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dos estudos. Quando, se bem me lembro, D. João III mandou transladar os estudos de Lisboa para Coimbra, manifestou que o fazia para que os estudantes e lentes não tivessem em que entender senão nos estudos, livres do bullicio das cidades em que ha negocios. Veremos estudantes feitos procuradores, e os estudantes
atrahidos pelo bullicio dos negocios forenses. Voto pois por uma relação em Viseu e outra em Mirandella, com os limites que indiquei.
O Sr. Pessanha foi de veto que as duas relações devião ficar uma em Coimbra, e outra em Villa Real.
O Sr. Peixoto: - Ha materias em que as bases approvadas facilitão a discussão; ha, outras em que a facilitão. Estamos no segundo caso. Se ocaso não lembrassemos debaixo do principie de serem cinco relações, facilmente nos soltariamos do embaraço em que actualmente nos achamos: ao ponderar as conveniencias, e as difficuldades que se achão ao marcar a capital de cada uma das relações em combinações com destricto que se lhe ha de uma, talvez que o numero das relações dimimuisse: talvez, talvez que ficasse nas duas actuaes; porque em verdade, se ate agora com ellas se tem passado sem grandes queixas a respeito das distancias pelo que respeita nos recursos: muito melhor seria daqui a diante, pois que as relações não tomarem conhecimento das causas novas, nem parte alguma ao processo; e se julgarem os recursos. Bem se vê que em taes termos as partes não precisão ir aos lugares das relações, a não ser para solicitarem patronagens e empenhos, com que pertendem sua justiça, ou farão torcer a do adversario. Porem ja agora não ha mais remedio do que ir com as cinco relações; e nesse sentido, pelo que pertence a da Beira; no concurso de Coimbra com Vizeu para capital, não posso deixar de dar a Vizeu a preferencia. He necessario não olhar só para a circunferencia das terras em uma dada distancia; deve calcular-se taes defesas terras recebem commodo da relação no feitio em que pretende estabelecer-se; e debaixo desse ponto de vista, se olho para Coimbra, observo que posto que em não grandes distancias haja bastante população, com tudo poucos desses povos deixarão de interessar mais era tratar as suas caixas em Lisboa, e no Porto, no que naquella cidade: nem vejo no seu districto a contendo dos povos possa estender-se alem da Mealhada, Figueira, e Pombal; porque Recardaes, Aveiro, e tudo quanto fica na outra parte da serra do Cantaro quer antes, ir ao Porto; e tudo que he de Leiria para ca quer vir a Lisboa. Ora comparemos Vizeu: ja não he assim, porque ali ira com commodidade toda a província da Beira Alta, menos as terras da vizinhança do Douro, de Lamego para baixo, e todo o litoral; porem todas essas terras vão facilmente ao Porto, por lhes ser mui comado a viagem, ate por terem para ali frequente comunicação. Olhando para a estas circunstancias, que são no orais, ainda serra recorrer ás razões moraes que já tem sido lembradas, sou de opinião que a relação da Beira se estabeleça em Vizeu, separando-se della as povoações que se julgar deverem anexar-se a alguma outra.

Sr. Gyrão: - sr. Presidente, peço a palavra: desejando eu muito defender os interesses de meus constituintes, nunca senti menos do que agora o verme falto de eloquencia, porque tenho somente a dizer verdades, e estas não carecem de ornato, nem de activos: por si mesmas se inculção. Meu breve discurso não será persemeado de flores, será, e talvez mal alinhado; porem filho do boas intenções. A respeito da Beira pouco direi, porque tudo esta dito.
Quando eu vi pela primeira vez o projecto da illustre Commissão, e o local de Villa Real destinado para uma relação, fiquei satisfeito, porque vi as cousas como devião ser; e confesso que nem se quer me passou pela imaginação, que houvesse alguem de opinião contraria nesta parte; maravilhei-me pois, quando na discussão passada ouvi opinar que Lamego devia ser a sede da mesma relação, ficando a minha provincia tratada de resto, como se fosse um penhasco da Noroega! Rebati uma tal opinião, e depois de larga discussão voltou o projecto a duas Commissões reunidas.
Outra vez se apresenta, e os votos destas illustres Commissões coincidente com os meus. Villa Real he outra vez, designada, e vejo o respeitavel nome de meu illustre amigo, o Sr. Miranda, firmando o mesmo projecto; todavia he elle mesmo que combate a sua obra, e que se retracta! Pensei que teria descoberto razões fortissima para uma tal mudança, porque os sabios não mudão senão por estas razões; todavia os argumentos que fez em favor da mudança, são bem fracos, e alguns até contra producentem: não era facil acontecer-lhe isto, se a razão, e a verdade, não estivessem oppostas de frente, pois todos temos largas provas de quanto meu illustre patricio he versado na dialetica.
Mas nós todos o ouvimos dizer, que a sua consciencia o obrigava a declarar, que se a relação da Beira ficasse em Vizeu, a de Tras-os-Montes devia ser em Mirandella. Ora este argumento não tem para mim forma alguma; porque as relações não são planetas, que se sustentem uns aos outros com forças equilibradas. Que duvida tem que uma relação esteja em Vizeu, ou em Coimbra, e que tem isto de ver com Villa Real? Fizerão-se grandes elogios a Mirandella, disse-se que em a mais central, e que os desembargadores ali passarião com mais economia, que ali abundava o combustivel, etc. Ora eu quero abster-me de fazer distincções entre villa, e villa; porque as distincções desagradão, e eu desejo a todas as villas do Reino mil commodos, e mil venturas; com tudo para mostrar um dos argumentos contra producentem direi que não se faz, grande elogio a Mirandella, em dizer que lá abunda o combustivel; porque aonde ha muito, falta a agricultura; bem combustivel ha nos certões do Brazil, e Lisboa he preferivel.
Se eu fosse mordomo dos novos desenbargadores dar-me-ia cuidado isso; porém eu já antes de vir para este Congresso, tinha para mim, que as justiças devem ser estabelecidas para commodo dos povos, e não estes para commodo dellas: o interesse do maior numero he, e será sempre meu norte fixo. Partindo destes principios, digo que o projecto das Commissões reunidas.
TOMO VII Bbbbbb