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appello para a Camara, e acredito que a Camara será ciosa do seu decoro para não consentir que um Deputado, cuja reputação se pertendeu assassinar, se não defenda perante os seus Pares, no unico logar em que o póde fazer. (Apoiados)

O Sr. Rebello da Silva: — Sr. Presidente, pedi a palavra, porque entendo, como acaba de dizer o illustre Deputado, que este negocio é um daquellas que exíge que a Camara dispense a inflexibilidade cio Regimento. Se o Regimento não é inflexivel, quando algum Deputado suppõe uma crise Ministerial, muito menos o deve ser para deixar suspensa a honra de um Representante da Nação, como foi a do illustre Deputado, de quem sou Amigo. Eu não sei qual será a posição desta Camara depois do que é tem passado se, pedindo vim Deputado para fallar, a Camara negasse a este Deputado appellar para o juizo do Povo e da Nação, defendendo uma vida que até hoje está sem mancha, uma vida illibada, uma vida que ainda se não manchou com algum desses negocios vis e ruinosos, que fazem corar o Paiz e os Govêrnos. Sr. Presidente, este negocio, torno a dize, envolve a dignidade da Camara; é um dos seus Membros que geme debaixo do pezo de uma grave accusação; este illustre Deputado appella para a Camara, e eu espero que ella não ha de neste caso antepor a inflexibilidade do Regimento, já que a não antepõe, quando algum Deputado suppõe uma crize Ministerial; porque o de que se tracta agora, é mais alguma cousa.

O Sr. Vaz Preto: — Parece-me que a Camara não deve hesitar em conceder a palavra ao Sr. Deputado, que pede se lhe permitta explicar-se sobre os factos que pesam sobre elle, e nem devem temer-se pelas consequencias; porque eu entendo que se qualquer Deputado vergar debaixo de igual prazo e circumstancias, se lhe deve conceder o mesmo; mas sr não estiver nessas circumstancias, não se lhe póde conceder. Por consequencia para não gastar mais tempo, peço que se consulte a Camara sobre isto.

O Sr. Presidente — Uma vez que a Proposta está em discussão, não póde deixar de continuar, e não é costume, depois de se fallar na questão, pedir — se que se julgue a materia discutida, por consequencia não posso pôr a votação o requerimento do Sr. Deputado.

O Sr. Gorjão Henriques: — Eu expliquei-me bem quanto aos dois primeiros quesitos da Proposta; parece-me que dei bem a entender qual era a minha opinião; é natural que ella seja segundo a justiça o reclama; mas em quanto ao terceiro quesito, disse, que não seria conveniente dispensar-se o Regimento. O illustre Deputado com razão está sensibilisado, porque suppõe a sua reputação manchada, e a sua impaciencia não lhe permitte esperar uma ou duas hora; quer interromper o discurso de um Orador que tem a palavra sobre a Ordem do Dia, e da qual começou hontem a gozar, e este é verdadeiramente o caso em que está collocada a questão; mas se o Orador, depois de o illustre Deputado responder sobre este ponto, apresentar outros factos, em que o illustre Deputado se julgue offendido, quererá interromper pela terceira vez o Orador para se justificar. Foi consequencia perdoe-se-me que diga que é uma especie de frenezi da parte do illustre Deputado querer dar a explicação sem acabar o discurso do illustre Deputado, que está fallando.

Tambem é preciso que responda ao illustre Deputado, quando disse que não era exacto o que eu tinha apresentado a respeito do que aconteceu com o Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros. O Sr. Ministro não fez uma Proposta que mandasse para a Mesa, para ser consultada a Camara: mas o Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros levantou-se, dirigiu-se V. Ex.ª dizendo que desejava desde logo dar uma Explicação, e V. Ex.ª sem consultar a Camara, como era do seu dever... (O Sr. Presidente — Nego). O Orador: — Nega? Faz V. Ex.ª favor de me indicar o que eu vou dizer? V. Ex.ª sem consultar a Camara, como era do seu dever, disse: — o Regimento diz isto, e as prescripções do Regimento são estas — a Camara apoiou a resposta que V. Ex.ª deu ao Sr. Ministro, e não apoiou a Proposta do Sr. Ministro; nem disse — falle, falle, que é o modo porque costuma expressar o seu voto neste caso, mas a Camara não apoiou a S. Ex.ª, logo sanccionou o que V. Ex.ª fez. Este o que é o facto.

O Sr. Presidente: — O Presidente não precisa propôr a Camara o que é da sua competencia, executa o Regimento, e nunca propõe a sua execução ou rejeição. Não houve uma Proposta, o Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros dirigiu-se á Mesa, pedindo para dar uma Explicação; o Presidente com o Regimento na mão disse que não tinha logar; o Sr. Ministro não fez Proposta, por consequencia o Presidente não a podia fazer (O Sr. Gorjão Henrique: — V. Ex.ª está confirmando exactamente o que eu disse). O Orador: — O Presidente não o podia fazer, digo, nem os Srs. Deputados hão de querer que o Presidente tome sobre si o alterar o Regimento. O Presidente e o fiel e rigoroso executor do mesmo Regimento (Apoiados).

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — O Sr. Avila não póde duvidar um momento da consideração que tenho por S. Ex.ª; tome» porém a palavra, porque sou um Deputado que não tem medo, que nem a calumnia possa dizer que eu tenha na minha vida publica um só acto que me deslustre e deshonre; por consequencia poso pedir a palavra e usar della. E exacto que o Sr. Silva Cabral não desconsiderou o Sr. Avila, atacou o Governo por um facto notorio, e ainda pende um Discurso, e desse Discurso, pendem manifestações e revelações para fazer estremecer o Governo. Não é conveniente pois que se suspenda o debate para ouvir um Deputado; antes do Sr. Avila está o Paiz; primeiro o Paiz, depois o Sr. Deputado. Se a cada passo um Deputado que fosse injuriado pedisse a concessão da palavra, então tinha eu constantemente de a pedir, porque constantemente sou aqui injuriado; mas despreso as injurias, e sou superior aos seus ataques. Portanto, sem desconsiderar o Sr. Avila, entendo que primeiro está o Pai?, entendo que primeiro a Camara deve ouvir as accusações que se vão fazer ao Ministerio, entendo que primeiro, o Ministerio deve pedir a palavra para se defender dessas accusações que o esmagam, e por isso voto contra a Proposta do Sr. Avila.

O Sr. Presidente — Não ha quem mais lenha a palavra, por consequencia vou propôr á votação a Proposta dividida em partes. Em primeiro logar pergunto á Camara se dispensa o Regimento para poder ter logar a Explicação pessoal, visto que o Regimento prescreveu as Explicações pessoaes A Camara resolveu affirmativamente