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dade, a até superioridade de razões para com às freguezias, a quem se deferir favoravelmente. Não se diga, que se tem feito muito em favor d'Abrantes; que se lhe restituiram muitas freguezias; é preciso conhecer as localidades, e os cousas. Abrantes nas duas freguezias, que lhe foram tiradas, Santa Margarida da Contada, e Monte-Alvo, perdeu mais, que em todas que se lhe restituiram. Na freguezia de Santa Margarida existe a riqueza do Campo do Sul do Téjo, é do Norte; na freguezia do Monte-Alvo fica um campo excellente; no Sul da bellas vinhas, excellentes campos, é muito olivedo, e no Sul na freguezia de Santa Margarida, além de grandes propriedades, ha uma que ha poucos annos pagou... cento e tantas pipas de dizimo; e então onde estão agora esses rendimentos d'Abrantes? Onde estão os rendimentos para o subsidio? Onde estão todos os recursos, e a melhor producção do seu terreno? Sr. Presidente, em cousas de facto mal se pôde ajuizar sem que aquelles, que estão ao facto das cousas ponham os outros tambem ao facto; isto são verdades eternas. Eu tenho feito a minha obrigação, tenho desempenhado uma parte muito positiva de procuração, que me deram meus constituintes do concelho d'Abrantes, que me certificaram que lhes não podia fazer serviço maior do que sollicitando a annexação das freguezias tiradas, bem como a de Alvega a Abrantes; trabalhei para este bem quanto pude, e como de mim exigiu a Commissão, e tanto eu como o meu nobre collega o Sr. Raivoso conseguimos convencer a Commissão como ella confessou, e seus membros creio não negarão agora; porém não sei porque mau fado appareceu de repente uma diversão de parecer, relativamente á freguezia de Alvega: eu ainda que cogite o motivo não o poderei produzir, e só me resta na forma do requerimento, que hontem mandei para a mesa, pedir em nome dos povos de Alvega, que sua freguezia seja comprehendida na disposição deste Congresso, que approvou o parecer da Commissão relativamente às outras freguezias que com igual justiça requereram (apoiado, apoiado.)

O Sr. Raivoso: - Sr. Presidente, se antes de eu apresentar nesta sala um requerimento de alguns freguezes de Alvega, e de lhes ter promettido, que o defenderia neste Congresso, eu tivesse sabido, que o meu muito particular amigo, o Sr. Soares Caldeira seguia differente opinião, eu não me teria encarregado de semelhante missão; como porém não sei adivinhar encarreguei-me della, e agora julgo da minha honra defende-la até onde chegarem minhas forças, sem que receie desmerecer na amizade do meu amigo, que sendo, como é, muito cavalheiro não quererá que os seus amigos o não sejam, faltando á sua palavra; é esta a razão por que fallo. Quando fui chamado á Commissão d'Estatistica com outros Srs. Deputados, para ahi informarem ácerca da divisão de territorio, disse o que sabia a respeito de todas as freguezias, que me foram perguntadas, de Santarem, Abrantes, e de outros districtos: quando porém se tratou da freguezia de Alvega, disse eu aos Srs. da Commissão, que estão presentes, que visto não estar presente o Sr. Soares Caldeira, e ser elle de diiferente opinião a este respeito, pedia licença para me retirar da sala, entregando ao juizo da Commissão a deliberação deste negocio; e com effeito sahi da sala; digam os Srs. da Commissão se isto é, ou não verdade. Depois fui eu, quem pediu ao Sr. Macario de Castro, que tivesse a bondade de dividir o parecer, porque ácerca d'algumas freguezias não havia duvida, como havia ácerca d'Alvega, e se podiam decidir as primeiras, ficando esta para outra nova discussão, porque involvia contradicções, e havia partidos oppostos, o que poderia prejudicar a votação das primeiras, em que não havia divergencia d'opiniões; assim o fez a Commissão, o que muito lhe agradeço. O meu amigo o Sr. Soares Caldeira tem em Alvega uma grande casa, e por isso deve saber melhor que eu os particulares daquella freguezia: eu só posso julgar pelo que me representam os meus proprios sentidos; se elles me enganam a culpa não é minha, é da natureza, que me deu máo organismo: elles me representam, que estando Alvega a leste de Abrantes, e Lisboa ao oeste, e sendo todo o commercio das provincias com Lisboa, tem de passar os habitantes d'Alvega por Abrantes para virem a Lisboa; isto é exacto. Tambem é verdade que Abrantes, e Alvega estão na margem do Tejo, e já se vê que duas legoas derio andam-se em pouco tempo, ao mesmo tempo que para Gavião ha só caminho por terra: o caminho de terra d'Alvega para Abrantes tambem me parece melhor, que o d'Alvega para o Gavião; tenho visto muitas vezes carroagens de quatro rodas irem de Abrantes para Alvega, sem desastre; ao mesmo tempo que o caminho d'Alvega para Gavião é intransitavel às carretas; é verdade que póde vir a ser muito bom, e todos os caminhos do mundo o podem vir a ser, se bons os fizerem; mas em quanto os não fazem bons são máos. Póde ser que o novo concelho de Gavião, a que Alvega vai ficar unida, gaste com Alvega muito dinheiro, que lhe faça bellas sabidas, e entradas, muitas commodidades, boas estradas, um excellente caes; tudo isso póde ser, porque a região do possivel é muito larga, tudo lá cabe; mas por isso mesmo a mim não me serve: tudo póde ser mas em quanto isso não acontecer suspendo o meu juizo; e quando isso se verificar darei então a minha approvação: e se não posso entender tantas futuras vantagens, já disse que a culpa não era minha, será talvez do meu máo organismo.

Se Alvega ficasse sendo cabeça de concelho, isso seria outra cousa, porque havia de augmentar muito; mãe ficando simples freguezia, como agora é, não sei que possa adiantar muito, ficando unida a um municipio, que não passa de povoação muito pequena, aonde faltam as commodidades da vida, e ficando desligada do grande municipio da Abrantes, aonde ha um grande mercado, aonde os habitantes de Alvega, encontram quem lhes venda tudo, que necessitam, e até fiado, e lhes compre o que lhes sobeja; aonde encontram estalagens, médicos, boticas,, artifices de todos os officios, e artes, e tudo que é preciso para a vida; porque Abrantes é terra de muito commercio, e de muita passagem. Os habitos antigos do povo d'Alvega eram todos para Abrantes, e é natural que alli tenham os seus compadrinhos, amizades, e relações, e que as não tenham com uma terra pequena como Gavião, que fica no sertão, e não na beira, do Tejo. Todas estas considerações me levam a presumir que é do interesse da freguezia de Alvega ficar unida a Abrantes, como desde séculos está. Se acaso porém o povo dAlvega não quer ficar unido á villa d'Abrantes, isso é outra cousa; respeito muito asna vontade, porque não quero a anarchia entre os povos, são estes os meus principios; mas não sei como hei de acreditar isso, porque a mim mesmo entregaram alguns freguezes d'Alvega um requerimento pedindo ficar para Abrantes; é verdade que appareceu depois outro requerimento em sentido contrario; mas tambem é verdade que appareceu um terceiro contradizendo o segundo, e eu não sei a quem hei de dar credito; por isso pedi á Commissão, que examinasse bem os três requerimentos, para ver de que lado estavam as probabilidades; eu não posso adivinhar: mas estou convencido que o povo d'Alvega quer na sua maioria ficar pertencendo a Abrantes. Não digo mais nada, porque o Sr. Gorjão já disse tudo sobre localidades, e vantagens particulares: tenho cumprido o meu dever, desempenhando a minha palavra, e entrego á opinião do Congresso a decisão deste negocio, e ficarei satisfeito com. toda, e qualquer decisão, como é meu dever.

O Sr. Freire Cardoso: - Eu pedia que ficasse adiado este negocio até se pedirem novos esclarecimentos.

O Sr. Soares Caldeira: - Eu peço sobre a ordem para dizer, que este negocio não póde ficar adiado, porque os povos estão num grande desasocego, e anarchia; é preciso que se ponha termo a este desasocego, e a esta anarchia. A freguezia d'Alvega está sujeita a um sargento miguelista.