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Primeiramente bum edificio em que não ha criados, hum edificio em que Hão ha cousas que em pouco tempo o possão destruir, não exije para sua conservação temporaria tantas despezas como parece. Necessitará de limpeza, porque se estroe se senão limpa. Parecia-me pois que estes mesmos Padres que pagão oito mil cruzados para a Sancristia de Mafra, entregassem estes oito mil cruzados aos mesmos Arrabidos, ficando a seu arbitrio deixar Mafra, ou ficar naquelle Convento incumbidos da limpeza que precisa, dando-se-lhes assim mesmo alem disso os soccorros que lhes fossem necessarios, como lenha, etc., que ha na mesma terra, e que assim se preencheria o fim da conservação do edificio, isto he, da limpeza, que he o que precisa por ora. O mais já disse que ha de entrar no Plano geral que se ha de fazer.

O senhor Soares Franco. - Este Projecto tem duas partes essenciaes, A primeira sahirem os Arrabidos de Mafra; a segunda hirem os Conegos Regrantes para aquelle Convento. Quando eu lembrei que se tomasse em consideração estas cousas, lembrei que seria necessario talvez reformar este Convento, porque nisto se poupavão alguns contos de réis. Ora visto que se fez hum edificio tão pomposo, e de tanta grandeza, he preciso que se conserve. A questão he como se conservará. Entrando nesta duvida, lembrou ao, Ministro da Marinha que voltassem os Padres Vicentes para Mafra; mas vejo que se não póde adoptar esperneio. Portanto esta parte do Projecto devia unir-se ao Projecto sobre a reforma que se ha de fazer nas Communidades religiosas. Por outra parte a reforma dos Frades ha de fazer-se necessariamente, e então, he quando corresponderia tratar-se deste negocio. Agora vamos a ver os bens que resultão desta medida relativamente á Fazenda. A Fazenda gasta dez contos de réis com os Padres Arrabidos: dez contos de réis, dando elles tres, ficão reduzidos a sette, e sette contos de réis não he huma cousa tão digna de attenção. Em quanto á conservação do Convento, e do Palacio, póde dizer-se á Regencia que tome as medidas que julgar mais convenientes. Os Arrabidos salvão embora de Mafra, mas em tanto este Projecto seja unido aos outros que haja para a formação de hum Plano geral, e por agora se não faça nada, e se mande para a Commissão Ecclesiastica, para quando se houver de tractar da reforma geral, o que com effeito será preciso fazer-se, esquecia-me fallar do que se faz a respeito da illustração publica, e com effeito não se póde deixar de ter em consideração, que hum Collegio de Educação em Mafra não podia ter lugar. Este Collegio necessitava de fundos, e não podendo dar-se-lhe, fazia mais mal que bem á illustracção publica. Assim torno a dizer, que só a primeira parte do Projecto he a que se deve por agora pôr em execução.

O senhor Moura. - Que huma parte do Projecto tenha lugar, convenho, e convirei sempre, porque tem por objecto a economia do Thesouro, e não ha necessidade de que existão aquelles Frades dentro no Convento; mas que seja huma consequencia necessaria da remoção dos Arrabidos de Mafra o hirem os Vicentes para o dicto Convento não o vejo. E se não ha esta necessidade, como temos de forçar huma Communidade afazer esta mudança? Diz-se que della depende a conservação do Edificio de Mafra: eu não acho que isto seja certo. E por tanto perguntarei, se he impossivel conservar aquelle Palacio e Convento de outro modo que não seja remover estes Conegos? Acho que se não existisse esta Corporação, haveria outro modo, e ha realmente outros de conservar aquelle Palacio. Logo, se este não he o unico modo, como havemos obrigar huma Corporação a mudar, de habitação? Ha muitos outros modos de conservar aquelle Edificio. Pelo que pertence á utilidade de Instrucção publica, penso que a Instrucção publica está mais bem sustentada pelos Conegos Regrantes em Lisboa do que o seria em Mafra; porque aqui as vantagens são conhecidas, e lá são incertas. Em tal caso seria melhor, se he util o tal estabelecimento de Mafra, que o Governo o promovesse sem tirar da Capital estes Padres, onde já dão esta Instrucção, Por conseguinte sou de opinião que os Arrabidos se removão, e que os outros se conservem. (Apoyado.)

O senhor Sarmento, - Tendo visto como eu tenho visto o Monumento de Mafra, não se poderá conceber que se possa nunca conservar sem despesas. Neste caso parecia-me melhor que fossem para lá os Padres Vicentes, pela rasão de que quem conhece historicamente estes Padres, saberá que teem hum regimento de limpeza interna, que não ha em outras Ordens; e por tanto parecia-me que a ninguem se poderia entregar hum Edificio tão interessante como o de Mafra, senão a huma Corporação de tanto gosto e educação como os Vicentes.

O senhor Fernandes Thomaz. - Eu não cria. que esta materia, apesar de ser proposta como objecto de tanto interesse, merecesse tanta discussão! Os Arrabidos devem sahir de Mafra, porque em fim O seu instituto em pedir esmola, e não serem regalados com dinheiro do Thesouro. Sustentallos alli he contribuir para que elles faltem a hum dos seus votos, que he a pobreza practica, que he pedir a mola. Sobre isto o Congresso está conforme, e de certo não adoptará tambem a moção de hum Illustre Preopinante de que se lhes cucai regue varrerem o Convento. Talvez haja a quem entregar os oito coutos de réis com mais prestimo, porque, elles certamente não são os mais limpos. Em quanto ao resto do Projecto esta contradança dos frades não parece muito conveniente. Aqui os Vicentes são de muita utilidade: ao menos em tanto quanto concorrem para o ensino da mocidade. Diz-se que em Mafra produzirião o mesmo bem. Parece-me que não? aqui os seus Discipulos ouvem, o que dizem na Cadeira: lá ouvirião o que se diria na Cadeira, nos, corredores, e nos quartos, e por tanto não creio, que por esta parte seja bom que vão para Mafra. Accrescenta-se que não haverá, outro meio da conservação do Convento senão hirem para alli os Vicentes. Então fica demonstrado que he neeessario. que vão, e fica demonstrado tambem que nunca póde deixar de haver Padres. Vicentes entretanto que, haja Paços de Mafra. Supponho que ha mais Paços que os de Mafra em Portugal, e não estão en-