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O Sr. Pires Ferreira: - Diz o Sr. Fernandes que nunca Deputado algum pediu a leitura de um papel que não lhe fosse concedida: não ha muito tempo que vindo officios de Goiana, sobre Luiz do Rego, eu pedi a leitura destes officios, e não se lerão.

O Sr. Ledo: - A Commissão diz que quer ser habilitada para poder esperar mais algum tempo para dar o seu parecer definitivo; he pois este o objecto de, que se trata, sobre se a Commissão ha de sor habilitada, ou não para demorar o seu parecer: se a Commissão não for habilitada, então entra em discussão a representação da junta de S. Paulo; mas se a Commissão for habilitada para isto. então não temos nada que disputar sobre o parecer.

O Sr. Pessanha: - Ontem já versou a discussão sobre esta materia; ontem a Commissão leu um parecer que não era parecer: a discussão deve versar sobre aquelle documento, sobre o qual a Commissão deveria dar o seu parecer; por tanto deve ler-se. Diz-se que isto excitará a indignação do Congresso! Isto he culpa do papel e de quem o fez; não he de ninguem mais.

O Sr. Borges de Barros: - Deve ler-se um papel cuja leitura um Deputado exige; dizem todos que a leitura do papel em questão incendeia, e eu pergunto se um papel que incendeia deve ser lido no momento em que sobre elle se vai deliberar? Se he este o momento proprio para similhante leitura? Se a assembléa deve incendiar-se primeiro, para depois deliberar? Se este passo combina com a madureza e prudencia, com que só e sempre deve obrar uma assembléa legislativo?

O Sr. Gyrão: - Eu já ouvi ler o papel: mas este grande estorço que fazem os honrados Membros da Commissão para que se não leia, faz excitar o desejo de que se leia; pois o Congresso ha de temer o tirar-se da sua serenidade, pela leitura de um papel? Pois nós estamos em tempo de misterios e segredos? De fórma nenhuma. Deixemo-nos disto, leia-se o papel, e depois decida a justiça.

O Sr. Castello Branco: - Um honrado Membro que pugnou pela não leitura do papel, acaba de lançar uma suspeita de parcialidade, sobre uma grande parte dos Membros deste Congresso, quanto ao negar-se a um Deputado a leitura de um papel, sem haver razões para este fim; disse o illustre Deputado que elle tinha pedido a leitura de uns officios, e que se lhe não tinha concedido: admirei-me de ouvir esta asserção, o que não póde deixar de ser senão de absoluto esquecimento de circunstancias. He o mesmo pedir a leitura de officios, e officios longos, que chegão de repente a este soberano Congrego, que alterão a ordem estabelecida para a discussão daquelle dia, he o mesmo pedir a leitura destes papeis, que pedir a leitura de um papel breve, sobre que vai discutir-se, porque elle foi dado para ordem do dia? a differença he que a leitura destes officios seria absolutamente contra a ordem do Congresso, a leitura deste papel he. inteiramente necessaria para a ordem do Congresso; eis-aqui pois a razão de differença, recea-se muito que o Congresso tome um fogo demasiado á leitura desta carta, mas perguntaria eu, como se póde deixar de tomar esse fogo em negocios que tanto nos interessão, que tanto interessão á Nação inteira? Uma vez que nós nutrimos em nosso peito maior da patria, poderemos deixar, para assim dizer, de nos inflamar, quando vemos atacada essa mesma patria, pela qual nós devemos dar a vida pelo contrario, se nós não tomássemos este fogo, seriamos indignos das procurações que nos derão; e muito injustamente occupariamos as cadeiras em que nos sentamos neste augusto recinto. Mas de que natureza he este fogo? por ventura he elle capaz de deslumbrar até ao ponto de perdermos a justiça que nos deve distinguir na sagrada causa em que estamos empenhados? Longe de nós similhante idea, injuriosa a cada um de seus mesmos, injuriosa a este soberano Congresso. Eu diria, se tivesse palavras com que mo explicar, que ella he mais alguma cousa que injuriosa; qual he pois a consequencia que se tiraria destes principios? a consequencia he terrivel, e he que a este soberano Congresso não se poderião trazer negocios de importancia, que quando a patria se achasse em perigo, nós não seriamos capazes he dar com o sangue frio de legisladores, as providencias necessarias para salvar a patria; que não poderiamos legislar, senão sobre bagatellas. Considere pois bem o Congresso estas consequencias que são claramente deduzidas dos principios exporto?: não se tema o fogo, Srs., raio se tema o enthusiasmo, mas um fogo contido nos seus justos limites, um fogo que sem excepção de um unico Membro deste Congresso, todos nós tomamos pela sagrada causa da patria; e cesse absolutamente de temer-se e recear-se que este fogo possa de maneira alguma influir na justiça das nossas opiniões.

O Sr. Pinto da Franco: - Leia-se muito embora a carta. Eu sou membro da Commissão, e não fui de voto ao principio que se lesse, por não querer passar por novas magoas; mas em fim leia-se. Toda a Nação tem direito a que os negocios sejão tratados em publico. São franqueadas as portas, estão cheias as galerias: saibão porem todos que a razão por que alguns destes illustres Membros se tem opposto á leitura da carta, he pela magoa que lhes assiste. As magoas são dores, e todo o homem resiste: a sensações desagradaveis. Eu serei um daquelles que á leitura della porão os olhos em terra, não podendo explicar a magoa que cobre meu coração. Um illustre Deputado quer certificar-se do seu contexto para formar o seu juizo, quer que se leia a carta, pois leia-se. Eu sei que a sua leitura causará uma grande dor; mas será dor que não se converterá em furor. Todos que aqui se senão neste Congresso, tem muito juizo, e muita prudencia. Todos os que formavão a assembléa romana de certo não nos excedião em prudencia, e amor da patria. Venha pois a carta, e leia-e.

O Sr. Bettencourt: - Eu encaro este objecto por outro lado; deve ler-se, a carta a bem dos que a escreverão. Quem a escreveu foi com muita reflexão, e não póde negar-se o que se acha escrito: a leitura faz as rezes da presença dos que a escreverão, e que estão ausentes: pois quero me diz que alguns dos Srs.