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dens naquella malfadada provincia. Agora felizmente occorre-me uma reflexão, que me parece de todo o pezo. Votou-se na remoção do batalhão do Algarve, á muito que se expedirão as ordens, já lá estarão, e estou convencido que os membros da Junta installada hão de ter fretado embarcações até com o seu proprio dinheiro para o regressar; eu se lá estivera até empenharia o meu patrimonio para velo de lá fora, não tardarão para aqui, excepto, se desvairados como até agora não quizerem obedecer as ordens do Governo. Pergunto eu, o soberano Congresso, votando na remoção do dito batalhão, não previu que ficava aquella provincia sem tropa de Portugal, que se julga tão necessaria? E se tivesse de succeder alguma desordem já não terá succedido? Que não ha de succeder, porque conheço o caracter dos meus patricios. Não obste, o terem apparecido assignaturas de alguns negociantes desta praça de Lisboa pedindo substituição de tropa, e que quando não retiravão os seus fundos. Eu tirei a lista destes negociantes, examinei de pessoas fidedignas quaes erão os seus fundos, e asseverárão-me, que a maior parte nada possue em Pernambuco, e que pelo contrario os que mais possuem naquella provincia como Manoel Ribeiro da Silva, e outros não assignárão. Só o espirito de intriga he que eu descubro em similhantes assignaturas.
O Sr. Silva Corrêa: - Não se trata presentemente do procedimento de Luis do Rego, nem de raciocinios vagos, sobre este objecto. Trata-se da questão principal que se deu para ordem do dia, e vem a ser se deve ir tropa para Pernambuco. Eu direi que nenhuma duvida póde haver de que deve ir tropa, se acaso queremos conservar as provincias do Brazil, e deixando raciocinios vagos limitar-me-hei ao estado actual da provincia, que he o que presentemente decide, e segundo este, parece que as tropas devem ir. He necessario que eu fale com franqueza. Eu considero dois partidos; um de homens probos, homens de honra, e que não querem revolução, antes adherem a este systema de boa vontade, já ligados uns pelos vinculos do sangue, já pelo commercio. Estes homens que intendem dos seus interesses (falo assim porque os Brazileiros deixados a si proprios, serião victimas da guerra civil, e serião presa da primeira potencia Europea que fizer lá desembarque, e sentirão quão pesado he o jugo de um conquistador) esses homens que adherem a nós, considerão que unidos a Portugal serão uma Nação livre e respeitavel, e deixados a si, serão presa do primeiro conquistador. Ha outro partido, que he de homens maos, que não tem que perder, e querem prevalecer-se destes acontecimentos para melhorarem de fortuna, e estes proclamão as vozes da independencia, e da liberdade. He facil dever, quaes as consequencias que se hão de deduzir, deixadas estas provincias entregues a si mesmas, tirando lhe a tropa. As consequencias são bem faceis. A guerra civil, a desordem, se derramara em todas as provincias, e os bons cidadãos serão suplantados por esta facção de rebeldes. Nestes termos nós perderemos as provincias do Brazil. Em consequencia devem ir tropas, não umas tropas oppressoras que protejão o despotismo, mas tropas constitucionaes, que vão apoiar o Governo, a opinião dos bons, e reprimir as facções contrarias. Deve-se por tanto dizer ao Commandante destas tropas, que as contenha nos seus limites, que não fação oppressões, que sejão as que apoiem a voz do Governo. O Não irem tropas, eu o considero perigoso. Eu sei que partidos oppostos trabalhão, não isoladamente, mas de commum accordo e em união, e tanto assim que os tiros de Luis do Rego forão sabidos no Brazil ainda antes de se dispararem contra elle; o que prova que os partidos contrarios trabalhão unidos. Assim nestes termos acho, que devem temer-se, e deixemos agora essa generosidade de que se fala, limitemo-nos as consequencias que se pódem seguir. Os homens maos não he pela generosidade que se conduzem, elles desejão isto para levarem ao fim as suas intenções. Asustarem-se os espiritos com a ida das tropas para o Brasil, acho pouco fundamento para isto, senão recorramos ao que tem acontecido em Portugal com estas tropas. A voz constitucional soou por todo o Portugal, mas senão fossem as tropas poderia elle ir tão vantajosamente ao seu fim, e com tanta facilidade como foi? Eu convido aos illustres Varões regeneradores a que digão se as tropas não forão o forte apoio, não para oppressão, mas para reprimirem os maos, e apoiarem o systema constitucional. Senão fosse esta tropa, quantos rios de sangue não terião corrido? He certo que a voz constitucional espalhou-se por todo o Portugal, mas tinha muita opposição, e os partidos sem duvida havião empenhar-se em derribar a Constituição, e nos não levariamos ao nosso fim este plano que justamente tem admirado, e espantado as nações todas. A quem se deve pois tudo, he a tropa: Ella repeliu as facções oppostas, não oprimiu, e soube manter com respeito o socego, e a obediencia. Por isso acho, que o que tem feito a tropa em Portugal, deve fazer no Brazil, pois que não se manda para lá para opprimir e vexar, mas manda-se para sustentar a opinião constitucional. Deste modo he que os Inglezes tem conservado as suas Indias orientaes, mandando tropas bem pagas, que fazião o serviço, as paradas, o seu exercicio, conservando a opinião do Governo, não opprimindo ninguem e apoiando a opinião dos bons, e reprimindo o mal das facções oppostas; por isso acho que devem ir tropas, e tanto esta opinião tem lugar, que nós temos merecido as bençãos da Bahia, por termos mandado para lá tropa, e tanto que as facções oppostas não tem podido maquinar cousa alguma; e mais consta que ha lá um Boticario, que he chefe, e grande chefe destas facções, o qual como não póde fazer mais nada, diz que a tropa de Portugal he de ladrões, e a mais ruim que nós cá temos; tanto para a fazer desmerecer na opinião publica, como para ver se póde fazer ainda alguma cousa. Por tanto, assento que da expedição que for para o Rio de Janeiro, fiquem 600 homens em Pernambuco, e o resto, junto com a tropa que regressar de Montevideu póde fazer ahi no Rio de Janeiro um corpo capaz de sustentar a opinião constitucional, e reprimir as facções.
O Sr. Lira: - Eu não me persuado que Pernambuco esteja nas circumstancias de precisar um

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