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vontade geral, e o producto das vossas sabias meditações, accommodado á illustração do seculo, e cimentado sobre a reciprocidade de interesses, e sentimentos, que tornão a minha causa inseparavel da causa da Nação, eu venho hoje ao seio da Representação nacional acceitar a Constituição, que acabais de fazer, e firmar com o mais solemne juramento a inviolavel promessa de a guardar, e fazer guardar.
"Sim, Representantes da heroica Nação portugueza, a vossa obra magnifica, fructo de tão exclarecidos, como patrioticos esforços, será respeitada, e mantida. Eu o juro pela lealdade, e firmeza que me conheceis. Esta sagrada promessa tão espontanea, como a deliberação que me trouxe do novo mundo ao berço da Monarquia, para cooperar comvosco nesta gloriosa empreza, não póde ter melhor garantia -, do que essa mesma firmeza, com que hei mantido as Bases, que jurei, e se manifesta em todos os actos, que assas caracterizão de sinceras as minhas promessas, e de puras as minhas intenções.
"Eu me felicito, tanto de merecer a confiança, e amor da Nação, como de haver chegado a este dia venturoso, e duas vezes celebre nos fastos da historia portugueza. Ella mostrará á posteridade o exemplo publico, de uma Nação regenerada sem perturbação da tranquillidade publica; e que o primeiro Rei Constitucional dos Portuguezes, sabendo fazer-se digno da confiança dos povos, também soube quanto he doce reinar sobre os seus corações. Tal he, Senhores, a gloria a que aspiro, e taes são os sinceros motivos que me determinão a acceitar, e jurar a Constituição «politica da Monarquia.»
Findo elle, havia sido tal a impressão que fez nos animos dos circunstantes, que rompêrão em energicos vivas a Sua Magestade, ás Cortes, á Constituição, á Dynastia da casa de Bragança.
Então o Sr. Presidente, subindo os degráos do trono, acompanhado de dois Secretarios, apresentar a El Rei o livro dos Santos Evangelhos para sobre elle prestar o juramento na fórma que ia escrito. Sua Magestade, levantando-se, e pegando no papel que levava escrita a forma da acceitação, e juramento, disse: - Quero pronunciar alto para todos me ouvirem: - e pondo a mão direita sobre o livro dos Santos Evangelhos, que o Sr. Presidente tinha aberto em suas mãos, proferiu em voz alta a seguinte acceitacão, e juramento: "Acceito, e juro guardar e fazer guardar a Constituição politica da Monarquia portugueza, que acabão de decretar as Cortes Constituintes da mesma Nação: "e voltando-se para o Congresso, e para os da sua corte, accrescentou - E com o maior prazer o digo.
Entregou depois ao Sr. Presidente por escrito o discurso que havia pronunciado: e voltando este com os dois Secretaraos aos seus lugares, passou o Ministro dos negócios do Reino a escrever em cada um dos autografos originaes da Constituição a acceitação, e juramento, que Sua Magestade havia prestado, e levando-os depois a Sua Magestade, forão por elle assignados na forma seguinte: - João VI, Rei com guarda: - sendo para isso servido pelo seu mordomo mór, e moços fidalgos da sua casa. Entregando ElRei aquelle autografos ao Ministro, leu este em voz alta em cada um delles o seguinte: - "Acceito, e juro guardar, e fazer guardar a Constituição politica da Monarquia portugueza, que acabão de decretar as Cortes Constituintes da mesma Nação." Sala das Cortes em o 1.° de Outubro de 1822. -João VI, Rei com guarda: - depois do que guardou um dos autógrafos, entregando o outro aos Secretaraos das Cortes.
Então o Sr. Previdente pronunciou em voz alta, o seguinte discurso, a que ElRei prestou a maior attenção.
Senhor - "O augusto, e solemne acto, que Vossa Magestade acaba de celebrar, forma um acontecimento talvez novo, e extraordinarao para Portugal , mas revestido de circunstancias por certo novas, e extraordinaraas para todo o mundo civilizado: nós o presencia mós neste dia venturoso; em breve tempo elle encherá de alegria o vasto Império portuguez, de assombro a Europa inteira; e a historia, recolhendo-o sollicita em seus fastos memoraveis, não deixará de o transmittir á mais apartada posteridade.
"Não engrandecerei, Senhor, a publica acceitação, e juramento, que Vossa Magestade acaba de fazer na presença dos Representantes da Nação portugueza, promettendo guardar, e fazer guardar inviolável utente a Constituição politica da Monarquia, que as Cortes Constituintes tem decretado. Similhantes actos, consagrados pela religião, e firmados noa imprescriptiveis direitos dos povos, tão assas conhecidos em muitos paizes da Europa no nosso, e nos passados séculos; porém motivados por mui differentes causas, e precedidos ás vezes de dolorosos acontecimentos, nem sempre encherão de gloria os Monarcas que os praticarão, ou fizer ao parar o curso das revoluções politicas nos diversos estados, dando logo uma paz permanente aos povos.
"Mas, Senhor, as circunstancias extraordinaraas e para assim dizer, prodigiosas, que precederão, e acompanharão o solemne juramento, que Vosso Magestade acaba de prestar, essas direi eu, com afouteza, que não tem exemplo na historia das outras nações; essas dão a Vossa Magestade uma gloria superior á de todos os Monarcas constitucionaes, e firmão desde hoje sobre fundamento inconcusso a felicidade dos Portuguezes.
"Parace que a providencia permitiu, para ser maior o lustre deste dia, que Vossa Magestade estivesse apartado de nós por tão remotos mares, quando os Regeneradores da Pátria levantarão na inclyta cidade do Porto o primeiro grito da liberdade portugueza. A novidade do acontecimento, a maneira equivoca com que elle seria representado, e talvez desfigurado as mudanças politicas que poderia occasionar nada disto perturbou o animo de Vossa Magestade! Certificado pela rapidez dos successos da unanimidade de sentimentos dos Portuguezes, e de que estes juntamente com a liberdade politica, que havião proclamado, querião conservar indissoluveis os vinculos que os prendião á pessoa de Vossa Magestade, e á sua Augusta Dynastia, nada mais pôde retardar o generoso ardor com que Vossa Magestade venceu a
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