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cional, e de grande transcendencia que a ElRei deve ser livre a escolha dos seus Ministros; mas he outro principio de não menor transcendencia que tambem ElRei deve saber qual he a opinião do Congresso sobre o seu Ministerio. He preciso que este Congresso diga e explique o que souber a este respeito, a fim de que ElRei seja informado por um órgão seguro, qual he o da representação nacional, sobre qual he o sentimento da opinião publica a respeito dos individuos que formão o ministerio todo. Nós não temos Ministerio, eis a primeira verdade, todos os ministros estão desunidos uns dos outros, ninguem entra nos verdadeiros interesses do systema constitucional, e todos elles parece que ate ignorão o que he ser ministro em governos constitucionaes. Vamos por tanto fallar com franqueza nesta materia. O que he por tanto ser ministro era taes governos? O ministro deve apresentar-se a ElRei, e dizer-lhe a sua opinião; dizer-lhe que o Ministerio deve ser composto deste, ou daquelle modo; que os ministros devem ser fulano, e fulano, e que se assim não for elle não póde servir utilmente a Sua Magestade, porque mal póde o Rei acordar sobre qual conselho ha de seguir, uma vez que não ha harmonia no seu conselho. Em um governo constitucional os ministros devem trabalhar com ElRei; mas a mim não me consta ainda que este ministerio se juntasse uma só vez, que formasse um conselho ministerial, que aconselha-se a ElRei. O Ministerio não se une: he necessario que elle seja composto de homens capazes, que fação caminhar a causa da liberdade, e que dem solidez ao governo, que a Nação escolheu. Não se deve constranger a ElRei para que elle escolha fulano, e fulano; mas he necessario que elle tenha uma verdadeira idea do que se julga cá por fora do seu actual ministerio, e do que devem ser os ministros que elle ha de escolher: aliàs tudo he desordem, tudo he discordia, e nós o que queremos he ordem, he concordia, e harmonia.

O Sr. Soares Franco: - Não he possivel que o Ministerio trabalhe separadamente. A causa publica he uma só, he necessario que haja união, e desta união de governo com o corpo legislativo he que depende a felicidade da pátria. Voltando ao ponto em questão, he necessario que nas Cortes se delibere sobre o modo, porque devem ser contados nas três repartições de marinha, militar, e civil, os differentes empregados que vierão do Brasil. He necessario que o Congresso determine o destino que se lhes deve dar; e que se lhes pague conforme parecer justo. Para isto são necessárias as informações; vierão muitos militares, mas não pertencem a Portugal, he necessario talvez que se trate com o Rio de Janeiro para se lhes pagar. Em fim isto merece muita consideração.

O Sr. Borges Carneiro: - Sobre o objecto donde aberrou o discurso, direi que vi uma carta de Hespanha que diz; Vós os Portuguezes estais bem, porque D. João 6.° procede de boa fé, está de acordo com as Cortes, quer o bem geral da Nação: entretanto o Ministério tem estado gangrenado, não ha união, e esta he muito necessária. Isto he o que nos dizem os Hespanhoes. Para não adiantarmos a discusão. Imito-me a dizer por agora, que vistas as boas disposições em que está Sua Magestade abem da causa constitucional se lhe digão, e se lhe representem as grandes conveniências de trasladar para Ajuda a sua residencia. Os ministros perdem muito tempo em irem a Queluz; as partes tem tambem grandes inconvenientes; por isso, visto que ElRei; está em tão boas disposições, represente-se-lhe a commodidade e bens que resultarão á Nação em elle se mudar para o palacio d'Ajuda.

O Sr. Miranda: - Trata-se do interesse geral da Nação. He necessario que attendamos ao estado do Ministério. Das Cortes tem saído projectos a favor da Nação; mas se se olha para o Ministério, o que se vê? Nenhum dos ministros dá uma conta. Se olhamos para o ministro da guerra vemos que o exercito está como estava; sem haver um plano, sem as reformas que são necessárias. Cumpre pois attendermos bem a isto; mas que ha de ser, senos vemos que um dos ministros de Estado reassumiu a si tantos lugares, que ainda que tivesse os talentos do Marquez de Pombal não poderia dar conta de tudo que lhe está encarregado! Que ha de ser se vemos outros que não podem trabalhar pela sua idade, e outros pela sua ineptidão! Se se olha para a marinha, não sabemos o estado delia; na fazenda tudo he hum cáhos, que se não póde desembrulhar; não vejo senão sommas geraes, grandes columnas de algarismos, porem nada de individuações. He preciso que o Congresso fixe a sua attenção sobre o Ministério, e que empregue os meios iodos para que o Governo remova os incapazes, e nomeie homens hábeis, e de boa fé, que obrem de commum acordo, e só tenhão em vista a utilidade, o bem da patria, e nada mais.

O Sr. Castello Branco: - Outro he o remedio, e mais efficaz que se necessita. Centos e centos de indivíduos reclamão a justiça, e clamão que ella seja prontamente declarada por este Soberano Congresso. Todos os empregados que vierão do Rio de Janeiro, e cujos ordenados não tem assentamente neste Reino, estão certamente expostos á maior miseria que se póde imaginar. Nós devemos rejeitar o systema do ministerio do Rio de Janeiro, systema barbaro e horrivel; pois que todas as vezes que um Portuguez se apresentava na corte do Rio de Janeiro, ai legando os seus serviços, e muitas vezes serviços os mais relevantes que havia feito em Portugal, se lhe respondia, que se tinha serviços que allegar feitos no Brazil, esses serião attendidos, mas que os feitos em Portugal tinhão sido unicamente para se libertarem do jugo do inimigo, e que por consequencia nenhuma consideração merecião ali. He patente a marcha detestável do ministerio em quanto ElRei esteve no Rio de Janeiro: nós devemos seguir uma marcha inteiramente opposta; os que servirão no Rio de Janeiro, servirão em Portugal; elles são Portuguezes, e por isso devem gozar do mesmo beneficio. He certo que as tristes circunstancias em que nos achamos, não permittem absolutamente que elles sejão contemplados da mesma fórma porque lá erão; talvez seja preciso reduzilos a meio soldo, ou a meio ordenado. A respeito dos empregados civis, talvez seja preciso tomar outra resolução; mas seja qualquer que for esta