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a um amigo da ordem dizelo, havendo perigos melhor mostrará cada um, e eu a minha adhesão pela causa de que estou encarregado, e poderei com mais merecimento desempenhar a confiança que em mim poz a minha provincia, e guardar a sua e minha dignidade como meu dever, que he.

O Sr. Lino Continha: - Para que ha de ir á Commissão? Para fazer um parecer sobre uma cousa tão simples? O melhor he, que se diga a estes honrados membros que tornem para o Congresso, porque isto foi por uma delicadeza. Virão o seu amor proprio offendido, e me parece que o Congresso deve mandar desfazer as supostas bases em que se fundão, e dizer que voltem ao recinto desta sala. Acho que isto assim he melhor do que sujeitar a um parecer da Commissão.

O Sr. Castello Branco: - Só um momento de paixão he que poderia obrigar os honrados Membros a fazerem uma similhante participação. Nós vimos aqui para advogar a causa da Nação, para cortar es abusos, que pezavão á Nação; e vejo que o momento tal he uma crize politica, em que combatem diversos interesses, no entre tanto se houver perigos (que felizmente não os ha) qual será o Deputado que conhecendo a importancia do seu dever não se esforce decididamente a combater esse perigo? Aquelle que o não fizer não merece o conceito que a Nação fez delle. Por tanto aquelle que se exime de similhantes perigos acarreta sobre si uma nota. Os honrados Membros autores da representação, estou muito certo, que se considerassem a sangue frio, não procederião desta maneira; mas já digo que um momento de cega paixão os cegou, e estou certo que logo que elles facão um bocado de reflexão elles hão de vir. Iriamos nós ter na europa inteira por meio dos periodicos que agora se publicão uma macula, a qual até aqui não tem acontecido, antes bem pelo contrario, que até com pasmo tem elogiado o comportamento da Nação portugueza. A Nação portugueza he uma Nação noviça no systema da liberdade, e em quanto as outras a taxavão de ignorante, nós os temos desmentido, nós lhe temos dado a prova de que somos muito mais capazes de desempenhar a causa da liberdade, do que estas mesmas Nações já acostumadas ha roais tempo a esse systema: por tanto não vamos dar a importancia a este negocio que não deve ter, he por isso que eu me opponho a que este negocio vá a uma Commissão. O Congresso póde decidir desde já esta materia muito simples, e estou certo que uma vez que se lhe communique a sua decisão, uma vez que se lhe affiança a sua segurança aos illustres Deputados, porque elles podem saber, que o povo de uma parte póde por um momento alucinar-se, mas o povo he constitucional, elle nas mesmas discussões aprende e aprenderá a saber qual he o modo de defender a causa da liberdade: por tanto elle se emendará, e o Congresso affiançando a liberdade e segurança aos illustres Membros, elles farão uma reflexão, e estou bem certo que tornarão ao Congresso a desempenhar as funcções de que forão encarregados. He o meu voto.

O Sr. Xavier Monteiro: - Dois representantes da Nação pedem licença para não assistir ás discussões deste Congresso, dando por motivo que periga a sua honra e a sua vida. Trata-se de remetter este negocio a uma Commissão para dar o seu parecer. Eu estou persuadido que similhantes representações não devem ser remettidas a Commissão. Os papeis que se mandão ás Com missões são aquelles cujas materias se não podem conhecer e decidir de pronto, porem este caso não he dessa natureza, todos os que aqui estamos presenciamos o facto, logo para que se ha de recorrer a uma Commissão. He verdadeiro o facto que apontão os Srs. Deputados? Não. He o sussurro das galerias, que se allega como uma das causas, novo no Congresso? Não. Por tanto não achando bem fundados os motivos em que os Srs. Deputados firmarão a sua representação, sou de voto que não ha razão sufficiente para lhes ser acceita a escusa. Elles mesmos, perdido esse terror do momento, conhecerão que passárão alem das balizas da prudencia.

O Sr. Annes de Carvalho: - Ha poucos mezes que dois dos mais illustres Deputados de Hespanha forão insultados por malévolos que se achavão nas galarias, que não contentes ainda com isto, sairão para fora, e continuarão a ameaçalos e ultrajalos; e o que he mais ainda, he que até os perseguirão no recinto de suas casas; porem que fizerão estes illustres sustentaculos da liberdade hespanhola? intemidárão-se por ventura, ou representarão ás Cortes, pedindo a sua escuza? Temêrão elles porventura a morte que se lhes promettera, ou fizerão caso de um rancho de malvados, que intentarão eclipsar o brilhantismo da sua virtude, e da sagrada causa da sua patria? Não por certo: no outro dia apresentarão-se nas Cortes, e votarão estes Deputados seguros da protecção de toda a Nação: cumpre observar, que em quanto a elles havião realidades, o que senão dá no nosso caso; porque nada houve do que se allega na representação, podendo afirmar-se que excede a todos os elogios o comportamento do povo desta capital, que tem assistido ás nossas sessões; que ainda nos não deu um motivo de desgosto, por acaso um simples sinal de approvação ou desapprovação, o qual he immediatamente suffocado, e sempre he maior ou menor, conforme a constancia do Deputado a quem se derige... Desta representação podem os mal intencionados tirar daqui que não ha liberdade em Representantes da Nação, e como tal cousa não ha, nem existem as causas que allegão; nada pois temos a decidir, senão dizer-lhes, que de sorte alguma se lhe póde conceder escuza, porque esta tem lugar sómente por uma causa fisica.

O Sr. Moura: - Eu tambem me persuado que não deve este negocio ir á Commissão, porque elle he tão simples, que o Congresso o deve já resolver, dando em resposta aos illustres Deputados, que os motivos que elles allegão não existirão, e foi mera apprehensão de seu preoocupado espirito. Eu o declaro á face de toda a Nação, e de todo o mundo; porque assim se passou na verdade. Por occasião de dar esta resposta, tenho eu a fazer a seguinte reflexão, e he; que não ha exemplo de corpo legislativo algum, que se junte á vista de um povo inteiro, a fazer suas

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