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mas disse logo a s. ex.ª, que o documento que apresentava, necessariamente era inexacto: porque, do que eu estava convencido, pelo vêr, era, que a mortalidade, ou a exposição de crianças mortas não tinha augmentado tão extraordinariamente, como s. ex.ª quiz provar com um documento que apresentou na camara, e que vem hoje mencionado no Diario do Governo. Diz-se nesse documento –que a exposição de crianças mortas fôra, no primeiro anno, de 65, e no segundo, de 55; e que nos dois ultimos annos subira a uma somma tal, que em 1852 foi em número de 212, e em 1853 de 366, sómente nos mezes de janeiro a outubro. Ora, eu passo muitas vezes pela sé, e sei que neste local, que é justamente hoje o local em que se fazem essas exposições, era impossivel que em um anno apenas se exposessem 55 crianças. Tenho aqui um mappa, que comprehende 16 annos, pelo qual se vê, que muito longe de ter augmentado a exposição nos dois ultimos annos comparada com a dos dois anteriores acontece o contrario; Por este mappa, que é desde 1838 até 1853, vê-se que no anno de 1850, que o sr. deputado indicou terem sido expostas 65 crianças, só na sé se expuzeram 409. E isto não é para admirar, porque é muito menos do que era em outras épocas. No anno seguinte, disse o mesmo sr. deputado que a exposição fôra de 55 crianças, quando foi de 425; e nos dois annos seguintes em que s. ex.ª suppunha ter havido augmento consideravel, houve effectivamente diminuição, porque no anno de 1852 foram 291, e no anno de 1853, 253.

Ora, evitar que isto aconteça, é impossivel; isto acontece desde que eu me intendo, e talvez hoje em numero muito menor do que acontecia em outras épocas. Hoje a exposição é quasi exclusivamente feita na sé, pela circumstancia de ser o unico templo que está aberto de sol a sol, e que é construido, de modo que as pessoas que conduzem as crianças mortas, as podem alli expôr sem serem vistas; e até o cabido, muitos louvores lhe sejam dados, tomou certas providencias, para que aquella exposição fosse feita com certa decencia.

Não é, portanto, para admirar, que em uma terra, cuja população passa de 350:000 habitantes, se exponha uma ou duas crianças por dia, porque todos sabem, que a mortalidade, nos primeiros tempos da vida é muito maior, do que em outras épocas; e sendo, infelizmente em Lisboa, o numero de gente pobre muito crescido, não admira que uma ou duas crianças por dia sejam expostas, e não ha anno nenhum que chegue a isto.

Ora a fórma como as crianças mortas são conduzidas hoje aos cemiterios, talvez não seja a mais regular. N'outros tempos, quando ellas eram sepultadas nos templos, era com outra consideração. Por consequencia pelo que respeita á fórma, intendo que o sr. deputado Mello e Carvalho tem razão, e que o governo deve dar providencias a tal respeito; ainda que julgo quasi impossivel que isto se possa evitar, e appello para o testimunho de um parocho distincto desta capital (que se todos seguissem o seu exemplo, talvez estes casos estivessem mais cohibidos) que declara que não póde fazer o que fazem os parochos fóra da capital n'uma area muito circumscripta, porque em Lisboa é difficil saber os nascimentos que têem logar na sua freguezia, e até mesmo as mortes; especialmente n'uma freguezia popular, onde os arrendamentos das casas, nas classes pobres, se fazem aos mezes; talvez haja familia que mude no anno 10 e 12 vezes de freguezia. Já se vê que nestas circumstancias não é possivel haver as providencias policiaes que se empregam nas outras terras; é comtudo certo que ha muito menos providencias do que podiam, e deviam existir. Portanto approvei a proposta; e fiz agora estas observações, não tanto para incitar o governo a tomar providencias, mas para fazer desapparecer a má impressão que ha de fazer no publico, a leitura do Diario do Governo porque quem lêr o Diario poderá dizer que a desmoralisação entre nós cresce espantosamente. Sinto que não esteja presente o governo; mas: espero que os srs. tachigrafos; tomem nota do que acabo de dizer para que a má impressão que a leitura do Diario do Governo ha de fazer, desappareça com esta minha rectificação — que tem por fim provar que não ha augmento de mortalidade.

O sr. Moraes Soares: — Mando para a mesa a seguinte

Nota de Interpelação: — Proponho que se previna o sr. ministro da justiça de que pertendo interpellar s. ex.ª ácerca da refórma administrativa e judicial, relativa ao districto de Villa Real. = Moraes Soares.

Mandou-se fazer a communicação respectiva.

O sr. Jacinto Tavares: — Mando para a mesa o seguinte

Requerimento: — Requeiro que fiquem as mesmas commissões do anno passado.

E quando não seja deferido este requerimento, requeiro que as que agora se elegerem, fiquem servindo em toda a presente legislatura. = J. J. Tavares.

O sr. Presidente: — Este requerimento devia ficar para segunda leitura; mas elle importa uma questão prévia, por isso que prende immediatamente com os trabalhos, da camara; nestas circumstancias consulto a camara sobre se o requerimento ha de entrar immediatamente em discussão.

Resolveu-se affirmativamente.

O sr. D. Rodrigo de Menezes: — Abundo perfeitamente nas idéas do illustre deputado, que acaba de fazer esta proposta; mesmo para tirar o odioso pelo tempo que se gasta com a eleição das commissões. Quando no anno passado propuz que a camara nomeasse commissões em logar de secções, foi para estas vigorarem toda a legislatura. Peço a v. ex.ª que tenha a bondade de mandar lêr a proposta, que fiz na sessão de 4 de fevereiro, e lá se achará, que as commissões eram para durar toda a legislatura; e nestas circumstancias parece-me que a questão está decidida pela camara desde então.

O sr. Rivara: — Quando no anno passado foram eleitas as commissões, estava na camara muito pequeno numero de deputados; depois disto vieram alguns srs. deputados, e agora ultimamente vieram muitos outros; o resultado foi, que alguns deputados ficaram excessivamente sobrecarregados de trabalho, pertencendo a muitas commissões, e outros ficaram completamente alliviados, não pertencendo a nenhuma. Ora se isto aconteceu no anno passado, quando o numero de deputados que faltavam era menor, hoje que entraram muitos mais, o que se segue é que esta desigualdade se torna agora muito mais sensivel. (Apoiados) Eu pertenço, á falta de homens, a tres ou quatro commissões; e se agora houver novas eleições, de