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he a favor de um homem, que para tal cousa he o mais proprio. Um homem de quem sabemos, que longe de corrigir os abusos, poz pedra em sima de todas as reclamações, que se lhe fizerão contra alguns Ministros, e nada fazia, senão, quando sabia que o astro da lusitanea expunha, os factos ao publico, ou quando algum Deputado se queixava delles justamente a este Congresso. Por isso mesmo que seu atento era estar macomonado com os Desembargadoras seus collegas. Quando se lhe obrigou a dar informações, as deo falças como na causa de Falé, (foi chamado á ordem).

O senhor Fernandes Thomaz: - Póde falar o Deputado.

O senhor Castello Branco: - A ordem he, se ha motivo, ou não para chamar á ordem o Deputado. Esta he a ordem.

O Senhor Maldonado: - Senhor Presidente, peço a palavra.

O senhor Borges Carneiro: - A ordem he que está tudo em tal desordem, que, me parece que se não vem uma colonia de Argelinos, não teremos justiça em Portugal.

O senhor Presidente: - Aqui não se trata senão, se póde, ou não um Conselheiro de Estado ser Ministro.

O senhor Borges Carneiro: - A questão he, sei um Conselheiro de Estado póde ser Ministro: sim senhor; mas sabe-se onde isto vai dar: sabe-se que he a favor dum homem a quem eu fiz arguições bem fundadas e que se eu quizer as tornarei a fazer num periodico publico. He necessario fechar a porta a similhante seducção; eu disse que um Conselheiro de Estado não podia sobir para Ministro; mas quando podesse ser, não podia selo aquelle homem, porque perdeu a confiança publica. He preciso abandonar todas estas condescendencias, pois todas ellas são contra os pobres cidadãos; de tal sorte, que eu pela minha parte estou persuadido, que em quanto uma colonia de Argelinos, não vier a Portugal, não teremos, justiça.

O senhor Maldonado: - Senhor Presidente, eu tinha chamado á ordem o illustre Preopinante porque na ultima Sessão em que se lerão os pareceres das Commissões, tratou-se da sua accusação contra o Ministro, e decidiu o Congresso, que o Ministro estava innocente: por tanto sem factos novos a arguição que agora se faz, já não he só contra o Ministro, he tambem contra o Congresso, e he por isso que chamei á ordem.

O senhor Castello Branco: - Desgraçadamente, ElRei tem sido sempre illudido, sempre enganado por aquelles que o cercão; daqui vem a nossa desgraça, e a da Nação inteira, S. Magestade felizmente conheceu o erro, e os enganos com que era illudido, e conveio de boa vontade em separar de si lodos aquelles que até ali o tinhão enganado; mas por desgraça da Nação eu vejo que o mal não acabou, ainda, e que he preciso que este Congresso tenha os olhos abertos sobre essa materia. Muitas vezes se vê, com lastima, que aquelles em que a Nação tem posto mais a sua confiança, são aquelles que depois alucinados pelo esplendor do Throno, se desvião de seus principios legitimos, e vem a ser o contrario do que tem sido. Eu vejo que nesta pergunta do Ministro da Fazenda ha, uma entregas, que se dirige a certos fins prejudiciaes á Nação: entre tanto não me intrometto a falar sobre essa materia, quando tiver provas com toda a evidencia; não terei, duvida em me constituir seu accusador neste Congresso; mas em quanto á minha convicção intima estou persuadido do que acabo de dizer. Torno á questão: a collocação dos individuos naquelles empregos em, que se reputão habeis, e merecem a escolha da Nação, he o ponto de que depende a marcha segura do systema Constitucional. A Nação póde ter confiança num individuo para Conselheiro d'Estado, e pede não tela para outro qualquer lugar. Por consequencia, se for licito ao Governo deslocar esses individuos, tudo se transtornaria, o systema Constitucional não poderia marchar para diante. Esta he a base de que eu deduzo um systema evidente, que uma vez, que se tem proposto um individuo, para Conselheiro d'Estado por julgar-se util para isso, e uma vez que ElRei o tem escolhido, não he deve ser mais licito desvialo do lugar para que a Nação o tem proposto. Se acaso for licito a ElRei ter esta attribuiçao, se lhe for licito deslocar os individuos dos lugares em que á Nação os tem posto tudo se transtornaria immediatamente. Elle trocaria os postos destes mesmos individuos, e poderia pôr em, alguns lugares aquelles, que não fossem habeis para elles. Por consequencia o Governo teria faculdade de intorpecer a marcha do systema Constitucional, e nisto devemos ter os olhos abertos, e não devemos convir de maneira nenhuma. Depois para que votámos, nós pelo Conselho d'Estado? Não foi para contrabalançar, o Poder Executivo? Não he por isso necessario, que se ache em inteira independencia do dito Poder Executivo? E se acaso fosse dado ao Rei conceder aos Conselheiros d'Estado lugares, de mais consideração, e de mais interesses, como eu julgo os de Secretarios de despacho, não seria fazer dependentes de si aos Conselheiros, e inutilizar o fim paia que o Congresso o instituto? Taes são os principios em que me fundo para censurar o Ministro da Fazenda, e dizer que deve ser um homem mais Constitucional; e taes são os principios em que me fundo para levar-lhe muito a mal a pergunta que faz ao Congresso. Por tanto reprovo absolutamente que seja licito ao Governo o poder fazer um Ministro de um Conselheiro d'Estado. (Apoiado, apoiado).

O senhor Ferreira Borges: - O illustre Preopinante tocou a especie que eu queria tocar, e he a verdadeira. Quando se tratava de nomear um Conselho de Estado, eu votei a seu favor, e votei que a proposta fosse feita por este Congresso, e escolha de ElRei, para que uma, vez nomeados os seus membros pelo Congresso, e escolhidos por ElRei, não fossem dependentes, nem do corpo legislativo, nem do Poder executivo, e tivesse inteira liberdade sem attender, nem a ElRei, nem ao Congresso; mas uma vez que agora se resolvesse a questão, que dentre elles podesse ElRei escolher algum para alguma cousa, seguir-se-is ficavão as suas mãos ligadas, e perdião