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for, he de rigorosa obrigação do Deputado, desaggravar esta justiça offendida, porque nenhum vinculo póde prender este Congresso com o Governo, nem o Goveino com a Nação, como a justiça. A justiça está no coração do homem, Deus ahi a poz com o seu dedo. Onde não houver contemplações particulares, respeito de pessoas, coisas solapadas; onde não houver isto, então ahi haverá a justiça. A justiça rezidindo no meio do Congresso, fará que os seus membros estarão unidos com o Governo, o Governo com a Nação, e Portugal Unido com todas as Nações da Europa; e a causa da liberdade será tão famosa, como foi em o senado de Roma, o tempo em que Catão e Bruto defendêrão a justiça. Roma se fez famosa, e tudo prosperava; mas depois que entrárão aterem vistas particulares, respeitos humanos, tudo se transtornou. O mesmo acontecerá a Portugal, e ao systema constitucional, se em Portugal houver o espirito da justiça, tudo irá bem; mas uma vez que hajão contemplações particulares, respeitos humanos, Portugal não poderá ser feliz. Applicando agora ao caso particular, os principios de justiça devem ter seu assento dentro do Congresso, se se supportarem coizas que não sejão justas, se houver contemplações de pessoas, não haverá justiça. Devendo esta pois florescer no seio do Congresso, eu a não vejo no caso particular: eu estou persuadido que a administração do Diario das Cortes, e o numero dos seus empregados, e cujos ordenados as Cortes não sabem, e cujas despezas eu vi, não forão sanccionados pelas Cortes. Desde então, que vi, desde que sube (haverá 8 dias) a multidão de ordenados, e quanto elles são excessivos, (falo dos que estão no livro do senhor Thesoureiro, porque o mais não está lá) não me parecerão bem, e me parecerão injustos por não serem sanccionados pelas Cortes, e não sei que membro do Congresso vendo isto, o não pertendesse emendar. Que quer dizer haver huma tribunaes, de que se está pagando 160$000 réis? Um redactor que corta falas com quatro mil cruzados, um ordenado quasi de governador do Reino! Não he injusto que um homem por sua perguiça esteja gozando tamanho ordenado? Eu não me proponho (ainda que estou persuadido que he injusto) ao que diz o illustre Preopinante, mas sim digo, que he injustissimo similhante ordenado na parte que não tem sido sanccionada por este Congresso. Se este Congresso depois de examinar estes monstruosos ordenados, disser estão bons, conformo-me pela obediencia, que devo ao Congresso; mas em quanto o Congresso não sancciona, poderá dizer o illustre Preopinante que sou sedicioso? Tudo quanto está feito he injustissimo, não só por não ser sabido por este Congresso, mas tambem atrevo-me a dizelo, porque inteiramente se vem respeitos de pessoas particulares. Que quer dizer a um homem preguiçoso, que deixa escrever palavras que nada dizem, grammaticas todas erradas, e que está cortando falas, esteja vencendo quatro mil cruzados! Póde dizer-se que uma tribunaes com o administrador, com Ajudante?, ha de estar gaitando tanto dinheiro. Eu tenho falado com os officiaes da contadoria, e Imprensa Nacional, tenho-lhe proposto o projecto da venda do Diario pelo modo que annunciei na minha moção, pergunto-lhe haverá inconveniente nisto? Nenhum. Em fim ordenados que montão a cinco contos de réis, he tudo injusto, tudo filho de contemplações. Quanto a outro ponto de vista; a minha fala do dia 11 de Março sobre o Reitor da universidade, onde está ella? Uma Sessão inteira relativa toda ao Bispo Reitor da universidade, que he o que lhe fez o redactor? Pois o tachigrafo escreveu a Sessão toda: dois senhores Deputados, se for necessario eu os nomearei, me disserão que a tinhão visto toda já pronta para ir para casa do redactor. Quem foi que cortou as falas do senhor Manoel Antonio de Carvalho sobre um parecer de uma Commissão relativa a um requerimento da irmandade do Corpo Santo de Setubal? Foi o tachigrafo? Não: porque o mesmo senhor Deputado a vio na mão do tachigrafo, e até ahi verificou a palavra cerqueiras. Quem foi que cortou estas falas de que se queixa o senhor Castello Branco; forão os tachigrafos? Certamente não: e então hade-se estar a dar a um homem, que corta falas, quatro mil cruzados? a hum homem preguiçoso que não faz absolutamente nada, que põem na banca dos Deputados coizas indignas? Eu por mim, como vejo que se cortão falas, tomo o partido do senhor Castello Branco vou para um canto da Salla, não falo, estou calado, e depois dou o meu voto, isto he o melhor partido. Digo pois que este Congresso tomando em todas as suas decisões por base a justiça, deve tomar em consideração as minhas observações. Digo que são injustos similhantes ordenados porque não forão sanccionados pelo Congresso, e porque em si mesmo são injustos: e isto não merece que eu seja maltratado pelo senhor Maldonado que pronunciou o meu nome 62 vezes, e eu pronuncio uma só: nem se diga que a tribuneca está approvada por este Congresso, porque quando eu aqui falei nisto em outra occasião o senhor Maldonado se commoveu tanto, que pediu em alta voz a sua demissão, e as Cortes com a sua prudencia para evitar a discussão, que ia sendo mui viva entregarão este objecto á Commissão, e tudo ficou no mesmo estado; e por isso insisto nos meus principios.

O senhor Presidente: - Eu presumo que o Congresso não deve deixar continuar esta discussão, logo que eu proponha, que este negocio se encarregue a uma Commissão de cinco membros, para que apresente ao conhecimento do Congresso tudo o que ha a reformar sobre este objecto.

Decidiu-se, que se nomeasse uma Commissão especial para tomar conhecimento de tudo, quanto he relativo a este negocio, e informar o Congresso em dia competente; e por esta occasião se recommendou, que se observe o que por tantas vezes se tem decidido, e se acha determinado no regulamento interior das Cortes, e vem a ser, que no progresso da discussão se não fale, ou faça jámais allusão a Deputado algum em particular.

Nomeou o senhor Presidente para a referida Commissão os senhores Deputados Rodrigo Ferreira, Travassos, Alves do Rio, Braamcamp, e Pereira do Carmo.

O senhor Maldonado: - O senhor Borges Carnei-

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