O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

[2704]

só soldado para manter a policia e o direito dos cidadãos. Já o Sr. Moniz Tavares fez sciente ao Congresso de quanto isto era verdade, agora ouço dizer a um illustre Preopinante que se devem mandar as tropas para evitar partidos, e as facçães do partido da independencia. Mas agora pergunto eu, se 600 homens são capazes de obstar a qualquer insurreição em um paiz que tem perto de 60 mil habitantes entre escravos, e homens livres? Por tanto o illustre Preopinante não está em circunstancias de saber tanto da minha provincia como eu, assim como eu não estou ao facto das de Portugal. A minha opinião pois he que toda a tropa que entrar no Brazil he prejudicial, que vai a formar partidos, esta he uma verdade que todos os Deputados de Pernambuco podem provar, talvez que de Portugal se estejão escitando os Brazileiros para a independencia, eu sei por correspondencia de Portugal que os Europeos são os mesmos que excitão para esta independencia, e posso justificar isto, não só por cartas, mas pelos papeis que se acharão no tempo de Rodrigo Lobo. Por tanto não deve ir tropa.
O Sr. Vilella: - Não vejo a necessidade de se mandarem tropas para Pernambuco, não temos ali guerra para que sejão precisos auxilios: as tropas que temos do paiz são bastantes para o serviço, e guarninição daquella praça; logo a que proposito se mandão lá esses centos de soldados? A caso Pernambuco he presidio de degradados? Falemos claro; e bem claro , acabou de falar o Sr. Vicente Antonio. Desconfia-se da fidelidade, e união dos Pernambucanos com Portugal, e a esta idéa injuriosa aos sentimentos honrados daquelles povos pertende-se ajuntar o despreso do seu brio e valor accreditando-se que meia duzia de baionetas he sufficiente para sopealos. Que engano! Não he prova de fraqueza, mas de amor, o dezejo que tem os Brazileiros de se conservarem unidos a Portugal, o soffrimento que terá mostrado para com as violencias dos Capitães generaes, e que mostrarão quando o ferro manejado por mãos de alguns desvairados Europeos, ultrajando a causa da Constituição, a causa da sua mesma patria, invadiu a assembléa eleitoral do Rio de Janeiro, arrombou-lhe as portas, feriu, e dispersou os eleitores, que anciosos de se reunirem ao systema constitucional trabalhavão na eleição dos que havião de representalos neste Soberano Congresso. Ah Sr. Presidente, quanto me dóe ainda a recordação, de que a honra que tenho de tomar assento entre tão conspicuos varões custou o sangue de meus compatriotas! Só peço ao Soberano Congresso que tome em consideração, que tropas fóra do seu paiz reputão sempre inimigo o territorio que pizão. Voto por tanto contra a sua remessa.
O Sr. Miranda: - Eu sou de parecer que vá tropa para Pernambuco. Para isto estava autorisado o Governo, e elle o poderia fazer senão se fizesse despeza. Todos nós somos representantes do Brazil, todos queremos a sua felicidade, tudo he Reino Unido. O Congresso tem dado disto as maiores provas. Já acabou o despotismo antigo. Já não vão capitães generaes a subjugar as provincias do Brazil, vão tropas para appoiarem as operações do Governo. Então os Pernambucanos assustar-se-hão a vista destas tropas? Não são tropas portuguezas, não são o mais firme apoio da liberdade, não suffocão ellas quaesquer discordias, então para que se hão de temer? Quem poderá negar que ha intriga e desordem em Pernambuco. Eu estou informado disto. Sei o que ha. Para socegar pois isto, he que vai a tropa. Pensão que vai em ar de conquistador, isto só procedo de imaginações esquentadas. Vai para apoiar a Junta, para evitar qualquer desordem. Se em uma provincia de Portugal appareceram motivos de discordia, não ha de ir tropa? Isto he mais claro que a luz do dia. No Minho não principiavão a haver desordens? Não se mandou para lá o regimento de cavallaria, e por ventura os habitantes do Minho escandalizarão-se? Ficárão contentes. Não ha pois distincção nenhuma de Portugal e Brazil. Se acaso por uma ficção poetica podessem chegar as falanges dos Russos a desembarcarem em Portugal, eu quereria tropas do Brazil se podessem vir. O Brazil e Portugal he tudo Reino Unido. Por tanto voto pela necessidade de ir tropa para Pernambuco para apoiar as operações da Junta, e manter ali a ordem e tranquilidade.
O Sr. Ferreira da Silva: - Não são necessarias tropas de Portugal em Pernambuco. Dizer, que se Portugal quizer conservar as provincias de Pernambuco, he necessario mandar tropas; esta proposição he indecorosa ao Brazil, he de suppôr que o Brazil são colonias de Portugal: dizer, que he necessaria tropa para tranquilizar o paiz. Ella irá antes fazer rivalidade. Pernambuco tem muita tropa, não necessita de tropa. Querem-se mandar 600 homens para tranquilizar partidos? Isto he julgar que cada Europeu, he capaz de matar mil Brazileiros? Senhores, o Brazil ainda não experimentou as doçuras da Constituição, elle deseja sua liberdade. Pernambuco, vai a ter a felicidade de ter um governador constitucional, vai este governador, elle que indague a necessidade das tropas, e depois d'elle indagar, que participe ao Congresso, se Pernambuco a necessita. Depois que se soltárão os presos dos carceres da Bahia, suscitou-se uma intriga muito forte, eu quereria que cada um dos illustres Preopinantes reflectisse bem, se um homem calumniado, a arrancado do centro da sua familia, vendo os seus calumniadores, vendo os seus perjuros, ficaria a sangue frio, e se não voltaria contra elles; não ha pois partidos, ha esta intriga só; não deve ir a tropa: Pernambuco quer a causa constitucional, quer a justiça.
O Sr. Soares Franco: - Somos todos ardentes defensores dos direitos da liberdade. Somos todos Portuguezes, somos uma Nação, um povo, somos todos filhos do mesmo pai, habitantes do mesmo paiz. Não se trata agora de conservar o Brazil etc. o que só trata he, de examinar se para a segurança de Pernambuco he necessario que vá tropa de Portugal. Não nos lembremos tambem da independencia no Brazil, não posso conceber que haja homens que a queirão, todos querem a Constituição, todos querem a causa da liberdade. Aquelles de que falou o illustre Preopinante, devem por meios judiciaes reclamar a