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só o são para a nação; e para a urna os que ella buscar, os talentos patrios. Que riqueza para a sciencia, mas que pobreza para a patria era o talento de Bacon, que dizia da liberdade ingleza - dum hac vesania populos invidit &c.! Em fim talemos, e virtudes - par etat - não os admittimos = quem os ha de achar, é a urna nacional. Não sei, Srs., como podesteis crear d'um traço de penna um privilegio autocrata no meio de uma Constituição soberana, e cuja soberania já votasteis! Ou então a vossa Constituição tem mais de um principio, e eu vou como - (Le citateur) - apresentar-vos a Constituição pela mesma Constituição refutada. Vós dissesteis - todo o homem é igual diante da lei - ajuntai, excepto os ricos, que quizerem ser Pares. - Vós dissesteis - todo o cidadão é apto para todos os cargos do estado pelos seus talentos e virtudes - ajuntai, excepto os homens de classes, que tenham ou não virtudes, hão de ser por força pela uma aturados; por força digo, porque é com effeito forçar a uma reduzi-la a victimas de uma classe. Porque não terá pois a riqueza representação áparte? Para não fazer estas perguntas, é que serve o direito publico; a resposta é bem simples; é porque tudo se metteu em commum no pacto da sociedade, e desde então todos os direitos ficaram igualados.

Mas os talentos, as cicatrizes, essas mil castas de cousas brilhantes, mas não privilegiadas, ficarão excluidas da urna? (se gritou aqui com bem sentimentalismo) Eu tambem tenho dó disso, mas que lhe havemos de fazer? Hão de entrar, se o merecerem; se são talentos, se são virtudes, a uma lá irá busca-los, e então não só serão representados, mas até representantes aberta lhes está esta sala, e o suffragio geral; mas agora, o que se lhe não quer dar é uma representação necessaria, reduzida a raça, e só por virtude de estado, porque isso é forçar a urna, é produzi-los, e não escolhe-los; isso se dará necessariamente, se obrigarmos a escolher por cathegorias, e nós nos responsabilisaremos pelos erros necessarios da urna, e pelos destinos ulteriores da patria. Não, nós não votaremos tão tyranno principio, mas que não se alarmem os talentos!... se o são o dilema é facil; ou essa segunda classe tem verdadeiros genios, e a uma geral os procurará, ou não os tem; e atura-los pela classe será uma grande calamidade. A classe pois que quer ser produzida pelo estado, ou pela força da lei, desconfia de se-lo pelo merito; e é mais uma razão de a não produzirmos pela uma forçada.

Representar a propriedade á parte... isto Srs., creio que não é só garanti-la, é mais alguma cousa, é aristocratisa-la; mas garanti-la contra quem? Contra a força? Lá estão as leis; só se é garanti-la contra as leis mesmas, por uma fabrica de leis para si; porque em fim, aonde se fez lei, que mande fartar a propriedade? Explicai-me bem pois este tal pensamento de representar a propriedade... Quereis vós não só garanti-la, mas que ella mesma se concentre, que se amorgadigue se não divida (como se diz) pelos rotos? Em fim quereis evitar o movimento igualisador? Pois se ella é para isso, uma tal Camara eu a declaro abominavel; não, eu não vos virei aqui propor as leis agrarias de Roma = qui tenet teneat, possessio valet = mas dividir a felicidade publica, igualar o mais possivel os homens, é o programma da humanidade; e deve sê-lo o das leis, a que preside o dia da liberdade. Pois não é já a riqueza concentrada uma aristocracia por se, uma calamidade inevitavel, uma potencia tremenda no estado, que tarde ou cedo o ameaça, (como diz Tracy)? Não é hoje a agiotagem uma alavanca perigosa, um estado de facto na Europa? Cumpre tambem faze-la governo de direito?... Ah! Srs. o movimento regenerador é inteiramente o contrario, e uma representação de riqueza á parte é anti-humana, grosseira, egoista, perigosa, e anti-liberal. E' mesmo, Srs., um crime constitucional: ella já existe, e pesa, as de nossos vindouros, se se potencialisa pela lei uma tyrannia tal!!! se se faz constitucional a agiotagem!.. E pergunto, que tem o grande proprietario a defender contra as leis, que não o tenha um cidadão ordinario? Que tem elte da mais a conservar? Algum privilegio, algum monopolio, alguma isenção? Em fim algum bem particular contra o bem geral? só isso, porque o simples góso da propriedade, essa não me consta que as leis a ninguem possam tirar; e não sei que os ricos precisem outras leis, que as dos mois. Isto pois é algum arcano sigamos pois este pensamento, e veremos que não póde ir dar, senão á defeza dos privilegios, uma aristocracia abominavel, uma representação enorme de si, e que se fará p´rste misturada á funccionaria!!! Então, Srs., a bem da desgraçada nação, antes mil vezes a aristocracia nata!

Estabilidade do systema: uma Camara vitalicia, que começa (pela sua anomalia) por degenerar o systema em usurpador, ou em autocratico, (porque põem logo em si a soberania, ou alienada ou radical,) não sei que dê muita estabilidade ao systema; mas o que eu preciso muito é, que me expliquem o que é esse pensamento de estabilidade. Se essa estabilidade é a estação do movimento liberal, em que vamos, então eu a detesto solemnemente; é precito ver pois que estação nos querem dar; estação será boa nos corpos já constituidos, n'uma organisação formada; mas estação no principio formativo, na potencia legisladora, no órgão, que está a formar todas as peças do edificio, estação no constante, que ha de levantar a maquina?.... Sr., eu não quero estação tal. Quando as peças de em edificio estão collocadas, entendo que será bom dar-lhes estabilidade, mas quando ellas estão em terra espalhadas, quando o edificio não existe, prender a potencia, que ha de eleva-las, estacionar o guindaste!... estacionem-n'o, e tudo pára: mas talvez seja isso, Srs.! Inveja-se o movimento da vida, será a estação de nada, a estatica dos sepulcros a que se deseja dar a Portugal?... tanto importa estacionar-lhe o corpo legislativo, ou o principio formativo do estado. Agora seja tambem uma estação economica? Isto é, um alto ao movimento divisorio das riquezas, que essa tal rica Camara em seus altos destinos quer dar-nos? Não é improvável... que estatistica pois, que equilibrio é esse, que nos querem dar? Será o equilibrar o interesse parcial com o geral? Aqui se disse já isso; pois eu detesto tal equilibrio em nome da justiça, e da humanidade. O equilibrio Srs. está na igual felicidade individual, na maior possivel, e no mais dividida por todos, porque o justo é o maior bem do maior numero, detesto pois em todos os sentidos o tal pensamento de estabilidade. Nós não estamos por ora vaporosos de mais; o movimento divide as moleculas, e vitalisa, a estação gela, e concentra; é assim na physica, como na moral; mas será talvez esse o pensamento... este segundo corpo é o calháo, que se mette no fluido para o fazer cristalizar em massa estacionaria. Srs., uma segunda Camara é sempre um erro de these , mas é, de mais a mais, completo erro de hypothese em Portugal. Todos os publicistas, que tem achado que dar a fazer a uma segunda Camara, é só no estado constituido; e todos convém que ella é um mal n'um estado a constituir-se.

Estamos nós constituidos, ou a constituir-nos? Eis aqui o que se responde a todos os auctores em duas palavras. Basta de decorar = pensemos = o principio conservador entre nós é um erro de hypothese: nós não temos nada consistindo: o que se ha de pois conservar? O que não ha? Nós temos a organisar os codigos, as finanças, as leis regulamentares, as leis de responsabilidade dos empregados; em fim tudo; lembremo-nos, que tudo nos falta, lembremo-nos que os estrangeiros nos invejam, os doutrinarios nos contra revolucionam, e que se nos não organisarmos a furto, e de um jacto, ficaremos sempre em embrião nacional, que é o que os estacionistas viram, e que tem conseguido em tres epocas, que temos tido de liberdade. Agora que ponhamos um embaraço na marcha do principio organisador, um pagamento na