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que estão plantados. Dê-se pois ao Azeite hum valor proporcionado às despezas da cultura, facilite-se a sua venda, não só prohibindo a importação, mas tirando todos, e quaesquer obstaculos á exportação, e promovendo-a até com premios; e então nós obteremos em Portugal, e muito mais depressa, e com muita mais facilidade a respeito do Azeite, o que os Inglezes obtiverão na Inglaterra a respeito dos Cereaes, e no Cabo da Boa-Esperança a respeito o Vinho; e o que outras muitas Nações tem obtido a respeito dos Generos que se produzem bem no seu clima. Propaguem-se entre os Cultivadores, principios verdadeiros de economia rural, facilitam-se-lhes machinas, e meios de os pôr em pratica; alliviem-se dos pezados encargos com que estão vexados, proporcionem-se os preços dos Generos aos jornaes dos trabalhadores, e mais despezas da cultura, e ao valor dos terrenos que os produzem: E em mui breve veremos reinar a abundancia, a satisfação geral, e a boa ordem; veremos augmentar-se a população, florecerem as Sciencias, as artes, a industria, o commercio; veremos até reformarem-se os costumes, e tudo quanto pode fazer a segurança, a prosperidade, e felicidade da Nação.

O senhor Sarmento.- O Illustre Deputado acaba de expor com a maior exactidão a importancia do objecto de que tratamos, e eu sómente a acrescentarei às sabias, e judiciosas reflexões dos Illustres Preopinantes o que me occorre do conhecimento practico, que tenho de alguns districtos das Provincias do Norte. Já em huma Sessão anterior toquei neste ponto, porque me pareceo assim fazer a bem do interesse, e augmento da riqueza nacional. A medida, que he hoje submetida, para a adopção do Congresso não me parece sómente digna de consideração nas actuaes circunstancias, mas deve tambem ter referencia ao futuro da Nação. Ou eu me engano, ou descubro a mais lisongeira perspectiva, para dilatação do nosso commercio. He sabido que nos terrenos proximos ao Rio Douro de hum, e outro lado, e pertencentes às Comarcas de Trancoso, e Moncorvo existem ainda grandes pedaços por cultivar, onde se podem dispor riquissimas plantações de olivedo. Eu chamo a attenção dos senhores Deputados, que tem informação daquellas localidades, que passem pela sua lembrança os importantes olivaes situados em Labazim, e Val de Villa Nova de Fascôa, e outros pontos, para lastimarem que aquellas importantes ribas do Douro não só não sido trazidas ao gráo de cultura, do qual ellas são susceptiveis, mas continuem sem cultura alguma ao ponto de metter dó o vellas no estado de abandono, e despreso, em que se achão. Eu sei por experiencia as dificuldades, que se encontrão em similhantes plantações, não sendo pequena o costume estabelecido dos pastos communs, a extraordinaria despesa de tapagens, que não só absorvem, mas excedendo as forças dos Lavradores, os fazem desanimar de emprezas, que accumularião em a Nação huma somma de producções, para exportação. A navegação do rio Douro, além de embaraços fisicos tem obstaculos moraes talvez mais consideraveis, nascidos de certos regulamentos, e restricções derivadas do estabelecimento da Companhia dos Vinhos. Dando-se o devido impulso, parece-me que não poderá deixar de nos pertencer grande parte do commercio futuro das Provincias não só da Nova Hespanha como da Terra firme. Sejão quaes forem os regulamentos mercantis, que alli se adoptem, ou ellas se emancipem da metropole, ou continuem na união politica, he impossivel que principios liberaes de commercio não abrão os portos às nações do mundo. Aquellas regiões são habitadas por povos, que tem os mesmos habitos, e costumes que os da Peninsula, e por isso hão de precisar das nossas producções, por maior abundancia, que o seu proprio terreno lhes offereça de generos de primeira necessidade. Passando pelos olhos os pontos da Peninsula para a communicação mercantil com as regiões da America Hespanhola não descubro nenhum tão importante como o Porto, porque pelo Douro podem ser levados os generos, não só de Portugal, como os do interior de Hebpanha. As communicações entre os pontos do Golfo do Mexico, e a Galliza são mais breves do que se imagina, o que não escapou às observações politicas do sabio Barão de Humboldl. Divaguei alguma cousa do objecto da discussão, porém eu creio que offerecendo á sabia consideração deste Augusto Congresso, que tanto se desvella em procurar os interesses da Nação, quanto imporia favorecer não só alavoura em geral, porém com particularidade aquellas producções, que podem augmentar as nossas exportações, demorei-me neste objecto, porque não desejo que se facilite sómente o consumo no Reyno das colheitas do azeite, adianto mais, pertendendo que se dêem decididas providencias agrarias, afim que se augmentarem as plantações de Olivedos, os quaes, depois das Vinhas, eu considero a mais importante producção do nosso paiz. Para se fazerem taes plantações ha mister interessar nellas o Lavrador; não he preciso enriquecello, basta que elle não tenha perdas, porque o campo não offerece outro emprego, nem outro recreio, senão o prazer das plantações, e da cultura; ellas desanimão quando não só não pagão o trabalho, mas causão ruina a quem se mette em taes empresas.

O senhor Baião de Molellos. - Devo responder a algumas reflexões que ouvi; e aclarar algumas que fiz, que talvez poderão por alguma utilidade, porque são fundadas na experiencia, mestra que deve sempre guiar-nos, e muito mais em agricultura.

Disse hum Illustre Deputado que o preço actual do azeite nesta Capital he mui alto, e que devem procurar-se todos os meios para que seja barato. Não devo duvidar do que elle tão positivamente affirma; mas devo tambem affirmar que nas provincias está tão barato, que não corresponde às despezas dos cultivos.

Não sou de opinião que o preço medio que deva regular-nos em todas as nossas deliberações, deva ser calculado só pelos preços correntes de Lisboa. Creio que deverá ser pelo preço medio de todas as Províncias; e as razões em que me fundo são obvias; e além de que, já isto mesmo se decidio a respeito dos cereaes,