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desmentida de maneira alguma: o que eu lembro pois he, que se ponha esta decisão no Diario do Governo, porque ainda que lhe não he resposta directa, he indirectamente resposta áquillo que alí se diz.

O Sr. Lino Coutinho: - Torno a dizer que o honrado membro o póde mandar fazer: porque pergunto eu, como he que este Congresso ha de mandar officialmente pôr esta decisão no Diario do Governo? O Governo he que manda imprimir as cousas officialmente, mas o Congresso mandar imprimir officialmente não entendo.

O Sr. Ferreira Borges: - Eu tenho dito bastante para ser entendido em meu fim, parece que me não querem entender; por tanto peço a palavra. Sr. Presidente, lendo eu no Diario do Governo uma carta assignada pelo Sr. Deputado Antonio Carlos Ribeiro de Andrade Macedo e Silva, como ella se não dirigia ao Congresso directamente, e em parte tinha a resposta, que o augusto Congresso mandou dar a essoutra carta, pedia que esta resposta se inserisse no mesmo Diario para servir de governo ao mesmo Sr. Deputado. A materia he desagradavel, e eu não desejava falar nella: como porem não posso alcançar este fim indirecto, então sou obrigado pelo lugar que occupo, pelas consequencias, que prevejo, e pelo decoro do mesmo Congresso a denunciar esta carta, e a pedir a attenção do Congresso a este respeito. Esta carta he cheia de falsidades, e deve ser desmentida em todas as suas partes, porque em todas he falsa. Diz ella: he verdade que fui chamado á ordem por um partido dominante no Congresso. Qual he aqui o partido dominante? Que partido ha aqui? Eu não conheço nenhum. O Congresso he elle todo em partido: elle não tem secções algumas, e muito menos partido dominante. Esta falsidade he altamente injuriosa ao Congresso nacional. Continua a carta: he porem falsidade que admira, apparecesse no seu Diario, que nas galarias houvesse só algum rumor que apenas começou, por si mesmo socegou, houve não só rumor mas alarido de commando, e até se vomitarão contra mim insultos, e ameaços, atacando-se a dignidade de minha pessoa, e da minha provincia. Sr. Presidente: eu estava no Congresso: eu presenciei tudo, e tenho bom ouvir. O que se passou em verdade foi, que apenas o Sr. Deputado fez a comparação dos empregados na cone do Rio de Janeiro com os Deputados de Cortes, elle foi chamado á ordem quasi universalmente. Houve sussurro nas galarias; e bastava que as pessoas que alli se achavão falassem umas para as outras mais violentamente para parecer, que se confundião suas voses com as voses do Congresso. Este he o facto, e supponhamos porem, sem conceder que houve alguma cousa directa ao Sr. Deputado: a que vem aqui o falar elle na sua provincial que tem a sua provincia com este acontecimento? Para que mistura elle os factos seus pessoaes com a sua provincia? E não será bem notavel esta estudada confusão? .... Continua a carta: he certo, que o illustre Deputado o Sr. Borges Carneiro com criminosa ingerencia pediu por mim escuda da Commissão dos negocios politicos do Brasil. Este facto tambem não he verdadeiro. A verdade he só a seguinte: o Sr. Deputado Antonio Carlos foi quem pediu esta escuza, e como antes de se lhe acceitar se intromettêrão outros negocios, o Sr. Borges Carneiro lembrou, que era necessario deferir-lhe. Nada mais houve, he adoçado o motivo (continua a carta) porque me declarei, e ainda me declaro não ser mais Deputado da Nação. Era para responder a isto que eu pedia, que no Diario se inserisse a resposta á carta dos outros Srs.; porque se satisfazia a esta parte. Já está dito, que não cabe no poder de cada um de nós o dimittir-se. Não repetirei não foi só pelo rumor (diz elle) mas pelos insultos e ousadia das galerias, e pela falta de liberdade que implicava a minha destituição; pois sem liberdade não se he Deputado. Quem ha que tolhesse a liberdade do Sr. Deputado? Quem he aqui a quem um simples rumor faça medo? Eu me julgaria indigno de assentar-me aqui se podesse sequer estremecer a qualquer que fosse o movimento. Mas eu não devo continuar a falar num objecto que póde involver vangloria. Houvesse o facto eu daria a prova. Todos nós gozamos, e temos gozado de inteira liberdade. A asserção do Sr. Deputado he falsa. He falso (segue elle) que me contentassem as razões do illustre Deputado o Sr. Fernandes Thomaz, as quaes servirão sómente para autorizar e animar os excessos da ingerencia do povo. O Sr. Deputado falta tanto á verdade, que depois que o Sr. Fernandes Thomaz falou, não houve o menor rumor nas galarias. Como he pois que elles se animarão? Isto, e nenhuma outra cousa he a verdade. Se falei depois (continua em fim acarta ) foi por não ver enraizado machiavelicamente o systema colonial no Brazil. Quem he que pertendia até agora similhante cousa neste Congresso? O que se achava em questão era um artigo do projecto de decreto para fixar as relações commerciaes do Reino Unido. E quem apresentou esse projecto? Foi a Commissão especial composta de Europeus, e Brazileiros: no mesmo projecto elles se achão assignados. Como he logo possivel que assignassem pelo supposto systema colonial do Brazil? E que assignassem machiavelicamente? E por ventura quanto se propõe nos projectos tudo se vence? He acaso alguma decisão que prove esse sonhado systema? Todos estes principios adoptados na carta são de uma funesta consequencia; elles irão levar além-mar uma idea não só inexacta, mas falsa do que aqui se passou. He necessario que a verdade appareça: he necessario desmentir tão feias asserções. A materia he mui poderosa, e não deve de sorte alguma ser despresada. Voto por tanto, que ella se mande desmentir autenticamente no mesmo lugar aonde foi inscripta. Se não foi dirigida ao Congresso, foi todavia um Deputado optem a escreveu.

O Sr. Moura: - Este negocio, ainda que me parece de bastante importancia, não se deve tratar hoje: convenho em tudo quanto disse o Sr. Ferreira Borges; as suas observações são justas, e verdadeiras. Mas a conclusão, que elle tira não me parece ajustada, que se mande desmentir aquella carta no Diario do Governo, não me parece conveniente á dignidade do Congresso. Outra deve ser a linha da conducta, que devemos ter neste assumpto. He este negocio de tal transcendencia que deve submetter-se a uma Com-