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Na mão para rever e corrigir, e se póde comparar. Eu pertendia esta rectificação, porque no Extracto que -vem no Diario do Governo, diz-se, entre outra cousas do mesmo jaez, que eu dissera — que os Srs. Ministros tinham qualidades que os tornavam aptos para -gerir a Administração Publica. — Eu tal não disse, e por modo nenhum quero se me impute aquillo que não proferi. Porém para provar a rasão da minha instancia, direi a V. Ex.ª que fiz esses apontamentos, (e são os que mandei para a Meza) por me terem sido pedidos para o Extracto da Sessão, que os apromptei e mandei a horas, e que no dia seguinte vi no mesmo Extracto uma cousa differente do que está nesses papeis.

Em conformidade pois desta disposição do Regimento mandei-os á Meza, porque realmente não occupavam talvez meia columna do Diario; V. Ex.ª teve a bondade de dizer-me o que já acabei de referir — Que fazia despeza, e que parecia um Discurso — mas por certo que o artigo addicional não dispõe cousa alguma a respeito da extensão da rectificação, diz» — Serão rectificado os Discursos que foram mal descriptos — e não diz — Não serão rectificados os que forem longos. — E ainda que eu tinha meios para fazer publicar o de que se tracta nesses jornaes, porque já se -me offereceram para isso, com tudo não pertendo senão que sejam publicados pela disposição do Regimento.

O Sr. Presidente — Este objecto realmente não é para argumentação, porque não só pelo que está escripto; mas segundo todos os precedentes a rectificação não importa um Discurso completo, mas o restabelecimento verdadeiro da parte desse Discurso que foi alterada. Porque não manda o Sr. Deputado a rectificação áparte do Extracto feito no Diario, que ha pouco stygmatisou! A Meza pois torna a dizer, que não quer tomar sobre si um similhante encargo, porque adoptado o precedente para um ha de adoptar-se para todos os Srs. Deputados. A Meza pede mesmo á Camara que nomeie uma Commissão para tractar deste objecto; mas outra vez noto, que a Camara votou uma verba para as despezas, e que estabelecido o precedente, como disse, deve acabar-se o Diario da Camara, admittindo-se no Diario do Governo o Discurso de cada um dos Srs. Deputados. E será isto conveniente e possivel?

O Sr. Vaz Preto: — (Sobre a Ordem) Sr. Presidente, eu já declaro, que se se restringir unicamente á rectificação, digo que sim; mas se e Discurso inteiro, digo que não.

O Sr. Presidente: — Em uma palavra, convido o Sr. Deputado a mandar a sua — rectificação — para a Mesa, para, depois da resolução da Camara, se mandar inserir.

O Sr. Assis de Carvalho: — A minha rectificação não a tenho em meu podér, e até mandei suspender a sua publicação n'um Jornal que a quiz publicar. Hontem á noite pedi o favor a um dos individuos que teem parte na redacção desse Jornal, que não publicasse essa rectificação até a Camara decidir; por consequencia não a posso mandar para a Mesa, porque a não tenho em meu poder, nem me parece que rectificações sejam cousas que se leiam aqui na camara. Rectificar um Discurso é substituir um Discurso por outro, e o Regimento diz Discurso, e não Extracto; portanto dando o Regimento direito a qualquer Deputado de rectificar um Discurso, e pedindo eu a rectificação de um Extracto, ainda peço menos alguma cousa do que concedo o Regimento.

O Sr. Presidente: — Bem; não tem a palavra senão para isso que a Mesa perguntou; a discussão não continua. Vou propôr á Camara se consente que se imprima n® Diario do Governo a rectificação do Sr. Assis de Carvalho, e quaesquer que forem mandadas por outros Srs. Deputados: mas eu desde já digo, que a Mesa não toma sobre si o examinar se são rectificações ou Discursos, porque não tem tempo para isso.

Approvou-se que a rectificação se imprimisse no Diario do Governo.

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Sr. Presidente, eu tive hontem á noite -noticia de um facto horroroso, e que demanda explicações urgentissimas: nesta conformidade mando para a Mesa o seguinte

Requerimento. — «Requeiro que V. Ex.ª consulte a Camara, se me concede a palavra antes de se entrar na Ordem do Dia, para interpellar o Sr. Ministro da Guerra, sobre dois assassinatos commettidos em poucos dias pela força publica militar.» — A. da Cunha Sotto-Maior.

O Sr. Presidente. — Eu primeiro consulto a Camara -sôbre se considera urgente este Requerimento.

Resolveu-se que era urgente.

(Continuando.) Agora devo propôr á Camara se dispensa o Regimento a fim de ter logar já a interpellação, mas antes disso é necessario que o Sr. Ministro da Guerra declare, se está ou não habilitado para responder....

O Sr. Ministro da Guerra: — Depois de ouvir lêr.

O Requerimento, se puder responder, responderei se a Camara me der licença.

O Sr. Presidente: — É uma nota para Interpellação; vai lêr-se. (Leu)

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Ainda não declarei o objecto....

O Sr. Presidente: — Já declarou, porque diz — dois assassinatos. O Sr. Ministro dirá se sim ou não está habilitado para responder.

O Sr. Ministro da Guerra: — Sim, Senhor.

Foi logo dispensado o Regimento para que a Interpellação tivesse logar desde já.

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Sr. Presidente, a minha posição nesta Camara é bem desgraçada; ainda não pedi aqui a palavra senão, ou para condemnar injustiças, ou para revelar crueldades...

Foi preso um Proprietario do Sobralinho, chamado José Antonio Pereira: o homem foi mettido na cadêa de Torres Vedras; o quando entrou disseram-lhe a Desta você não escapa m: o que prova que o seu assassinato estava premeditado. Invocou-se o pretexto de remover este preso da cadêa de Torres Vedras para a cadêa de Obidos, e a esse fim foi uma escolta de treze soldados. Vá a Camara notando estas circumstancias todas, listes treze soldados foram á cadêa de Torres Vidra, tiraram o preso, puzeram-lhe anginhos, e como ía tambem outro preso, amarraram-lhes os braço, e jungiram um ao outro..... (O Sr. Corrêa Leal: — Jungiram!...) Uniram, se não querem que seja jungir; não faço questão de palavras; o facto é muito importante para estarmos a fazer questão de palavras. (Apoiados) Os dois presos vão unidos ou jungidos (como quizerem) e á saída da Villa, a escolta tomou por um caminho que não era o que conduzia a Obidos. José Antonio Pe-