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conhecimento algum de nossos bons Auctores para dizer o contrario: a expressão não póde ser mais classica.

O senhor Pereira da Sylva. - Eu tambem tenho algum uso dos nossos Classicos, ainda que não será tanto como o que tem o illustre Preopinante, mas não acho que as expressões do Ministro sejão tão claras que não possão admittir a mais pequena duvida: a prova de que o não são he a grande discussão ir que ellas tem dado origem. Ninguem póde duvidar que comprar a peso d'ouro quer dizer adquirir com grande sacrificio, ou de dinheiro ou de outra qualquer natureza; mas esta expressão tanto póde ser applicada aos grandes sacrificios que se suppõe deverem ser feitos pelo Thesouro Publico, como aos que poderia ter feito o Contractante para a acquisição d'hum contracto que o Ministro pertende que tão vantajoso lhe he. Basta pois que esta ultima intelligencia possa ter lugar, para que os Membros da Commissão das Artes tenhão direito porá exigir hua explicação authentica das palavras do Ministro da Fazenda. Eu estou perfeitamente convencido de que nelle não houve a mais pequena tenção de injuriar os Membros da Commissão. Pensar o contrario seria, ao meu ver, hum absurdo manifesto. Sei tambem que a nenhum dos Membros deste Congresso poderia vir á lembrança de que tivesse havido a mais leve sombra de venalidade nos Membros da Commissão das Artes, que aliás se achão livros de toda a responsabilidade depois da approvação do seu parecer pelo Augusto Congresso. Porem o conhecimento desta questão não, fica só neste recinto; vai correr Lisboa toda; vai estender-se ao Reino inteiro; vai talvez sahir mesmo para muito longe delle, e se estas palavras, derão origem a tão disparatadas interpretações, aqui mesmo entre nós, que não succederá a grandes distancias, onde não sendo conhecidos os Membros da Commissão, se vir o Secretario da Regencia officiar ao Congresso que o contracto indicado pela Commissão das Artes he, notavelmente lesivo para a Fazenda, e que foi comprado a peso d'ouro? He por tanto de absoluta necessidade que o Ministro venha dar a explicação destas palavras: eu como Membro da Commissão das Artes, não desistirei por caso algum desta pertenção.

O senhor Travassos: - Eu não pertendo fazer enterpretação nenhuma, porem venha aqui o Ministro e diga claramente qual foi a sua intenção (Apoyado).

O senhor Alves do Rio. Como a supposta injuria, he por escripto, tambem deve ser por escripto a satisfação que elle dê: por consequencia deve-se-lhe manifestar por escripto que do mesmo modo faça a expplicação das suas palavras (Apoyado).

O senhor Miranda oppoz-se dizendo, que devia dar huma satisfação vocal.

O senhor Sobral apoyou os senhores da Commissão ponderando quanto era preciso fallar mui claro, e quanto o sensibilizava no fim de tantos annos de serviço, poder ser reputado capaz de suborno.

O senhor Moura. - Eu acho que as palavras em questão não offendem este Congresso, nem aos senhores da Commissão. Naquellas palavras ha duas considerações a fazer, huma sobre o material delias, outra sobre a intenção com que forão proferidas. Se considerarmos o material das palavras, não ha duvida, e julgo que todos confessarão, como eu, que ha nellas alguma cousa de ridiculo; mas em quanto á intenção com que forão flictas, certamente he livre de todo o dolo. Perscindindo das boas qualidades do Ministro, era preciso suppor que estivesse totalmente alienado, para que dissesse expressões, que erão tão directamente offensivas do Congresso, e dos senhores da Commissão; e que estando na sua entegridade mental, as dissesse quando não tivesse fechadas na mão provas certas do contrario. Entre tanto acho, e sou de opinião que senão deve negar aos senhores da Commissão, e a todos os Membros do Congresso, ouvir do Ministro huma publica e franca Confissão, que mostre que não foi sua intenção manchar a opinião do Congresso, nem dos dictos senhores, e que as taes palavras só fazião referencia aos sacrificios pecuniarios i]ue custava á Nação este contracto. Fazendo isto o Ministro, deve ficar satisfeito o Congresso, e os Membros da Comissão, e ternos combinado o decoro da Assemblea, com o dever do Ministro. Tudo o que for pelo contrario he suscitar discussões e paixões, he dar ao negocio hum peso que talvez não tenha; o que se deve evitar, e fazer somente, a meu ver, o que deixo proposto. (Apoyado, apoyado.)

O senhor Pinheiro de Azevedo, disse que era impossivel suppor taes intenções no Ministro.

O senhor Soares Franco. - He impossivel: mas quer-se huma explicação.

O senhor Vanzeller. - A satisfação he necessaria: a opinião he a joya mais estimavel que tem o homem, e a mais facil de perder o seu brilho. Casta que se possa entender por qualquer palavra huma cousa contra a opinião, para que já seja hum verdadeiro ataque.

O senhor Xavier Monteiro. - Para concluir com este negocio, e reduzillo ao mais simples ponto de vista, parece-me que deve ser chamado o Ministro, e logo que chegue ser-lhe declarado que no seu Officio apparecem as palavras - comprada a peso de ouro - e que pertende saber o Congresso, comprada a quem, e por quem. (Apoyado, apoyado).

O senhor Moura, e até não se deve continuar a discussão, porque ella promove a irritação, e a escandecencia, e nós não devemos discutir senão com decoro e tranquillidade. O Norte do Legislador he a rasão, e a rasão offusca-se no meio de discussões tumultuarias. (Apoyado, apoyado).

O senhor Luiz Monteiro. - Alem disto recommende-se ao Ministro da Fazenda que tenha para o futuro o maior cuidado em não usar a menor palavra de que se possa inferir a mais minima nodoa na reputação do Congresso.

O senhor Vanzeller. - Ha outra consideração para o futuro, e he: se huma carta escripta ao senhor Presidente he o modo por que elle se deve dirigir a este Congresso?

O senhor Miranda. - E o objecto da carta, não he justo ter-se em consideração? O Congresso approvou as bases com que se fez o contracto, não era de-