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to achar-se presente o Sr. Presidente do Conselho, desejava eu, que S. Ex.ª dissesse alguma cousa sobre uma pergunta que vou fazer-lhe. Sr. Presidente, corre, e parece-me que com algum fundamento, que ha uma crise Ministerial, indigita-se o Cavalheiro que ha de sair....

O Sr. Presidente: — Queira o illustre Deputado dizer qual é o objecto preciso para que pediu a palavra, visto que o Regimento marca termos diversos segundo a diversidade das Propostas.

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Está já claro que é para interpellar o Sr. Presidente do Conselho sobre a crise Ministerial....

O Sr. Presidente: — Nesse caso queira fazer a sua Proposta ou Nota de Interpellação para seguir os termos do Regimento, e lembro ao Sr. Deputado o que dispõe Regimento a respeito das Interpellações

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Pois eu vou formular a Proposta, e mandal-a para a Mesa. É a seguinte

Proposta. — «Desejo interpellar o Sr. Presidente do Conselho de Ministros, sobre se ha ou não crise Ministerial.» — A. da Cunha.

O Sr. Presidente. — Como não requer mais nada, manda-se fazer a competente communicação nos termos do Regimento, ou dos precedentes.

(O Sr. Cunha Sotto-Maior riu-se).

O Sr. Presidente: — Eu não admitto risadas sobre isto (Apoiados) é objecto do Regimento, e este é bem claro na sua disposição 9.ª addicional..... (Apoiados)

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — O Regimento não manda que eu chore; V. Ex.ª é Presidente....

O Sr. Presidente: — Chamo o Sr. Deputado á Ordem.... (Os Srs. Silva Cabral, Lopes Lima, Carlos Bento e outros chamaram o Sr. Presidente á Ordem e houve grande sussurro)

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Oh! Sr. Presidente, onde está a disposição do Regimento que prohibe rir?....

O Sr. Presidente: — Eu chamo o Sr. Deputado á Ordem...

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Não quero, porque não acceito, nem soffro uma injustiça....

O Sr. Presidente: — Eu chamo o Sr. Deputado á Ordem, e appello para a Camara, para tomar em conta esta intolerancia do illustre Deputado. (Muitos apoiados. — Vozes: — Não apoiado).

O Sr. Presidente: — Eu peço aos Srs. Deputados que se contenham, por conveniencia da Causa Publica, cada um nos seus limites.

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Eu peço a V. Ex.ª que não continue com a intolerancia que tem praticado para comigo, sou um homem bem creado, e não venho aqui para receber.... (Vozes: — Ordem, Ordem).

O Sr. Presidente: — Eu torno a chamar o Sr. Deputado á Ordem, e vou ler o Regimento na parte que lhe é applicavel pelo modo porque se tem havido, e hei de applical-a convenientemente....

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — E eu hei de protestar contra a tyrannia de V. Ex.ª (Vozes: — Ordem, Ordem.)

O Sr. Presidente: — Farei primeiro a leitura da disposição 9.ª do Regimento: é a seguinte (Leu.) O Sr. Deputado devia mandar a sua Nota por escripto, e depois tinha esta a communicar-se ao Sr. Ministro. O Sr. Deputado, depois de admoestado pela Mesa, sobre os termos a seguir, mandou a sua Nota por escripto; disse-se da Mesa, que se mandava communicar ao Sr. Ministro, por isso mesmo que o Sr. Deputado mais nada pediu: (Apoiados) se tivesse pedido a urgencia, estava no seu direito, mas não o fez, e a Mesa não é que a havia de propôr, nem tão pouco a dispensa do Regimento para ter já logar a Interpellação; (Apoiados) era ao Sr. Deparado, que cumpria fazer esse pedido, (Apoiados) não o fez, e, em logar disso, por causa diurna observação da Mesa, descomediu-se, o sendo por esse descomedimento advertido pela Mesa, não quiz annuir ao chamamento á Ordem, que por mais de lues vezes lhe fez a Mesa; portanto eu vou ler, para este caso, a disposição dos art.ºs 30.º, 32.º e 33.º do Regimento — diz ella o seguinte (Leu.)

Vou pois mandar lançar na Acta o nome do Sr. Deputado; (Apoiados) mas no entretanto observo á Camara, que a disposição do citado art. 33.º do Regimento não é sufficiente para reprimir a intolerancia continuada, em que está o illustre Deputado. (Apoiados.) Agora vou sujeitar á decisão da Camara, se o illustre Deputado, Cunha Sotto-Maior, estava oh não na Ordem, quando fez as suas interpellações, e não acquiesceu ao chamamento á Ordem, antes muito se descomediu. E sobre isto que vou consultar a Camara....

O Sr. Carlos Bento: — Peço a palavra sobre a Ordem.

Muitos outros Srs. Deputados pediram a palavra sobre este incidente.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Carlos Bento.

O Sr. Carlos Bento: — Sr. Presidente, é bem desgraçada a questão a que se quer ligar uma importancia, que realmente ella não tem. E desgraça que o Parlamento Portuguez, que deve apresentar aos olhos do Paiz uma face de dignidade, apresente o facto, que ora teve logar. (Apoiados.) Honram-mo muito os apoiados; mas posso assegurar aos Srs. Deputados, que não tenho menos consciencia de quaes são os deveres dos Representantes do Paiz, do que teem SS. Ex.ªs Eu tenho visto os primeiros Parlamentos da Europa, e em nenhum delles se segue a lettra morta de um Regimento, quando se pertende tractar de objectos importantes tal como este, em que se apresenta uma crise Ministerial. Objectos destes, Sr. Presidente, não se devem logar ás disposições de um Regimento, que não prevê, nem póde prever similhantes casos.

Sr. Presidente, V. Ex.ª póde, e deve conservar a Ordem, tem muitos meios á sua disposição para o fazer, sem que se levem as provocações ao ponto de já ninguem poder justamente ser arguido por practicar qualquer acto, a que julga ter sido injustamente levado, e provocado. V. Ex.ª é que provocou este incidente; e eu pedi a palavra, quando V. Ex.ª disse — Que não permittia risos. — Sr. Presidente, ha uma crise Ministerial com um Ministerio, que tem Maioria, pertende-se saber o que isto é, ou significa, e não se permitte, que a questão se desenvolva, e progrida, porque as formulas frias do Regimento se lhe oppoem!

Ora, Sr. Presidente, eu não sei que o riso seja prohibido no Regimento: sei que o riso nem sempre