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Ora, este mesmo Sr. Deputado naturalmente concorda-la, em que algumas modificações convém fazer na Constituição de 1823, mas eu não vi que elle declarasse, quaes eram os que julgava necessarias, e só fallou da conservação do Ministerio das justiças - eu não sei se me lembrarei bem das razões, que produziu o Sr. Deputado, para estabelecer esta censura: - talvez me não lembre, mas o Sr. Deputado sabe muito bem, porque tem sido meu colega, e pela experiencia de minto tempo, que eu quando me engano, e o conheço depois, não tenho duvida em o confessar, e em dar todas as satisfações necessarias - Digo pois, que a rasão que deu o Sr. Deputado, foi porque o poder judiciario ficava dependente da Secretaria das justiças - eu porém perguntarei ao Sr Deputado, se quer que os poderes todos fiquem postos no mesmo terreno, e sem relação uns com os outros isto não é possivel, por quanto se todos elles não estiverem regulados pela applicação dos principios de uns para com os outros, então acontecerá, que os dentes das todas hão de pegar-se, e por fim quebrar-se ha a maquina.

Quer o Sr Deputado, que a Constituição de um paiz seja organisada de tal maneira, que evite todos os males - mas o Sr. Deputado enganado, porque seja essa Constituição feita como for, os males não acabarão nunca. Querer-se que o poder judicial esteja regulado de tal maneira, que não haja uma estação qualquer, que esteja em contacto com elle, é querer um impossivel (Um Sr. Deputado disse, não é assim, não se disse isso.) O orador continuou. - Então senão é isso, o que se disse, segue-se que eu me engano, mas parece-me que não, e vejo que se dizem as cousas, e depois negam-se, confesso que não entendo: - seja o que for.

A verdade, Sr. Presidente, é, que se tal passasse os desembargadores ficariam então em um tempo tão dourado como nunca tiveram e é necessario que elles para o futuro não tenham esse tempo dourado. Eu creio que dizendo isto não offendo ninguem, porque estou discutindo uma materia de politica. (Apoiado geralmente.) Digo pois que eu não vi, que o Sr. Deputado apresentasse um systema seu, ouvi só dizer, que a Commissão tinha excedido os seus poderes - mas eu, Sr. Presidente, estou persuadido intimamente, que senão bolio naquillo, que é essencial, e que aquillo que é do modo, a Commissão o apresentou do um modo differente, é verdade, mas para isso tinha ella tido poderes, e a esta a materia da discussão.

Passando agora a fallar dos argumentos apresentados pelo Sr. Deputado, permitta-me elle, que eu faça uma reflexão, e vem a ser, que o Sr. Deputado tem apresentado uma notavel contradicção entre os seus decursos feitos aqui em outras occasiões, com o discurso que hontem fez achou o Sr. Deputado o modo de responder a cada um dos argumentos, mas não reparou, que respondia a si proprio.

A primeira vez que o Sr Deputado fallou nesta materia, disse elle - pois o podêr executivo ha de ser entregue a um só Rei, a um só Ministerio, - o poder legislativo a uma só Camara, e a um só Deputado, - o poder judicial a um só tribunal, e a uns só juizes! - O Sr Deputado não reparou que nos apresentava um sofisma, ao mesmo passo que reconheceu, que o poder executivo, posto que seja um só, e todavia composto de elementos absolutamente differentes, porque reconheceu, que o poder executivo sendo um só, é com tudo composto de elementos muito differentes entre si, como são um Rei hereditario, e um Ministerio amovivel.

Também o Sr Deputado disse: - o poder judicial encarregado a um só jurado, e a uns só juizes: - isto é verdade, mas repare elle, que são juizes encarregados de julgar de direito de nomeação do Governo, - devididos em differentes instancias, e estações, - ao mesmo tempo jurados encarregados de conhecer só de facto, que recebem a sua nomeação não do Governo, mas que hão do receber de um recenseamento, ou de uma eleição, conforme o que a este respeito se decidir, - e ainda ha mais outras especies de juizes além destes, inteiramente differentes.
Vê se por tanto que temos poder judicial, um só, é verdade, mas composto de elementos absolutamente diferentes, como acabo de mostrar, mas apesar de ser isto tão claro, e conhecido de todos, o Sr. Deputado tirou uma conclusão diversa...

O Sr. José Estevão interrompeu o orador, dizendo: - Não tirei tal, não disse isso. - O Sr. Leonel, continuando: - Esta é melhor, nega-se ter dito isto: -disse-o o Sr. Deputado, todo o Congresso o ouvio, e elle decidirá se é ou não verdade.

O Sr José Estevão: - Dê me licença o Sr. Deputado para lhe dizer, que eu não disse tal: - perdoe-me interrompe-lo, mas se o permitte, eu me explico.....

O Sr. Presidente: - Isso é contra a ordem o Sr. Deputado tem o direito de responder depois, pedindo a palavra. Por esta oceano eu peço ao Congresso, que entre nesta questão com muito sangue frio, e seriedade.

O Sr. Leonel: - Eu argumento, que o Sr. Deputado disse isto, e faço-o, porque estou muito bem lembrado de lho ouvir.

O Sr. Deputado da primeira vez, que fallou, disse que estava persoadido, que a maioria da nação já não podia retrogradar. Sr. Presidente, uma vez que se disse isto, e que se declarou de uma maneira positiva, que isso não era possivel, peço eu ao Congresso, e a toda a nação, que não tenha tal certezas todas as nações tem estado já em um estado de adiantamento na sua civilisação, e nós tambem já estivemos em identicas circumstancias, mas todas ellas tem retrogradado, assim como nós o estivemos em 1820, e retrogradámos, estivemos em 1826, e tornamos a retrogradar, e depois vimos procuradores, virem advogar a causa do despotismo isto não se chama de certo outra cousa, senão retrogradar.

Vamos agora ao que o Sr. Deputado disse hontem. Negou se a conveniencia de recorrer a exemplos estranhos, mas, Sr. Presidente, o Sr. Deputado que hontem pareceu muito pouco disposto a se regular por exemplos estranhos, não se lembrou, que quando se discutiu a resposta ao discurso do throno, fez muitissimas deligencias para que nella se insirisse um periodo dizendo, que a revolução de 9 de Setembro tinha sido o resultado da revolução de Hespanha. Sr. Presidente, esta declaração não era decorosa para nós, mas é forçoso reconhecer, que os grandes acontecimentos que hoje occorrem em um ou outro paiz da Europa, exercem alguma influencia sobre os outros paizes, e tanto isto é assim, que os acontecimentos que occorrem nos paizes pequenos, exercem muitas vezes grande influencia nos paizes grandes ora o Sr. Deputado pertendendo que na resposta ao discurso do throno se dissesse, que a revolução de 9 de Setembro tinha sido uma consequencia da revolução de Hespanha, reconheceu que os acontecimentos dos paizes estrangeiros podem ter influencia, pois então não é de maneira nenhuma imprudente recorrer a experiencias dos estrangeiros, mas para responder a estas experiencias disse o Sr. Deputado, se vou a França vejo, que lá ha agitação, não acho estabelidade, por consequencia não quero nada de lá se vou a Inglaterra vejo a agitação, que trata de reformar a Constituição existente do paiz, vejo por consequencia que não ha estabelidade, e não quero nada de lá se vou a Hespanha, vejo que se trata de fazer uma Constituição nomeio do ruido das armas, por consequencia não acho estabelidada, não quero nada de lá mas aonde quer ir buscar o Sr. Deputado a experiencia? Se a quer procurar em tempo de estabelidade, e impossivel, porque, nunca se fizeram reformas consideraveis nas constituições dos differentes paizes, senão no meio da maior instabelidade. Disse o Sr. Deputado, que procurem os casos estrangeiros na pratica de uma segunda camara para remediar os inconvenientes d'uma só, e quaes