. Quando se tratou, e falou em estabelecer o supremo tribunal de justiça, se disse, que em cada freguezia se queria um supremo tribunal de justiça. E desgraçadamente estas, e outras cousas que se disserão tem mostrado que taes discursos e maneiras não erão razoaveis, e que nem por uma norma geral, e absoluta se podia fazer a felicidade do Reino Unido de Portugal, Brazil, e Algarves; vendo-nos por conseguinte na necessidade, e em aperto de tratar dos negocios do Brazil, O Sr. Guerreiro tem composto uma indicação para se formar uma Commissão, a qual sendo muito justa, com tudo eu a não apoio: não apoio o Sr. Guerreiro, e nem tambem o Sr. Camello Fortes, porque estas a querem muito pequena; porem eu quero que a Commissão seja mui grande. A Commissão depois de formada, tendo concluido os seus trabalhos, ha de apresentar o seu parecer nesta Assembléa, para que nós depois o ouçamos, e discutamos, e então conheceremos os passos falsos que havemos feito. O Sr. Ribeiro de Andrada, diz, que não se podia tratar aqui ha dias de um negocio particular, porque faltavão a maior parte dos Deputados do Brazil! E agora que se trata de um negocio geral e importante, diz que ha sufficiente numero de Deputados do Brazil!! Ora, faltarem Deputados para se resolver um negocio particular, e não faltarem Deputados para se resolver um negocio geral, e um negocio de tão grande interesse!! Não entendo... Por tanto nós vamos tratar do negocio que ha de reger o Brazil, e por isso pede a razão, e a boa ordem que se oução os Deputados de todas as provincias do Brazil, e que este negocio não póde ser discutido, sem que estejão aqui todos elles presentes; e isto he o que eu entendo.

O Sr. Ribeiro de Andrada: - O caso que aponta o illustre Preopinante, não era de urgencia, e por isso se podia fazer esta espera: porem, este negocio que agora se apresenta não he desta natureza; mas sim um negocio, que precisa uma discussão urgente. O Brazil quer ter um centro de Governo entre si; porem a questão deve versar onde deve ser este centro; quero dizer, se nas provincias do sul ou do norte. Por tanto digo, que se deve já dar começo a esta decisão; porque, se não viessem os Deputados que faltão, deixariamos perder o Brazil? E teriamos tranquillas as nossas consciencias? Creio que não; ninguem o dirá. He pois necessario dar começo a este negocio, porque daqui não póde resultar mal nenhum, antes bem. Em quanto á Commissão que se propõe, eu a julgo sufficiente; e por consequencia apoio o Sr. Guerreiro em tudo, e por tudo.

O Sr. Borges Carneiro: - Eu já ha muito tempo exprimi neste lugar parte das minhas idéas a este respeito: ainda hoje tenho as mesmas, e as lerei, de que o Brazil deve ter no seu seio uma autoridade bastante para promover o seu bem, e alliviar os seus males sem dependencia de Portugal, como fiquem salvas, as attribuições do poder legislativo, e as grandes do poder executivo. Não desenvolvo mais por agora esta opinião, o que farei em tempo opportuno. Limito-me a dizer, que nesta parte se tem ido a meu ver um pouco fora do verdadeiro caminho; e que se dermos os mesmos passos que Hespanha, o resultado ha de ser o mesmo. Sustentou-se aqui com grande vehemencia que no Brazil não houvesse quem podesse conceder uma revista, e cousas similhantes. Fálo he para mim cousa extranha e impropria de quem conhece a natureza das cousas humanas. Não approvo tambem que se vá discutindo assim a Constituição, intercallando como aos pedaços certas especialidades para o Brazil. Seria certamente melhor que dessas especialidades se faça um appendice á mesma Constituição, no qual se declara quanto for especial para as provincias Ultramarinas. Era verdade querer em tudo medir o Brazil por aquillo que se resolver para a Europa, he incoherente, e muito errado: e querendo nós ler aquelle longinquo continente na mesma dependencia de Lisboa, em que della estão as provincias europeas, não faremos mais que relaxar os vinculos da união quando os queremos segurar: e apertar a corda, até que estalle. Voltando-se agora para a questão, digo, que he necessario que desde já commecemos a tratar deste grande negocio das relações politicas do Brazil,, sem que hajamos de esperar por todos os Deputados daquelle continente: os do Matto Grosso gastão 5 mezes sómente a chegar á Beira mar, alem do tempo necessario para se elegerem, perpararem, acharem navios. E se (o que Deos não permitta) perigarem no mar? E se uma ou mais provincias, por facções, ou por outros quaesquer motivos os não enviar tão cedo? E os do Moçambique, Goa, e Mação? Nós não precizamos desta espera: os Deputados que estão nesta assemblea são representantes de toda a Nação Portugueza de qualquer provincia que tenhão vindo, e são sufficientes para tratar dos negocios de qualquer provincia. Nem se diga que os Srs. Deputados do Brazil, tem de consultar as vontades e opiniões particulares de cada provincia. Essa doutrina he falsa, e ousarei dizer, tendente á anarquia. Os povos em elegendo os seus representantes tem concluido toda a sua funcção. Nelles se compromettem, e obrigão-se em suas procurações a approvar o que elles com os mais da Nação fizerem na assemblea nacional. Já não se póde dizer que a provincia do Matto Grosso, de Goiazes etc. opina deste ou daquelle modo: os Deputados só hão de opinar como entenderem que he bem, e ao que se vencer por maioria hão de obedecer os povos constituintes conforme os seus juramentos e as suas procurações, as quaes trazem inseria a clausula chamada de rato. Portanto estando aqui já muitos Deputados da Europa, e Ultramar, he sufficiente numero para tratarem o negocio em questão sem que seja necessario esperar por todos os do Brasil, Matto Grosso, Azia, e Africa. Erão necessarios para informação, e acerto: e para estes fins já estão os das provincias principaes, como Rio, Bahia, S. Paulo, Pernambuco, Maranhão, etc. O meu voto he que já se nomêe uma Commissão composta de 10 ou 12 membros, e não mais; sendo estes dentre Deputados europeus, e brasileiros; e que até mesmo, para adiantarem os seus trabalhos, sejão dispensados de assistir ás sessões das Cortes. Sobre o parecer desta Commissão eleve começar a estabelecer-se as grandes ba-