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o que se disse foi, que talvez não viesse grande mal dellas apparecerem; e entre desejar uma cousa, e reputar que ella não seria muito perniciosa vai grande differença.

O mesmo Sr. Visconde de Fonte Arcada mostrou que a politica do Ministerio lhe tinha agradado no principio da sua administração, pois que elle tinha marchado no espirito da revolução de Setembro: eu observarei de passagem ao nobre Deputado que a revolução tem diversos pontos de politica, e alguns delles, talvez muitas pessoas a quem agradou a marcha do Ministerio por ser conforme ao espirite da revolução, os não queiram seguir por modo nenhum, num adoptar as suas consequencias. Eu entendo tambem, que o Ministerio mesmo, nas circumstancias em que nos achamos, podia ser, e ter sido mais activo do que é, e foi; mas por lhe fazer esta censura, que reputo justa, não quererei que se lhe façam outras, que o não são. Disse o Sr. Macario de Castro, que tendo-se chamado um jornal ao jury, e não sendo julgada procedente a querela, contra, elle intentada, isto tinha produzido certa impressão nas Provindas, porque se disse que estava tudo em completa dissolução, e que nem o Ministerio, nem as Côrtes tinham força, para fazer castigar um jornal, que tão claramente tinha abusado da imprensa: a deducção foi falsa (signaes negativos do Sr. Macario de Castro). Eu sei que o nobre Deputado não foi quem fez esta deducção, fê-la o publico das Provincias; mas enganou-se. A não precedencia da querela mal se attribue á falta desforças do Governo; porque ella é filha dos deffeitos da lei da imprensa: eu ainda não a li toda, mas vendo-a um dia destes em casa de um amigo, observei logo nella uma monstruosidade juridica. Manda-se lá inquirir antes da pronuncia tres testemunhas, as quaes dão um juizo sobre a criminalidade do facto, mas não depõe da existencia delle; porque o primeiro passo que se dá-nos processos contra a imprensa é chamar, tres; homens, que declaram se ha, ou não abuso da liberdade de escrever: ora isto é um verdadeiro julgado; e já se vê que temos uma lei em que as testemunhas são juizes. Destes e outros deffeitos della é que vem todo o mal, esse mal já se reconheceu; o remedio, que nós poderemos dar-lhe foi-nos pedido já; houve estorvos para o apresentar; esses estorvos hão de ser removidos, e o mal ha de cessar.

Em fim é preciso tomarmos uma atitude de guerra; e prevenir-mo-nos para ocaso em que as conspirações passem a revoluções; é preciso armar-mo-nos todos, porque as reduções fazem se, e suffocam-se com armas. Convém pois desde já generalisar o armamento da Guarda Nacional, entregando as armas áquelles cidadãos que nos dêem garantas de bom uso d'ellas. Eu sei que ao actual Ministerio se deve o armamento de força, e melhoria de regularidade, que nella se observa; mas ainda não se fez tudo o que se póde fazer. Ha em Coimbra duzentos mancebos que se tem constantemente occupado em exercicios militares, e que por se lhe não terem dado armas tem afrouxado muito em ardor patriótico, e talvez quando se lhe queiram entregar elles as aceitarem: se acaso não houver interesse pronunciado do paiz em as aceitarem, perante o qual eu estou certo, que elles se hão de esquecer da reprehensivel conducta, que o Governo tem tido com elles. Armas aos bons cidadãos, e já, e já.

O Sr. Barjona: - Em todas as occasiões que se me tem offerecido de entrar nesta materia, tenho-me eu abstido muito de proposito d'emittir a minha opinião, a isto por duas razões fortissimas: primeira, o ter eu grande repugnância a faltar em partidos vencidos: segunda, o não gostar d'irritar os animos de qualquer modo que seja em tempos d'effervescencia. Entre tanto existem hoje motivos tão fortes, que me vejo obrigado a dizer algumas palavras; que já se vê serão poucas, e taes que não tenham o grande inconveniente d'excitar paixões. - Antes porém d'entrar no assumpto, vou pedir ao illustre Deputado o Sr. Leonel
Tavares, queira explicar algumas palavras que lhe escaparam ácerca de conspirações; pois talvez haja quem trate de dar-lhe um sentido que não é muito airoso para o Congresso, nem para o Sr. Deputado.

Não admira, Sr. Presidente, que actualmente haja partidos, e que (todos elles conspirem para desacreditar e derribar o presente systema politico, e o actual Governo primeiro que tudo. Tudo isto é, em grande parte, um resultado da mesma natureza das cousas, das nossas proprias circumstancias. Mas quaes são estes partidos? Que males pódem elles causar ao bem estar da Nação? Podem estes males remediar-se? E podendo, que meios temos nós para isso? Eis-aqui todas as -questões a considerar na materia: eu lançarei uma vista rápida sobre ellas.

Ninguem ignora que existe um partido miguelista, o qual de continuo conspira: porém todos sabem que elle é mui pouco numeroso, e que não possue ao presente, nem força moral nem physica. Diga-se o que se quizer, quasi todos os homens que serviram e deffenderam o Miguel, fizeram-o por circumstancias; estão hoje arrependidos, e tem por unico desejo, que haja socego publico, segurança individual, e um completo esquecimento do passado. Em consequencia, dos homens que foram miguelistas, já existem poucos reunidos em partido: este é pequeno em numero e não contém senão os demasiadamente interessados na usurpação e os fanáticos. E que podem elles fazer? Nada, porque são muito conhecidos: todo o mundo sabe o que elles são; todo o mundo vê o que elles querem: seus planos não impõem a pessoa alguma, maximo depois que se tem observado: - que elles, como allucinados por sua mesma perdição, redobram suas esperanças no proprio momento em que ha para elles menor probabilidade de successo.

Depois do partido miguelista, segue-se o dos homens do ministerio passado: 09 quaes tendo igualmente por fim immediato a derribação do actual systema, e a ruína dos individuos que o sustentam, não cessam de conspirar por todos os modos. Irritados pela falta dos com modos e vantagens que perderam, e mordidos dos remorsos de haverem, cavado a sua própria mina, não ha insulto que não profiram, não ha calumnia a que não recorram (apoiado); e a sua tactica a mais favorita consiste em taxarem de criminosos aos liberaes que depois do dia 10 de Setembro juraram a Constituição de 1822, com ai modificações que as Côrtes lhe fizessem. Sr. Presidente, custa a crer na verdade que haja tanta má fé, e tamanho descaramento! (Apoiado, apoiado) Que havíamos nós de fazer, Sr. Presidente? Iriamos nós por ventura oppôr-nos ao que se achava consummado, correndo o risco eminente de termos em resultado de nossa louca opposição, uma anarchia sanguinaria, ou um despotismo insupportavel? (Apoiado, apoiado.) Ah! quem me dera agora que esses homens que assim procuram desacreditar-nos, fossem por um momento susceptiveis d'algum sangue frio, e duma pouca de franqueza, só para ver o que elles me respondiam! (Apoiado, apoiado.) Muitas pessoas vi eu, tanto em Lisboa como nas provincias, que sendo verdadeiramente amigas da Carta, juraram com tudo a Constituição de 1822, depois dos dias de Setembro; e que explicação davam ellas de seu proceder? As proprias palavras de que se serviam, serão sem duvida a resposta mais triumphante: - Nós não tivemos parte alguma nos acontecimentos de nove e dez de Setembro, diziam elles, e sentimo-los amargamente, ter-lhes-íamos obstado se em nós estivesse a possibilidade de o fazer: porém logo que taes acontecimentos tiveram logar, e que foram abraçados pela nação do modo que todos sabem, que havia de fazer o portuguez liberal, e circumspecto? Fazer todas as diligencias para que se elejam umas Côrtes capazes d'emendar os defeitos da Constituição de 1822, já que restituir a Carta agora é impossivel. - (Apoiado.) Mas, Sr. Presidente, aqui não posso eu vencer-me, não