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DIÁRIO DO GOVERNO.

•decadência, que se aproxima á dissolução. As] Tevoluçôes que tem havido em nossos dias, são «imilhantefl aos esforços que precedem a morte de todos os viventes, sem outro fim mais do -que mudar dos tormentos que maquinalmente •só attribuem ú posição em que se acham. Elias nos tem debilitado mais e mais, e tem apressado a catástrofe terrível, que já não tem outro remédio mais do que o Patriotismo, .a Justiça , o Trabalho, a Prudência, e a Liberdade. Es-•tes são os únicos ingredientes que devem com-rpôr o bálsamo que póde-salvar Portugal. A Li-• berdnde não existe sem Justiça; el l a degenera •em Licença, em Despotismo, seja qual for o modo por que appareça, uma vez que não seja •acompanhada de Prudência ; sem Trabalho na-•da existe para os homens: nem a Justiça nem a Liberdade se sustentam nos braços resequi-«dos, e no estéril peito da ociosidade; e o Patriotismo e' o fundamento, o tecido em que estão debuxadas as virtudes cívicas; o. liquido •cm que fervem asessencias animadoras dogran-dc Corpo Social.

Consultemos a historia, se queremos-conhe--cer a causa de nossa decadência, e atinar com o remédio do mal; vamos aos dias de gloria, •que lá está a essência do veneno. Foram sempre as conquistas e as riquezas emprestadas quem sepultou os mais famosos Impérios; o luxo é sempre fructo do trabalho, mas nem sempre seu companheiro. De ordinário o trabalho traz a •riqueza, após esta vem o luxo, cujo legado é a ociosidade. Esta e' a sorte das Nações; e suas idades nascem com o trabalho a que anda presa a riqueza, que dá'o vigor da virilidade; segue-se o goso e o luxo,, que chamam pelo ócio c qual representa o imagem da morte....

Nasceu nossa Monarchia entre os trabalhos de infinitas guerras; -mas desde a primeira ida-•de tivemos Reis que mereceram onome de Agricultores. Todos os braços do Estado estavam •unidos pela confiança mutua, que uns tinham tios outros; a boa fé presidia em todos os peitos, e cada um cumpria religiosamente os deveres que lhe tocavam, sem zelos nem suspeitas de aggressões; nem um Poder se fortificava de medo que ameaçasse os outros; não havia então inimigos benâo os externos. Nos Palácios esludava-se o interesse dos Povos, conta,vam-se á noite os serviços que de dia se tinham feito nó eu ir. pó ; e detrás da charrua cantava, o lavrador um romance desamores, das .-virtudes, •c da justiça dos Senhores Reis. Assim nasceu j c assim cresceu Portugal sem mais braços do que os nossos para sustentar a independência deste pequeno Reino,' cujo limitado terreno forneceu riquezas e industria, e fez descobertas, que foram admiradas no Mundo. A Justiça, a ' JLibeidade, a Industria não estavam nas formu-Jus, nem nas Leis; e menos nos papeis publi cos, nos foguetes, e nas torres do» sinos; acha va-se n Justiça em todos desde o Rei ate Ao ultimo funccionario; o coração dos Portuguezes era a sede da Liberdade, e os nossos campos < mares mostravam a nossa riqueza e commercio Crescemos em forças e virtudes, e as sciencia se cultivaram. Tudo era Trabalho, tudo Or deni e Patriotismo; e nestes tempos é que od

, Assim como no vigor dos annos somos arre-•baludos pela demasia de nosso sangue e vida contra a razão c a prudência para erros, que nos ensinam por uma dura experiência, domes-mo modo as Nações no ápice de sua robustez cahem nos mesmos defeitos, que as gerações futuras pagam muito caro.

As nossos forças não cabiam no pequeno Reino; fomos desabafar nos mares, e reparti-las por todas tis parles do Globo. Tivemos o valor de rasgar ovéo queoccultava ametade do Mundo, derribar o muro que dividia todo o Género humano feito mortal, reservado aos Portugue-zes; feito que alterou a face da terra, creando novos interesses, novas relações, e prodígios novos, que prenderam o espirito humano. Que porta se abriu para o nosso poderoso Commercio.' Que riquezas não viu a imaginação de todos os homens! Quem venceu os elementos não vi,u obstáculos ú nossa grandeza; levantaram-se subjugaram-se as costas, poroaram-se

lhas,' tornámos posse das espadarias e pérolas l das índias, do ouro e riquezas do Brasil! Todas as vistas se fixaram então em nossas Colónias, que fartavam a Metrópole de gloria e de riquezas. De Portugal sabiam homens e armas, e em troco recebíamos preciosos raetaei e pedras. Fomos um Povo Conquistador, cujo-ofii-cio era obrigar os outros a trabalhar para elle. Aprendemos a navegar e a combater, e esque-cemo-no» de lavrar, tivemos o nome de Senhores, e com facilidade trocámos a condição humilde de colonos pela vida de ricos ociosos. Assim se perdeu o capital productivo próprio da Nação, e o mais solido esteio de nossos costumes e poder. Os navios, os homens, e todos os generoí que estas conquistas nos custaram, foram extraiu dos da Nação; e foi assim desfalcado o capital, sem que por outra parte se au-gmentasse, porque os Náos que vinham prenhes de thesouros foram reputadas Património da Coroa, em logar de se applicar para construc-ção de estradas, navegação de nossos rios, organização de fabricas; em vez de se rotear campos, e chamar braços que levassem nossos montes á cultura que necessitam, afroxou a agricultura, e diminuiu a população; porque as fortunas que og campos e os homens do campo tinham produzido, applicou-se fora, e o que de lá vinha servia para fundar Conventos,- e dota-los á custa dos Colonos , crear Grandes , enriquecer Cabidos, sustentar Aulicos, e introduzir um luxo qne nos havia de arruinar, e trazer as mesquinhas reformas.

Foi então que o Povo ficou esquecido e dês-prosado, c o interesse dos particulares desmantelou o equilíbrio social: foi então que se faltou á Justiça, e que arrefeceu o Patriotismo, e que o-Povo principiou a obedecer á força, que a' Justiça ia deixando; assim principiou nossa desmoralisação, que trouxe a fraqueza. Portugal-era'de certo mais pobre nesse tempo do que antes de suas descobertas; tanto porque tinha 'menos despezas, e mais trabalho útil para todos j como porqtíe o ouro que recebíamos de- fora1 erd riqueza morta, que nada produzia senão os regalos da Corte, dos Claustros, dos Palácios, 'c da Cúria Romana. Então principiou de facto 'a escravidão, quando mais admirados éramos pelos estínnlios! ' .' •

Seguiu-se amolleza e a-miséria; enfraqueceu o nosso poder, que foi cedendo o campo, ate' que as nossas Colónias distantes se perderam. -As Americas sacudiram o jugo'.da1 Europa, e desde então estancaram-se os rios de ouro em que nadava esta parte do Mundo, e que trazia-mos em troco dos açoutes e torturas que deixávamos aos Indígenas. Esta falta repentina, quando não estava -providenciada, e que não era nem podia ser supprida nos1 primeiros annos, produziu consideráveis alterações em toda a Europa; mas a Península foi de certo a rnais •atfectada. Seguiram-se guerras, e tantas revoluções que nos tem desfigurado, -mas todas sem proveito; porque o Povo ainda não achou Justiça nem Liberdade. Illudido por ambições particulares, tem-se enredado era novos ferros. Da ociosidade a que estarnofr habituados') c que se quer sustentar á custa, dos poucos que. trabalham, nascem as revoluções que'os pretendentes de empregos animam. Todas as'tnuda-oças que se tem feito partem do ódio ao que se

Foi nesta epoclia que se tomou a ultima ré» solução, que nos deve salvar. Conhecemos que o Governo Representativo e b único que nos convém ; que no tempo .da Carta houve',despotismo como d'antes; que não houve-Verdadeira Representação Nacional,.mas'Aulicos a legi&-lar para si e para os seus; qtie;não houve Jus* liça nem segurança; que fomos tyrannisados por um Partido. Estas verdades são a t testada s por factos, e conhecidas por todos; é necessário que emendemos esses defeitos; e corrigidos que sejam , não façamos mais guerra a instituições , mas aos homens que abusarem de nossa confiança.

Guerra" ao Magistrado venal ou ignorante; vigilância nos Ministros que dispensam as graças, e dão os empregos para utilidade publica; anathema sobre os Deputados que se desliaam de sua obrigação, e vendem a Pátria e a Justiça por seu interesse; cuidado nos homens que sofismam tudo. Mostre o Povo pelas eleições e pelos meios legaes que o Juiz merece prémio,

ou que é indigno deste nome; que o Ministério serve a Pátria, ou que deve ser votado á infâmia; que o Deputado preenche Q logar que oc-cupa, ou que atraiçoa a confiança que mereceu. Fuja o Povo de tudo ^quanto e desordem, e Portugal será livre; é só"então o será. Pois por mais systemas que ensaie não encontrará Liberdade sem Justiça, nem Justiça com despotismo, qualquer que seja a mascara que esta mostre.

CHEGOU hoje toda a correspondência do Minho, c de Tras-os-Montes; faltando a do Algarve pela causa do estilo, e a de Madrid por senão achar em Badajoz_áhora da partida do Postilhão para Eivas.

ANNUNCIOS.

l TOSE' Pinto de Queiroz, viuvo de D. Hilária Cândida. «J Leite, mortdor em Favnios, e na qualidade de tutor e administrador de seus filhos menores, António Pinto de Queiroz , D. Emilia Augusta Pinto, e D. Luiza Carlota Pinto, se habilita pelo Juízo de Direito da 1." Vara, e Cartório do Escrivõo Si, serem os ditos seus filhos os únicos, e universaes herdeiros, que ficaram de seus fallecidos avós Manoel Leite Pereira, e D. Luiza Caetana de Lemos, em cujo Cartório correm Edictos de 15 dias, para que Qndfc ellea sejam julgados habilitados como se declara.

/"SusTODio Lino da Fonseca, e D. Maria Izabel daFon" \J seca Oliveira fíazareta se estilo habilitando no Juízo de Direito da 3." Vara, Escri?So Raymundo Xavier Couti-nho, como'únicos herdeiros de seu fallecido pai Custodio José da Fonseca, e correm Edictos), para o fim de se lhes averbarem na Junta do Credito Publico ai InscripçSes, que lhes pertenceram em suas legitimas, a D. Maria Izabel da Foníéca de Oliveira Nazareth , cinco Inscripções de lOOjOOO rs. cada uma, num. 493,, 494, 495, 496, .6497; quatro ditas de 50011000»., num. 164, 105, 168, eÍ67 ; três de l:000$rs., num. 175, 176,.e 177; uma do Empréstimo Nacional de 9 de Agaste de 1833, n * 916 , capital 13££000 ss., a Custodio Lino da Fonseca; quatro de 500JSOOO rs. cadu uma, rtum. 168, 169, 170, e 171 ; cinco de 100$000 rs. num. 498, 499 ,'500, 501 , e 508; três de 1:000$000 r». , num. 178, 179, e 180; uma do Empréstimo Nacional de 9 de Agosto de 1033, n." 938, capital 134£000, rs.: toda a pessoa que se julgue com direito ns ditas InscripçSes deve comparecer no referido Juizo no proso da Lei.

A&\ TjBiUHTB o Juiz de Paz da Freguezia de Nossa 3 fftíjT MT SenJiora das Mercês, na rua dos Catdaes de • 4sBb4ilb Jesus n.* 95 , ha de vender-se em hasta publica , •no, dia 7 de Outubro próximo futuro, ia 3 hora» da tarde, uma propriedade de casas, na rua dos Jasmins, com os num. l a 3 , na mesma Freguezia, avaliada em 350$000 rs. , da qual se paga b' foro annunl de 4$000 rs. ao Colíegio dos Nobres , com laudetnio de vintena : cuja propriedade pertence nos herdeiros de António das Neves Coelho, e da sua mulher Gertrudes Bosa d,o Carmo, fallecidos; e se procede a esta -renda por deliberação do Conselho de família respeclivo. . TVTo dia 2 do mez de Outubro do corrente anno, pelas *• í\ horas da tarde, perante o Juiz de Paz da Fregueiia dos Harlyres,' se ha de ultimar a partilha dos bens do fallecido Raymundo Ignacio Lamas, o que se faz publico para chegar ao conhecimento dos credores do co-herdeiro António-Icrnacio Lamas, e poderem requerer o que lhe convier.

e f\i Srs. Accionistas da Companhia Fabril de Louça , que \J quizerem estar ao facto da deBorganisaçfto, e desarranjo em que se acha aquella enipreia, queiram ler a correspondência lançada no Nacional de 15 e 21 do corrente, e poderem fixar as suas ideas sobre as faltas da Direcção, devendo ficar prevenidos, que as novas Apólices que se lhes querem encaixar, uio tem as garantias das antigas, e não é por deliberação da Asserubl& geral.

- /~\s Curadores fiscues provisórios de Dejond Guignier li. \J lho, «ulhôrisados pelo Illm ° Jniz Commicsnrio, convidam os Sre. Credores, na Sala das Audiências d» Tribunal de Commercio, para o dia 28 do corrente, as 11 hora» da manhã, a fim de continuar a verificação .dos créditos, deliberar sobre a Concordata, e nomear-se a administraçSo.

7 í^8 Pare"lM tle Malhius Hortefa , residentes em Vigo? \J na Galliza, rogam á casu encarregada da teitamenla-ria do mencionado Horlega, fsllecido nos Estados.do'BraSIJ, que se dirijam, e ponham de acordo com D. Páblo Pedro Hortega, do commoreio de Vígo, para os fina .conducentes.

„ "IVÍA tarde do dia 4

Jjffjte fAuBM quizcr comprar uma quinta , ilenomisa. 9 JJRívS ^i da da» Possas, no Lbgar de Sacavam ," que

S^osifese compSe 'de casos, adega, casa de lá»àr de vara, cavallariça e palheiro, vinhas, .leira de pSo-e, oll»al, poço de nora, tanque e horta , casa de recreio de cascata ,.e abundante de fructa; pôde dirigir-se & travessa de S. Pomja-gos a uma loja de ferragem n." 49, que abi se traotará de ajuste com os esclarecimentos necessários. • !

TVTo dia á de Outubro, pelas onze horas da manhS, no J.^1 armazém n.° 75, calçada do Combro aos Paulistas, se faz leilão demilpelles inglezas, divididas em lotes daSOpel-le», muito bem manufaeturadas na fabrica, de Pedrouços.

THE ATRO N. DA RUA DOS CONDES.

'PEUÇA feira 26 de Setembro de 1837, ai.» •*• representação do = Cabrito Montez=?ou = ORendeiro Inglez —Comedia, cm 3 acto = O Padrinho = Farça euj l acto. Sargentos = Drama em 3 actos.