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O Sr. Presidente: - Para isso ha de ter a palavra, quando se entrar na materia.

O Sr. Ferreira de Castro: - Não tenho duvida quanto á 1.ª parte do requerimento; V. Exca. com muito boas palavras, de alguma maneira (perdoe-me o nobre Deputado) dirigiu-lhe aquella censura, que era possivel dirigir-lhe, e quanto a cortesia permittia; porque na realidade V. Exca. é um zeloso observador do regimento: eu lembro-me muito bem, que V. Exca. mandou contar os votos, tenho certeza disso. Agora quanto á 2.ª, eu opponho-me. Confeço na realidade, que vi com magoa esse acontecimento de sabbado; mas eu não levei essa magoa a um ponto tal, que não dissesse, depois de acabada a sessão a V. Exca. mesmo, que isto não era novo, que eu o tinha visto em outros paizes; por que muitas vezes vi eu, se levantar a sessão por não haver numero sufficiente de Deputados para votar: isto, em França faz-se a cada passo. E' necessario, que nós não demos a este acontecimento um corpo, que no paiz se supponha, que nós comettemos um crime parlamentar, que não tem uso em outras nações.

Mas querer o nobre Deputado, que quando um outro seu collega tenha necessidade de sahir da sala, depois de se ter decidido que se prorogue a sessão, vá á mesa, e diga ao Sr. Presidente" eu tenho necessidade, motivos de sahir lá fóra" ha verdade, não sei se isto até seria muito decoroso para o Congresso.

Por minha parte confeço, Sr. Presidente, que talvez não houvesse motivo, que me levasse a dar esses passos; não, eu não o faria. Parece-ma pois, que o melhor arbitrio é deixar á prudencia de cada um Sr. Deputado, e entrar no fundo do seu coração, e valiar a legitimidade desses motivos para desamparar a sessão depois de se ter resolvido a sua prorogação, e onde de esperar que o não faça sem grande necessidade, para que se não repita esse acontecimento, que eu todavia, ainda o digo, não é tão escandaloso como-se se tem querido pintar. Por estas considerações pois voto contra a 2.ª parte requerimento.

O Sr. José Estevão: - Sr. Presidente, disse-se, que nós tinhamos desamparado as nossas cadeiras na sessão passada; depois desta facto não podemos deixar de reconhecer a nossa infelicidade; cahio-nos a censura de preguiçosos no dia, em que trabalhamos mais; no dia em que votámos umas poucas de leis. Disse-se, que os jornaes tinham tomado conta deste deploravel acontecimento, que o tinham transmittido á Nação, e que a Nação estava coberta de loto, e cheia de magoa por ver o nosso pouco zelo. Sr. Presidente, isto repetio-se com um ar de lastima, que dava visos de um alarde disfarçado! (Apoiado, apoiado.) Pois que se pertende enganar a Nação, desfigurando-lhe os factos, narrando-lhe falsamente os successos, seja a Nação desenganada daqui mesmo, conheça ella os acontecimentos com verdade, e fóra das inspirações dos partidos: prorogou-se a sessão depois de 6 horas de trabalho; e para que? Para se decidirem uns poucos de pareceres de Commissões, de pequena importancia, sobre varios requerimentos; depois de se ter deferido a alguns, porque a sessão se ia alongando demasiadamente, parte dos Srs. Deputados sairam da sala, e foram-se embora. E é pois por isto que se lança sobre nós uma censura terrivel? Isto succede frequentemente nos paizes, onde se tratem negocios publicos de tanta importancia, como os que nós tratamos; aonde se dá aos interesses nacionaes a maior attenção que nós lhe damos; e lá não se repara nisso: quantas vezes em França se levantam as sessões da Camara dos Deputados por faltar o numero necessario de membros para deliberar? Pois cessões tumultuosas!! Aqui uma sessão animada, chama-se-lhe baralho e indecencia; e em França até uma vez Casemir Perrier deixou as abas da casaca nas mãos de Odillon Barrot ao subir para a tribuna; e a França tem Constituição, e prosperidade.

Saiba a Nação, que se não abandonam os seus interesses, que não nos esquecemos do seu mandato, e que o facto aqui succedido, foi desfigurado de preposito para a enganar, e indispor com o corpo legislativo. (Apoiado, apoiado.)

Agora quanto á matéria do requerimento, esse entendo que não tem cabimento algum, que é tornar o Congresso em uma casa de escola. (Apoiado, apoiado.)

O Sr. Gorjão Henriques: - Para que é tanta cousa dita, para que é necessaria tanta acrimonia parlamentar!! Sr. Presidente, eu bem declarei logo, que a primeira parte, não era mais que pedir uma verificação mesmo numerica, o mais exacta possivel da existencia dos Deputados presentes ao acto da votação; porque eu vejo que muitas vezes na acto de se querer isso verificar, alguns Srs. passam d'umas cadeiras para outros, o que faz confusão; assim como tenho observado que nas votações muitos dos mesmos Srs., julgando que outros muitos que se levantaram, deixam de o fazer; e os que apparecem de pé não são muitos: entre tanto, eu conheço as boas deligencias, e activo proceder da mesa, neste, e em todos os objectos a seu cargo.

Quanto aos argumentos que se oppõem á 2.ª parte do meu requerimento, digo, que muito acertado eludo quanto os Srs. Deputados tem dito; não lhe nego o merecimento: entre tanto, se o que aconteceu, é um abuso, vá fóra para não se commetter mais. - Ora eu, Sr. Presidente, como poderia taxar de perguiçosos os membros desta assembléa, que se retiraram, se eu fui o mesmo que me declarei perguiçoso nesse dia, pelo meu estado de saude, e quasi sempre perguiçoso nas votações para taes prorogações? Eu só aqui tenho a notar, o que faz o objecto do meu requerimento, é a incoherencia que figura em tal proceder. - O meu requerimento não me parece que envolva grande encommodo, e privação de liberdade aos Srs. Deputados; porque nenhum se deverá acanhar de participar, até em voz alta, que uma falta de saude, um negocio urgente, ou familiar, ou publico, o obriga a sair do edificio; e para todas as mais exigencias, creio, que tem os meios de as satisfazer dentro deste edificio. (Apoiado.) Tambem se tem argumentado muito com o que se pratica nos outros parlamentos, e até se quiz fazer ver, que entre nós está isto em melhor estado em muitas cousas, do que o estava nas sessões das Camaras passadas; muito bem: tanto melhor; mas vamos a ver se damos mais alguma perfeitibilidade á actual assembléa; parece-me justa esta pertenção. (Apoiado.) Tem-se dito por muitas vezes que não devemos ser sómente imitadores das outros Nações; invoco essa proposição; não as imitemos ás cegas tambem neste objecto; ou então se as devemos imitar sem alteração em taes casos, vamos tambem imita-las á risca nas suas boas instituições, leia, amor a ellas, e sensatez. (Apoiado.) Termino, que esta minha pertenção está entregue ao Congresso, elle decidirá della; e eu mui satisfeito de ter preenchido o meu fim, aguardo a decisão. (Apoiado)

O Sr. Presidente: - O que me parece, é que o remedio é peior do que o mal: a mesa tem sempre muito cuidado na conta dos votos; esse trabalho pertence aos Srs. secretarios: quando ha minima duvida contam-se duas vezes, e eu não declaro o resultado se não depois dos Srs. secretarios terem até escripto o numero dos votos: pelo que toca ás approvações dos requerimentos, muitas vezes os Srs. Deputados não chegam a levantar-se; mas fazem um signal, que sempre se praticou neste Congresso, e nas Camaras passadas, pelo qual se indica qual a sua opinião: devo quanto ao mais dizer, que a prorogação da sessão de Sabbado se venceo por dois votos; ora tambem não sei, se os que sairam da sala, foram os que votaram pela prorogação; o que sei, é, que já me não lembra nada do que se passou, nem me lembra mesmo se eu estava na cadeira.

O Sr. Gorjão Henriques: - (Sobre a ordem.) Tenho ouvido tudo, estou prompto a respeitar, ou tolerar todas as opiniões; - já o disse, e o repito; entre tanto não retiro o meu requerimento; já estou costumado, e disposto a achar-