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DIÁRIO DO GOVERNO.

DB capella do convento do Salvador. Os árabes apTroximam-se á mesa sàncta com piedoso recolhimento-, e urna compuncção verdadeiramente edificantes.

Concluída a missa, principiou-se a procissão no redor do santo sepulcro com a ruaior pompa e majestade. Os religiosos dous a dons marchavam com a tocha na mão; seis irmãos revestidos de capn dn seda encarnada levavam um mrrgnifico pallio, dubaito do qual vai o celebrante, e a traz outro sacerdote com urna espécie de umbella bordada com leiitojoulas de ouro, que servia de pallio nas pa^sagc-ns demasiado estreitos. Antes da procissão íunr.iiu-mc a honra de me convidar para levar a'íimbellu sagrada ; porém como era preciso qae itie puzes-sem uma alva, e eu não quiz deixar o meu traje, 'levou-a um sacerdote. "Esta honra é só ré-Servada nos cônsules que se aclmm de passagem em Jerusalém na semana santa.

A procissão deu duas. voltns.nq redor dos.in-to sepulcro, repelindo o hy.iíino snnto coii.nXr grado no mystcrin da íjucliaristin : se^uiu-sc dcpoU pelo Udo da pedra dti tt, 'f rio- calvário, e volUm outru vez ao Êspulcliro, passando pela capella da Magdàrenu.v - ^:

Depois de urn quarto de borh do adoração-o celebrante entrou no sepulcbro, c doirou alli depozitado o-calix. qwrconlinha. atoimo sacramental. Logo se dcscirmôTiccn os altares doa lu-tinoi, evarios religiosospuzáram-scúeutmdi» do sepulcro, e principraratn-fi recitar pau Imos.

Concluída est.v ulmna ceremuiiia ob rausul-manos encarregados da "poTrem, e osjanizaros do convento do Salvador bstivctnnrniais de uma hora fazendo sfchifa gerrte dai£rpja.; porewsem embargo disso muHorjfcjos, armemos, e alguns turcos subliohiraiu-ác íí vigilância dosguaidas occultando-se detrazdospjlares o altares, e escondendo-se nas capellas obscuras, fechada.a igreja, para não se abrir scuão no outro dia de • tarde, fiquei com os religiosos, e uns trezentos catLolicos, homens, mulheres, e. meninos, confundidos todos no sancttiuno.

A's duas horas da tarde clnu-32 'principio' á céremonia do Liva-pe's. O F. vigarioioom alva , acompanhado do diatono , e sub-diuc:o:io , dirigiu'-S3 'á entrada do Sepulehm: uui irruúo levava uma bandeja de prata corn toaiuas per-fuitamenia lavradas, mttro religioso etumi também com-outra igual bandeja para recebe-las segundo fossem servindo para Jimpur os pés. Ambas as bandejas tinham as armas de Hcs-panha. -

A agoa para a céremonia estava n' uma grande bflcia de prata redonda com a§ armas de Portugal. O mestre decerernonias pronunciou diante do celebrante os nomes dos doze religiosos destinados nolava-pes, O Celebrante de joelhos, na altitude mais humilder como Jesus Christo tobre o"monteSiuo, poz.-se a lavar, c enxugar os pés dos doze discípulos; e á medida que ia concluindo cada operação, fazia com o dedo pollfgar o signal da cruz no pé.do apostolo, e beijava-o respeitosamente: o irmão tomava depois ura crucifixo. Vi ura religioso banhado em lagrimas cm quanto o P. vigário lhe lavava os pés. ' . • .. J.

Entrei depois no sancto Scpulchro para ver cocio estavam collocados os restos liuchansti-cos. O cálix, de que j:i fallei, estava encerrado n'um tabernáculo portátil de praia.,' -preaen-te de Heapan-ha , de dous pés de alio, e um e jneio-de largo, posto .em cima-da pedra do Se-pulchrox. O interior deste estava illuminadn por mais de cemdocliasj notei que em cima da pedra do Septllchro havia um altarsinho de praia adornado de pedraria, que também foi presente da mesma nação Hespanhola. Os religiosos ia U) dous a dous orar ao Sepulchro.

Detive-me algumas vezes diante da humilde capella dosCophtas, contígua ao sancto Sepul-chro; neste obscuro recinto, ao lado de um altar pequeno sem adorno, estava sentado um diácono Cophta corado, com alva, estola o dalmatica, e um barrete similhanie -a uma;ror-' tra episcopal. Indifferente a, quanto se passara ao pé delle, permanecia só no seu estreito ean-ctuario com a cabeça inclinada sobre a pedra nua do seu altar, cuidando só de que não se lhe apagassem as brazas.que tinha n'um vaso de barro, e ir de hora em hora incensar com o th -ri bulo a igreja do suocto Scpulchro. Durante os intervalos das ccremonias os meninos correm e brincam, os homens faliam, fumam, e passeara > as mulheres ncrn-, cantam ] como rTuin serralho, ou reunião campestre, e todos comem e bebem. Ao \êr a mistura de catholicos, gregos, arménios, c reasulmanos-estirados no chão ao pé dos altares, e á entra-

da das cnpellas 'cièr^se-liia que' era'aq'uellepfo logar de descanço dns caravanas de todas as nações. As immediaç;õcs da capella de Saneia Helena, e outras até á da Magdalena, estavam cheias de comestíveis, e bancas de licores, como se fosse uma praça, de modo que o'fu-mo das cozinhas confunde-se com o do incenso. A's três horas e meia reunirom-se os religiosos á porta do sancto Sepulchro para"cantaro Officio das trevas. Colloquei-uie MO meiodellcs, e preslei allençiio nos poéticos cânticos de Jeremias, e David. Parece-uie que a voz de um cenobila é mais propila que oulra qualquer humana para repelir os psalmos a lamentações. Estes homens corn a cabeça rapada, a barba negra, calçados com sandálias, e habito paido com cordão branco-, são a meus olhos os homens mais tiistes, e.d.e prensa mentos'ma is austeros. ^

Quinta feira Sanla á meia noite.

CM v noite na Igreja do santo Scpulchro devia ser para mirn uma noite sem-sonino. Andava de capella'om capella, de aliaram aliar, do Sepulchro ao Uulvario, do Calvário á piiaão de Christo, e desta outra Vjez.AO Sepul-chro,'sem que oulro ruído senão o dxiciiéus-pas-sos turbasse o silencio da Basílica. Os guardas •inusulniaiíos dormiam á entrada do tem? pio: Iodos os clu islãos, .encerrados na Igreja, Alavam enlregues ao mais profundo somno, uns Sobre bancos, oiilros sobre as larimbas dos-aliares, e sobre as esteiras e alcatifas da igreja.. A capella da Magdalena estavu cheia de mulheres com meninos de peito dormindo como suas mais, na altitude em que o somno os tinha surpiendido, e que apresentavam o espectáculo mais singular. Todos os religiosos descfinçavnin , «\ceplo os dous que "oravam pioslrados ao pé da divina Eucharisna. Era esla a primeira vez me achava na igreja daResuneição sem ouvir ruído, e a única hora da noite em que se podia l aze r OMçào sem sor interrompido pelo tuniul'lo. Ao djiijrir meus passos pelo lemplo, no meio das Irevna m ler» rompidas em alguns pontos pela di-bil e ireuiu-la IUK das lâmpadas, só, e entieguo a meditações religiosas, parecia-me us vezes ouvn uiua voz que me fallava ; detive-nu*, e meus joelhos-dobriiram-se como se o.espirito de Deos me dirigisse seu sopro, e posto ero pé no meio da,s. sombras, entre o Golgotha, e o SeiiHo Sepulcro, experimentei' um não sei'que siimltianie no terror. . . . .,

NOTICIAS MARÍTIMAS.

-=3-0-6»-'

Parte do Regiilo do Porto. -=Dia 21 de Murro de 1837.

EMBARCAÇÕES ENTRADAS.

BJIÍGUÍ .de gtieirft Fr&nce/i = L'Oresle = Comrhandante o Ca|jilão da Curveta Ni-colos Alix, ds Lagos em 2 dias; 126 praças de guarnição.

Vapor Austríaco =± Arch-Duk-Luichi z=. Capitão- -Francisco Cobb, de Londres em 8 dus, e~uhiiiiau>ente de Faltnouth cm 4, com engenhos pnra-Em'bnrcaçòes de vapor; 23 pessows de-trip. — Esla Kmbarcação destaiavu-af para Gibraltar, Malta, e Triestc; mas entrou tiesle porlo pnra receber carvão.

- Brigue PoIacaToscano — Due,An>ici = Cop. Nicola Scheaffino", de Liorne etn 20 dias, e ul-litnamen-te delVlnlnjja em 7, com cânhamo, papel, ò enxofre, a-J. Baptiáta Sivbn; 9 pessoas de trip. • -•

Kascn PorlugueznrriAvp Moria= Mestre António de'Barros, de Ericeira em 2 dms'iTn las-iro ; 8 psssbas de irip.

, i.; ,(p EMBARCAÇÃO SAH1DA.

Lake of Brixham3=Cap. Slepheiiã, para Londres com frucia. ,'• ficcretaiia da Torre de Belém, 21 de Março P. Gon-zaca.

PUBLICAÇÕES LITTERARIAS.

REFORMA JUDICIARIA.

EDIÇÃO OFF1CIA1Í;

PBIMKIHA^ segunda , e ter Tabeliãs ; preço 400 rs. Nacional , na sua loja na Piar

segunda , e terceira Parte com 'as reipeclivns . Aclm-te í Venda na' Imprensa arei do Pelourinho ; na de Fran-

cisco Xavier de Carvalho, ao XJluailo ; , » na de João Henrl-quês, tua Auguslu n.° l , e no Porlo em ema de José Joa-quim Rodrigues dos Ssnlos , rua doe Carruncaa n."' 4 e 3 ^= Em cnjas Idjas sámenlc s» vinde a FdiçTio OlBcinlj -correria de muitos erros.

ANNUNCIOS.

TjEto Juízo Je Direito do 3." Districlo, Escrivão Ray.

JL mundo Xavier Cominho, correm Edictos de 15 dias, n requerimento do Arcediago João Manoel da Matla, e José Bernardo de Sousa, que pertnndetn habilitar-se teslamenteiios1 do Beneficiado Manoel de Figueiredo Ribeiro Martin», para o fim de se mostrarem hábeis para arrecadar os bens da lerta-oicntaría , inclusivamente Apólices, emais Títulos do Estado : pelo que, todas as pctsoas que tiverem direito a contestar a' dita habilitiif.ii» o devem fazer naquelle termo, e Cartório, com >a comminnçllo de serem lançados, e de se julgarem os

sobreditos habilitados.____________________________________

a f~\s herdeiros de JoiSo Alves Pereira tem no Juizo de Di-• \J reilo do 3.° Districto justificado a ausência deste por' mai» dc'trmtalanno«, iem se saber parle certa da sua siluaçSo, e p'or isro devolvida a herança do moswo ausente para seus. herdeiros : toda a pessoa que direito tiver á mesma o páile ir deduzir no mesmo Juízo , c Cartório do Kscnvflo Raymundo Xavier Coulinho, no pró «o de 30 dias, pena de sejujguramesma herança devolvida para elles annunciantes, ele. o TUÃO António de Passos tem contractado a compra de um

«l prédio urbano com Camillo de Lei is da Costa Alvares Pereira, sita na rua direita do Arco do Cego n.° 63 , 6fi, e 07, Freguezia deS. Jorge: estão correndo Ediclos da Lei no Carlorio do Escrivlo do 3," Districto, Oliveira, para quem se jiilç.ir 1.01» direito aodito prédio ovenha alli deduzir, jiena de rebelu.

4 T\T" ''ÍIIÍO lle ^"'e"° ll° J*'° •'"'g"0'0' EscnvSo Cordeiro, J. i -se habilita D. Alaria Barboza Vasconcellos Haste da Cunha c Anilinde, como tutora de seu filho José" felixCouti-nho Rossigiwl, para averbar o PadrSo de 1:600$OÔO rs. , com o juro de 64^000 rs., assentado na Junta dos três Estados ; e ou Iro de B27&341 rs., com o juro de 33&903 'rs., assentado nos rendimentos da Casa do Infantado; correm 09

Edictos da Lei na forma do estilo.______________

-~jVfo Juízo de Direito dn 6.° Julgado , EscnvSo Jucobely,' ° JL T| correm Edictos de 30 dias, a requerimento de António Francisco Lodi para se julgar livre e desembaraçado um prédio mítico e urbano, situado á ribeira d'Alcântara, junto á Fabrica da Polvoía, em que está justo vender a Ezeqniel Ferreira deMnttos' quem se julgue com algum direito o poda deduzir no Carlorio do dito Escrivão, no referida prnso.

DONA. Gertrudes Maria do Sacramento, autho-risndu per seu marido José Cardozo dos Santos Eivas, tem requerido no 4." Julgado da C«pital Edlclos de 15 dias, para se julgar livre uma pró-pneda-Ju d? casas , na travessa do Agua de Flor , praso forei-ro ú Sií, e hoje á Fazenda Nacional, que herdou de D. Ma' ria Margarida do Nascimento; isto para fazer o seu reconue-, cimento, quem ao nie.-mo prnso tiver direito v& deduzi-lo no oscnptorio do Escrivã^ Cordeira, pena de ss julg.tr livre. , A E.vm.a Condes».i de Belmonte faz público, ijue os ITPS

J\ qne ficnrum por faliecimento do Padre Euf.enio Mar'-q«?s Laçeilo . estão sujeitos ao pagamento de quanlia avnlta-dn , que o dito ficou devendo como Administrador d,a Casa de Belmonte.

~.lf5_ JVT0 dia ."() do conoiite, se hu de vender g VÃHji-^, -l ' em leilão na Praça do Commercro , o

„/•£££&•, l)em co"necído Navio S Gualtcr,. mui-veleiro, lotado em B08 totlelladas e duus tciças, cons» (ruído na Bahia da melhor sycopira e potomujo; acabado da querenar, forrado P repregado de cobre, bem foi necido de todos os pertences navacs, constantes do seu inventario, que se pôde ver no eccrintúno da Companhia de Pescarias Lisbo-nense, rua do Arsenal n.° 55,- 1.° andar, ou a bordo do mesmo Navio, fundexlo defronte do Hibi-ira Nova. g \ DrnecçÃu da Cumpunlim de Pescarias Lisbonense pre-

X3L cisa admiltir duns Jovens a praticar no escriplbrio^em. vencimento algum , e preferirá os filhos de algum dos Srs.

JQ l£)i

Hns , ondf. te pôde lract.tr do ajuste. ______

II Trj)i!rtTEí«DE-Bi; neguciiir umadiviJa que oTliesouro deve, JL e que lia de pagar breve em dinheiro de metal; a

tanilrem se perlemle l -600^5000 rs. , e dá se hypotheca í ftlla

do pujamento do Thesouro, assim como ao J:600|1000 rs. ;

9a lojn da venda do Diário se diz com quem se ha de tractar

do njiisle.

l& IVf * ruft Jo cfuciflxo n ° 80, 1." andar, ee compra to* li da a classe de Papeis de Credito do legitimo 'Governa ; c igualmente Recibos, ou Ciutellas d« Monte Pio, Psn-síies, Heformados, e Soldos não efiectivoe de vencimento an-

tenor a Agosto de 1833.___________________'. . .

_~,,«>> jT\CoRRBTon DIOÍÇO Roberto Hijfgs está ÇÍ--'\ ._"^EÍ \J authorisado para vender um prédio '^ }^ííÃv'l, ^. decasas nobres, em Laveirarf, que con-froiilam pelo norte, sul, e pocnle com prédios , e quinta de Sua Alagettade a Bainha, e nnscenle cqm estrada pública: compõe-se de 1.° andar, quorlos noliaixo^pavimenlo, quintal, cavullàríça, p», lheiro , ele., com boa serventia. •

RHKNOA-.SE uma caca .mobilada , com ca^ VRlIança, ê palheiro, denominada da Ba-randa de.Perro, ,sila; na csliada dos PizSes, emCmtia : unem perlender a mesma dinja-se a loja dePass.0» e Companhia, rua doa Cpellistas n." 98.

Fabrica decbapéòs, rna da Prata n.MOff, l "* andar, se vendem chapéus de díflerenteí qnalidudes a 800, 1^000, 1^5200 rs., c .superiores a-1$600 rs. _______________

N "A Fabrica denrruagens junto n S. Roque ha para vender uma linda tra-

_____ quilana de quatro molas, de gosto modcí-

no, e em bom uso.

REAL THE ATRO DE S. CARLOS.

SABBAno 25 de Março, em Éencficio da Casa Pia, pela ultima vez = Baile de Mascaras.

' manhã Quinta f eira de Endoenças, e Sexta f eira de Paixão, pela solemnidade dos Dias , »iáol haverá Diário.