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illuminação da Cidade, e Guarda Real da Policia; paga mais por arroba para reaes, e realetes, cofre de Administrarão do Senado, e Intendencia, que he para reparo de calçadas, e limpeza das ruas 96 réis; e paga a Sisa do preço corrente do Açougue, o que tudo somma 170 réis por arroba. Isto em quanto ao gado vaccum, que tem de mais a despesa no Campo de Santa Anna, e a Sisa dos Couros. A' vista de tanta despesa, tributos, e ganho que deve tirar o Marchante, que preço fica para o Criador? Os Porcos pagão em proporção com differença de pouca entidade, se são vendidos vivos ou mortos. Não me posso conformar com a idea avançada pelo Illustre Preopinante, de fazer persuadir que os preços dos generos devem ser hoje os que tinhão em 1785, e que o Povo o deve pagar nessa proporção, sendo os Productores, os Lavradores, Criadores, e Propretarios obrigados a vender hoje os fructos da terra pelo mesmo preço que então os compravão os Consumidores desta Capital; e já que o Illustre Preopinante se faz tão protector do Povo contra a classe productora, porque não diz que os preços dos trabalhos do jornaleiro, dos officiaes mechanicos, e dos materiaes das obras, se reduzão ao mesmo pé em que se achavão em 1785? Então se quizer ser justo, dirá que o trabalhador que ganha hoje 320 deve só ganhar o que ganhava em 1785, 100, ou 120 réis; que huma apanhadeira de Azeitona que ganha 180, 200 réis, deve só ganhar 60 réis; que o Carpinteiro que ganha 600 réis deve só ganhar 240, 300 réis; o Pedreiro o mesmo, o Ferreiro o mesmo; que o Alfayate que leva hoje de feitio 3$000 a 3$600 réis, leve o que então levava 1$200 réis a 1$440; que hum Çapateiro, que leva por humas botinas 6$000 réis a 6$400, leve 3$000 réis, etc. Querer comer o pão baratissimo, a carne, e vinho, e ganhar hum jornal, hum salario grande como se paga presentemente, he huma contradicção, he huma injustiça; he huma illusão, da qual a experiencia está mostrando ser a primeira victima esse mesmo Povo que tanto se quer contemplar, e de cujos interesses reaes se não cuida desta sorte. O mesmo Povo está convencido pela experiencia de que quando os fructos tem preço e consumo, os Proprietarios lhe dão que fazer, e melhor pagão a sua mão de obra; todos os Officiaes mechanicos, Jornaleiros, Mercadores, Merceeiros; todos os Artistas, todos os Industriosos eu tomo para serem testimunhas desta minha proposição; e eu a todos dou como prova desta verdade. E acaso não são elles, e não fazem elles esse Povo em que tanto aqui se falla? Eu não faço menção particular de classes, folio em geral da Nação, da relação intima em que estão todos os individuos que a formão, e do justo equilibrio que deve haver entre a classe productora, e a classe consumidora; da desigualdade e falta deste equilibrio he que tem nascido o estado fatal da miseria publica, que o ricco passou a ser pobre, o pobre passou a ser mendigo, e o Estado a ter a mesma sorte. Nós não temos braços mesmo para a nossa acanhada Agricultura; ha trabalhos que todos se luzem ao mesmo tempo, e que desgraçadamente he preciso fazerem-se em certo prazo; como a sacha da milhos, a ceifa, a vindima, o apanho da azeitona etc. os jornaleiros ajustão-se, põe o preço, e não trabalhão por menos, ao mesmo tempo que os Proprietarios Lavradores não o podem conseguir; daqui vem a mão dobra cara, e como podem ser os generos baratos? Os Funccionarios publicos que vivem de seus ordenados, e os Officiaes Militares que tem os seus soldos, estes são hoje sem duvida os que tirão algum partido momentaneamente da barateza dos fructos; porem podem elles esperar que o Estado tenha rendas para lhe pagar com exactidão não se restabelecendo a Agricultura? Os Proprietarios, e Lavradores não podem liquidar hum rendimento para a sua subsistencia porque são tantos os colonos, e os onus que pesão sobre a propriedade territorial, a carestia do costeamento, a barateza dos fructos, que quasi he nulla tal propriedade. Eu tenho sempre em vista o bem estar do Povo, porem não me illudo com bens apparentes, e passageiros; eu ha muitos annos que advogo a sua causa, tendo-se desgraçadamente realizado os males que prognostiquei, e que se podião ter evitado!.... Torno a dizer, não nos illudamos: eu repito o que diz hum grande Economista, que a fabrica do pão he a fabrica dos Homens. Temos huma superficie de terreno grande, e a população não he proporcionada, he preciso primeiro sermos Agricultores: do augmento da Lavoura he que resulta o augmento da população, e quando tivermos esta, então teremos Commercio, Marinha, Artes, Fabricas, e Industria: querer ter tudo isto sem ser gradualmente, he não querer nada, tiremos todo o partido do nosso fertil terreno, cuidemos em levar a Agricultura ao seu perfeito estado, e então sem serem precisas outras medidas, veremos como o Commercio, e Artes prosperão. Nós somos muito pequenos para nos querermos dividir, e ser grandes em todos os ramos da prosperidade publica: tomemos o exemplo das grandes Nações que são as que deveremos seguir, e veremos que a França será sempre grande pela sua riqueza territorial, que lhe dá origem a todas as outras fontes da felicidade publica, e que he o principal principio da sua grande população, e da sua independencia. A mesma Inglaterra primeiro foi Agricultora que Commerciante, e ainda hoje tem muito em vista a conservação da sua Agricultura, como primeira base da sua felicidade. Se formos Agricultores, seremos Nação, se não formos Agricultores seremos Escravos.

O senhor Vanzeller. - As Provincias não tem pastos bastantes para as criações dos gados, eu não digo que se não imponha direito, mas acho este direito excessivo. No Porto a carne de vacca tem sido arrematada: a Camera arremata até á Paschoa, da Paschoa até ao fim do anno. Estes Arrematantes fizerão as arrematações em boa fé, contando com o gado de Hespanha, que havia entrar. He preciso pois ter alguma contemplação com isto, ou dar-lhe indemnização, ou dar-lhe a arrematação por finda.

O senhor Bastos. - Nós estamos legislando para o estado actual das cousas: presentemente temos pouco gado, carecemos que elle entre de Hespanha: por isso não devemos prohibir-lhe a entrada, ou im-