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são para o examinar attentamente, e para depois se tomar sobre elle uma decisão mais ajustada com os principios constitucionaes. - Convenho perfeitamente, disse o Sr. Ferreira Borges, e eu não terei duvida de fazer a indicação a esse fim.

O Sr. Borges de Barros: - Peço licença ao illustre Membro o Sr. Ferreira Borges para notar-lhe, que me não parece airosa a accusação feita na ausencia do accusado, e que o Deputado muito brioso, não deve ser estranhado por ser mui sensivel, e melindroso, que não são as cartas, e os ditos de um homem, mas o procedimento do Congresso, o que ha de decidir da união ou desunião dos dois reinos.

O Sr. Freire leu a seguinte carta.

SENHOR.

O decoro do reino do Brazil, o da alta dignidade,, de que nos achamos revestidos, nos impõe a dolorosa necessidade de recordar a Vossa Magestade de factos, sobre que desejaramos lançar o mais espeço veo.

Tendo feito pelo bem da grande patria os mais fervorosos votos nos persuadiamos, que seriamos acreditados, e considerados como irmãos não só pelos nossos illustres Companheiros, mas tambem por Lisboa, e reino inteiro de Portugal. Temos comtudo a grande dor de ver, que as nossas esperanças não se enchêrão. Não somos acreditados, quando requeremos contra as guarnições no Brasil, e a favor de outras mudanças, que lhe são necessarias: vemos frustradas nossas opiniões pela maioridade de votos de nossos illustres Companheiros de Portugal, e o que mais he, observamos o povo indignado, imputando-nos todos os acontecimentos contrarios aos seus desejos, quer neste Congresso, quer no Reino do Brazil; seguindo-se daqui a mais evidente falta de liberdade; ataques ás nossas pessoas, e cargos, de que nos achamos revestidos: cartas insultantes: pasquins ameaçadores pela cidade, e portas deste Congresso: atrozes ameaças em publico: ataques em impressos, que aqui mesmo senos tem entregado á face da soberania: um Deputado chamado á ordem sem causa na sessão de 15 do corrente até pelos espectadores das galarias com epitetos atrevidos: mesmo injuriados todos os Deputados do Brazil com o nome de - patifes = entre saridos, e horrivel tumulto nas ditas galarias desta augusta sala. Tudo isto, Senhor, prova a nossa pouca liberdade, e segurança. Que franqueza poderemos ter para tratar os negocios do Reino do Brazil? Em que perigo não se vem seus Deputados, cuja dignidade, e representação se achão tão aviltadas?

He por isso, Senhor, que desejamos, e reverentemente pedimos ser autorizados pelo soberano Congresso a não comparecermos nas sessões, até que socegado o espirito publico, e melhorados os negocios do Brazil; possamos com liberdade, decoro, e segurança, propor, e defender, como devemos, os direitos de nossos constituintes. E para que seja publico nosso leal comportamento, requeremos, que esta nossa representação seja inserida na acta. Lisboa 18 de Abril de 1822. - Cypriano José Barata de Almeida; Francisco Agostinho Gomes.

O Sr. Fernandes Thomaz: - Eu não fazia tenção de falar sobre esta materia; porque um Deputado não póde muitas vezes escapar de deixar de pronunciar alguma cousa menos desagradavel a alguem. Eu não sei como os Srs. Deputados do Brazil, se fizessem cargo de cousas tão pequenas? Ainda ontem eu fui pintado ahi ao pé d'uma força, e a subir pela escada acima. (He verdade que eu não me parecia nada com o que lá estava pintado.) Não ha dia nenhum em que eu não receba cartas em minha casa, ameaçando-me á morte, e outras cousas: mas eu não faço caso de nada disto. Se acaso a união de Portugal com o Brazil estivesse dependente de cousas tão pequenas: então mal de nós! ... Por isso os Srs. Deputados não se devem separar do Congresso; elles devem vir. Se os motivos que allegão os Srs. Deputados, he como dizem, o terem sido chamados á ordem: então todos os outros Srs. Deputados que igualmente tem sido chamados á ordem, e eu sou um delles, terião direito a ir-se embora. Eu não sei a falar a verdade, porque os Srs. Deputados do Brazil, fazem consistir a sua demissão em tão pouco? Por tanto concluo, e digo que os Srs. Deputados devem vir para o Congresso, e arriscar-se, se for preciso, a todos os perigos.

O Sr. Ferrão: - Eu sou Membro da Commissão da policia, e como tal tenho obrigação de tomar conta nas galerias, e ver o que nellas se passa. Por isso digo á face do Congresso, que um dos Srs. Deputados que assignou essa representação, o Sr. Barata, he o que menos tem razão de queixa; pois que tenho notado, que sempre he ouvido pelas galerias com prazer.

O Sr. Guerreiro: - Eu tenho guardado silencio em falar sobre este objecto, por estar persuadido que o menos falar he o mais conveniente: mas agora que apparece esta representação, não posso deixar de falar sobre isto. Queixão-se os illustres Deputados, que não forão acreditados quando requererão contra as guarnições do Brazil. Eu sou Membro da Commissão especial dos negocios do Brazil; pordem não me attrevo a affirmar, nem ninguem se attreverá a affirmar, o juizo que sobre isso se póde fazer, ou interpor, pois que aquelles mesmos que estão no Brazil, e escrevem para Portugal, elles discordão nos meios, e nas cousas: uns pensão que não se póde estar no Brazil sem as tropas européas: e outros pensão que a estada ali das tropas, he um mal para o Brazil. Os illustres Deputados queixão-se deverem as suas opiniões vencidas pela maioria de votos dos Membros de Portugal; a resposta a isto era facilima de dar. Por consequencia esta queixa he de todas a mais injusta, e contra a instituição das assembléas legislativas. Dizem mais = que tem observado que o povo não attende as suas razões, e ouve com indignação os negocios do Brazil. = Já um illustre Preopinante falou sobre isto, e por isso eu nada mais accrescento, e só affirmo, ser esta proposição falsa. Dizem mais = que houve sussurro nas galerias. = Mas he isto attribuivel ao povo? Não. O povo não se engana por vontade; mas por erro. O povo portuguez considerado em massa, não