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tassem; primeira, serem, dependentes; segunda não terem interesse na prosperidade da patria. Nenhum destes principios he verdadeiro; 1.º porque talvez não haja classe mais independente do que a dos jornaleiros, e homens d'officios; 2.° porque se não póde negar que elles tirem vantagem do progresso da agricultura, das artes, e do commercio, e da conservação da publica tranquillidade; logo não poder subsistir a consequencia que de taes principios se queria deduzir. Farei mais uma observação: em muitas aldeãs, apenas ha dois, ou tres proprietarios, e todo o resto são trabalhadores; ora se nós os privássemos de votar ficarião reduzidos a dois ou tres os votos de uma povoação inteira: portanto á vista do que tenho exposto sou de parecer que de maneira nenhuma se deve admittir a indicação proposta.

O Sr. Pamplona: - (Não o ouviu o taquygrafo.)

O Sr. Moura: - Eu tomara só perguntar ao illustre Preopinante o que entende por proletario considerando a natureza dá palavra. Eu creio que vem de proles, que he aquelle que não he mais nada se não concorrer fysicamente para a multiplicação de especie humana.

O Sr. Caldeira: - Devemo-nos lembrar que a maior parte destes jornaleiros são pais de familias; em toda a parte estes homens tiverão alguma propriedade; e eu julgo que não ha uma propriedade que chame tanto o cidadão á patria como são os seus filhos, e a sua familia. Se estes homens forem excluidos, acho que se lhes faz uma grande injustiça; e por isso a indicação não póde passar porque não deixa de excluir os casados quando estes são o que interessão mais nos beneficios da patria. As razões que allegou o Sr. Macedo são muito fortes; os que se allegão em contrario não tem lugar, attendendo ao modo porque se hão de fazer ás eleições. Por tanto são devemos recear estes inconvenientes; pois que estes homens ganhão quanto lhes he bastante para a sua subsistencia; e por isso não devemos suppôr, que, dependão deste, ou daquelle para o nomear. Não posso pois approvar a indicação, ao menos em toda a sua extensão, porque se deve dar uma contemplação com os pais de familias.

O Sr. Soares Franco: - Eu opponho-me igualmente a esta excepção: trata-se de um direito que vai restringir as eleições; e diz-se que os jornaleiros são dependentes, isto he falsissimo. Qual he a independa que se procurei? Foi por um igual pretexto que ha dois annos a camara em França excluiu a maior parte da gente de votar. Daqui resulta que a representação nacional he feita pela decima parte, e por um pequeno numero de homem ricos. Estes homens de que se trata tem realmente uma industria; ainda os officiaes que não tem loja são homens industriosos; logo por este fundamento voto que sejão admittidos; e que só sejão excluidos os que já o estão, que são os vadios.

O Sr. Castello Branco Manoel: - Eu vejo que as excepções á regra geral tem sido tantas, que antes de pouco tempo nem a terça parte da Nação virá a ter parte nas eleições, e se se adopta esta excepção mais de metade não votará; de mais para se adoptar isto era necessario que se declarasse a propriedade que cada um devia ter; depois para votar era necessario provalo, e desta fórma nunca se concluirião as eleições. Por consequencia para não reduzirmos isto ao estado de que talvez a terceira ou quarta parte da Nação não votasse, creio que se não deve continuar na discussão, e que se deve regeitar a indicação.

O Sr. Borges Carneiro: - Eu á vista desta indicação não posso deixar de pasmar, porque cuidava até agora que queriamos fazer uma Constituição liberal, mas por esta indicação vejo que se quer fazer o contrario; pois que se ella se adoptar não hão de vir ás Cortes senão aulicos, fidalgos, toda esta qualidade de gente. Pois nós depois de termos excluido tanta gente, criados de servir, e mentires do vinte e cinco annos, ainda depois de todos estes havemos d'excluir a melhor parte da Nação? Então não fica ninguem que vote senão dos que já disse, que hão de escolher o seu similhante; por exemplo, tiremos em Lisboa todos os jornaleiros, todos os officiaes mecanicos, e vamos a ver quem vota? Vamos a ver no Alemtejo? Na minha provincia da Beira? Tirando-se todos os jornaleiros e officiaes de officios manuaes, haverá collegio eleitoral em que não entrem a votar mais que dez pessoas; e estas serão homens muito ricos, fidalgos, e outros desta natureza, que não votarão senão no seu similhante. Estes em vindo aqui fazem logo por alterar a Constituição, e tornarem tudo ao antigo estado. Parece-me que devamos olhar para o exemplo da França, que logo que admittiu os fidalgos transtornou-se tudo, e tudo mudou de figura; porem a Nação que está com os olhos abertos já lha vai dando o pago. Não adoptemos pois similhante cousa por ser injusta, e contra as classes mais uteis, que são aquellas que trabalhão para comerem os mandriões. Se tal indicação se approvasse, lançariamos fora toda agente industriosa; e isto he contra os principios que nós temos estabelecido.

O Sr. Guerreiro: - Como em uma assemblea deliberante em que tudo he publico seja facil apresentar qualquer questão debaixo de um ponto de vista que lisongeie, ou contrarie o gosto, ou affeição dos expectado rés, daqui vem a difficuldade de sustentar com firmeza doutrinas que tenhão contra si essa popularidade; todavia, como logo que tive a honra de ser elevado pela minha provincia ao mais distincto e glorioso emprego, qual o de ser um dos depositarios da sua confiança, fiz o voto de sacrificar o meu descanço, a minha vida, e a minha reputação para sustentar os interesses de meus constituintes, conforme os dictames da minha consciencia: por isso não duvido sustentar a minha indicação, e respondo aos varios argumentos com que tem sido combatida. Muito agradeço ao illustre Deputado que a apoiou: seja-me porem licito separar-me delle no conceito que faz dos jornaleiros, e mais gentes de trabalho. Elles são uteis, e até mesmo necessarios na sociedade; tem moralidade 4 e são dignos de estima; ha comtudo considerações nascidas da sua mesma condição, que exigem que não sejão admittidos á eleição de Deputados.... Para bem se fazer uma eleição he preciso que os elei-