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pertinentemente em circulação? E a par desta medida entrarem n'um cofre outros seis milhões de papel, que se tirão de repente á circulação, o que deve produzir desde logo o augmento do credito desta moeda? Isto tudo produz desde logo o barateio da usura, quando da sua mordacidade he que se alimentava o cofre do capitalista. Eisaqui a razão da sua opposição. Poucos, raros, e mui raros fregaezes lhe baterão á porta a implorar o seu soccorro, e se quizer conservar alguns ha de forçosamente regular as suas transacções pela medida, que o banco tomar para as suas: e eis a razão porque elle chora, e lamenta. Estendi-me neste assumpto, porque he preciso debellar estas irracionaveis, e antipatrioticas opiniões, que arredão ou esfrião o conceito que se deve formar de um banco de soccorro o qual conceito não póde ser senão o da geral utilidade, logo que elle tenha por bases essenciais do seu estabelecimento, primeiro, a discrição, moderação, e prudencia de seus directores: segundo, a total independencia do Governo. Esta he a minha opinião.

O Sr. Luiz Monteiro: - O illustre Preopinante usando de uma tatica pouco generosa contra os que não são da sua opinião a respeito do banco, acaba de classificar os que se oppõem a este estabelecimento, de ignorantes, timidos, ou usurarios. Refere-se a uma memoria que recebera de um negociante sobre materias de commercio e de banco, e achando as primeiras idéas boas, parece compadecer-se muito da perfeita ignorancia em que elle se acha sobre as ultimas.

Aquelle negociante, diz o illustre Preopinante, expõe o seu receio (e não he elle só que o tem) de que devendo o papel ou bilhetes do banco substituir o papel moeda que por elles se deve queimar, ficaria sempre a mesma porção, posto que de outra especie de papel moeda, em circulação; e dá por isso bem a conhecer, assim como todos que pensão como elle, que não sabem perceber a differença grande que ha entre um, e outro papel, e que os bilhetes do banco são dinheiro, porque podem ali trocar-se a metal quando se queira: e por consequencia ainda que circule papel do banco he o mesmo que se circulasse metal. Pois bem, dizem os ignorantes, porque não circula logo esse metal? porque se não entrega elle efectivamente no thesouro para sair do mesmo thesouro em pagamento, e fazer-se assim real a amortisação do papel moeda correspondente, apparecendo assim outra vez a primeira especie metalica que elle sómente á força, e com tamanho prejuízo representava, e a que os differentes alvaras da sua creação tão religiosamente se obrigavão? Será por ventura, porque costumados ha mais de 20 annos a papel não podemos já passar sem elle, ou porque seja mais leve e commodo do que o metal, ou em fim porque seja melhor o representante do que o representado? He sobre isto que o illustre Preopinante devia aclaralos, e não menos convencelos da infalivel habilidade e probidade dos directores do banco, que ainda senão conhecem, e da consequente prosperidade de suas operações; assim como da impossibilidade de soffrerem os prejuizos e transpomos que tem soffrido muitos outros bancos, e o do Rio de Janeiro ultimamente, cujos bilhetes acabarão por ter curso forçado, porque desappareceu toda a especie metalica, e não pode haver se alguma por elles, ou seja de ouro, prata, e mesmo cobre, senão a premios exorbitantes, e em gravissimo prejuizo dos que infelizmente os possuem.

Em quanto aos timidos, não parece tambem o Illustre Preopinante telos animado mais do que aclarou os ignorantes. Elles não tem naturalmente medo dos invasores de que fala, porque além de não estarem interrompidas nossas relações, bastaria olharem, para a carta para se convencerem que por mais que o desejassem, e pôr mais que corressem não poderião suprelirndelos; mas nem por isso pensão que está a nossa constituição já acabada, sanccionada, e consolidada; que estão os tres poderes que ella marca perfeitamente estabelecidos e independentes; que estão os credores do Estado, e os empregados publicos inteiramente pagos e satisfeitos; que estão todas as classes da sociedade nadando na abundancia, e na felicidade; em rim que estamos em uma cama de rosas, e que nada ha absolutamente que recear, nem em casa, nem de fóra.

O illustre Preopinante cáe finalmente sobre os usurarios sem compaixão alguma, mas parece com tudo favorecelos, defendendo e votando, como tem feito, por todos os artigos do projecto que acumulão tantos e tão inauditos e inconstitucionaes privilegios a favor do banco, o qual sómente por aquelle de poder emittir bilhetes indefinida, e illimiladamente, isto he de poder converter todas as resmas de papel branco em bilhetes de circulação, só por este privilegio chamará e compensará com usura aquelles mesmos contra quem tanto se troveja, e que a não serem elles ignorantes ou timidos, he natural que acudão tantos, e tão depressa, que não deixem lugar a ninguem mais, pois daquelle modo he bem de suppor que apezar de se quererem desterrar os usurarios, não poderão fazer elles negocio que mais lhes renda, porque ainda que não levem mais do que o juro da lei, poderão com tudo perceber este mesmo juro sobre capitaes ficticios que tornarão na verdade o juro duplo, tripulo, etc. em relação ao seu verdadeiro capital. Admiravel descoberta na verdade, que concilia a usura com o interesse das partes, e fará bemquistos aquelles que sendo até agora obrigados a fazer mal aos outros para fazer bem a si, poderão daqui em diante fazer igualmente bem aos outros sem que deixem de se fazer a si proprios o mesmo, ou ainda maior bem do que dantes. As vezes se perde tanto pelo de mais como pelo de menos, e se forem ignorantes ou timidos, o ponto está em que não desconfiem de tanto bem, sem que o tenhão solicitado.

Em conclusão, o artigo parece-me exorbitante, e logo que se reconhece a necessidade de uma certa proporção deve marcar-se para não poder exceder-se a emissão dos bilhetes de banco, aliás diminuirá a confiança, e em vez de adiantar, destruirá o seu mesmo objecto. Este he o meu voto, porque o interesse, e a segurança do publico são superiores á do banco, e por tanto deve sujeitar-se este ás restricções que aquelles imperiosamente exigem.
O Sr. Xavier Monteiro: - ...

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