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lhetes, de previnir a critica circunstancia de interromper, ou diferir os seus pagamentos; e qual he o meio de estabelecer neste sentido uma prevenção mais segura? O negocio he facil, e vem a ser conservar na sua caixa valores solidos, e disponíveis, equivalentes a quantidade das notas promissórias que emitte, para que no caso de reverterem com mais pressa a buscar o seu pagamento achem a caixa com que occorrem a este pronto, e indeferirei pagamento. Ora façamos uma pequena reflexão. O banco recebe por hypotheca do papel que emitte valores muito diferentes deste papel; porque este he realisavel desde logo; quem o recebe póde tornar a subir por onde desceu, e ir buscar a sua realisação em espécies, a os valores que o banco recebe ou são letras á prazos mais ou menos curtos, ou são effeitos imoveis, ou ainda bens de raiz, e tudo isto senão reduz a dinheiro com a mesma facilidade. Conseguintemente a primeira lei de um banco he não largar da sua caixa uma tal quantidade de espécies que ponha em risco, e em aperto a pontualidade de seus pagamentos. Debaixo destes princípios não acho coherente a elles que uma das condições deste banco seja a do fazer um emprestimo ao Governo logo no primeiro anno do seu estabelecimento. Sei que o emprestimo se ha de fazer em 20 prestações; sei que os accionistas ganhão quatro por cento; sei que o seu destino he amortisar uma quantidade equivalente do papel moeda; e sei tambem que tudo isto se faz às claras, por condição expressa, e não pelo modo obscuro porque o fez o ministerio do Rio de Janeiro; mas não he menos verdade do que tudo isto que o banco nos primeiros oito mezes do seu estabelecimento vê desapparecer 2 mil contos do seu capital, e posto que isto seja em vinte prestações, estes 2 mil contos dados ao Governo em breve reverterão á caixa, e farão desapparecer della quasi toda a parte metálica do seu fundo. Isto he bastante forte, e póde causar transtorno. Esta he a primeira complicação que eu encontro no projecto. Depois disto he necessario attender a que debalde nós chamaremos accionistas para preencherem este fundo se lhe não offertamos prerogativas, as quaes lhe fação entrever vantagens á collocação do seu dinheiro. Os capitalistas, não digo todos, mas uma grande parte delles estão acostumados á usura privada, e não querem prender seus fundos num estabelecimento publico, se não virem vantagens, quando não sejão exorbitantes, ao menos reguladas, e solidas. Estas são as minhas primeiras idéas sobre esta materia, e sobre ellas convido as reflexões dos illutres redactores.

O Sr. Luiz Monteiro: - O illustre Preopinante, prevenio algumas observações que eu tinha a fazer, a respeito do empréstimo ao Governo. He sem duvida que he muito necessario convidar os accionistas com grandes prémios, que os particulares achem interesse de entrar no banco, e tenhão uma confiança tal que concorrão para elle: isto he que eu não sei como se póde verificar, em quanto se não achar o credito bem estabelecido. Isto só se consegue por uma marcha regular e differente systema do antigo; por uma pontualidade não interrompida em cumprir as obrigações sagradas que impõem as leis respectivas ao papel moeda que alégora, e mesmo depois, da nossa regeneração, sinto dizelo tem sido igualmente desprezadas, em fim com exemplos, com obras que persuadem muito mais do que os preceitos e novas promessas, e mesmo interesses offerecidos que antes da experiencia talvez possão crear ainda maior desconfiança. Se o plano falhar lembremo-nos que em vez de avançar recuamos.

O Sr. Ferreira Borges:- O penúltimo Preopinante terminou o seu discurso dizendo que não nos trazia vantagem alguma o estabelecimento deste banco, porque se por uma parte se amortizava papel, existia este nesses bilhetes que o banco havia de emittir, e que se taes emissões fossem como se propunha viria o banco a cair por si mesmo não tendo com que pagar todos os bilhetes. Em primeiro lugar direi que vai muita differença de bilhetes de cambio, a moeda papel, e esta differença he muito visível e conhecida por todos. Dizer-se que revertendo os bilhetes ao banco, feito o empréstimo ao Governo, não terá o banco com que pagar, he um equivoco visível; o banco não emitte senão na proporção dos seus fundos, e isto diz o §. 18; á vista disto estão tirados todos os medos de se fazer um mal, que ponha em perigo o banco, e de mais isto he propriamente da administração. Eu confio muito que os administradores, que hão de ser senhores daquelles fundos, como hão de proporcionar o credito do banco, e por isso não ha que temer nada delles. Um illustre Preopinante fez uma exposição dizendo que cousa erão apolices do banco; chamou áquillo empréstimo; a mim parece-me que não será um emprestimo, mas deixando tudo isto parece-me que a questão presentemente se póde reduzir a examinar se esta he a occasião favoravel para se estabelecer o banco, ou se o não he; e passado isto trataremos então de averiguar se este modo será útil, ou não. He certo que os capitães que não tem emprego, valem menos que os que tem emprego. Esta proposição he evidente. Logo uma vez que se abrão meios aos empregos destes capitães, uma vez que se abrão meios para que os capitães estagnados, e que não tem valor, o tendão; uma vez que haja meio para facilitar as transacções, em que o papel possa empregar-se; tudo irá bem. Ora este meio sem duvida he o estabelecimento de um banco, e por consequencia parece, que não devemos ter repugnancia alguma em o estabelecer. A questão he, se o tempo he agora mais opportuno; ou assento que sim. Teme-se que não haja accionistas; teme-se que o banco não adquirirá credito, porem eu disto nada temo, uma voz que os administradores tenhão juizo, e a capacidade necessária. Nós que estamos encarregados de vigiar sobre o bem da Nação, devemos trabalhar para que se estabeleça este banco; da nossa parte está abrir a porta, dando lhe as seguranças necessarias, porque deste modo, serão muitos os accionistas, e a Nação gozará das grandes utilidades que o banco promette, como he a extincção do papel moeda etc.

O Sr. Moura: - He um meio muito útil o estabelecimento de um banco. Eu não me occupei de demonstrar isto, porque as únicas reflexões que ouvi