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a illustre Commissão exíge que digamos na Resposta ao Discurso do Throno, que as Possessões Ultramarinas mereceram a attenção do Governo, tenho direito a exigir que se prove com factos esta asserção; não o fazendo, não posso votar por ella.

Sr. Presidente, eu sinto que a minha posição nesta Camara me obrigue a propalar estas verdades, e a fazer uma especie de censura ao Ministerio, dirigido nas horas vagas por um Cavalheiro, de quem ha muitos annos sou Amigo, espero continuar a sel-o, porque SS. Ex.ªs hão de deixar de ser Ministros primeiro, que eu deixe de ser Amigo; mas assim como eu não vejo naquelle banco senão Ministros, espero que S. Ex.ª não verá tambem nesta cadeira senão um Deputado, que cumpre com o seu dever; além de que S. Ex.ª tem grande desculpa, e eu sou o primeiro a ser seu Apologista; porque na verdade só nas horas vagas, como disse, é que o Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros poderá abrir a furto essa infeliz Pasta de Marinha e Ultramar, que contendo em si materia sufficiente para absorver a attenção não só de um, mas de dois Ministros, porque só o nosso Ultramar é um vasto Imperio, composto de muitas Nações, de territorios e climas differentes, e povos diversos em linguagens, em religião, em costumes, e até nas côres, cuja administração exigiria um estudo profundo e prolongado; e que por um defeito da nossa organisação governativa anda annexa á de Marinha, que tambem só por si poderia occupar um Ministro, que quizesse elevar a nossa Marinha, não digo já aos tempos historicos, mas á cathegoria que hoje nos caberia como Nação Maritima; esta Pasta pois tão ponderosa, o Ministerio actual entendeu, que não era mais que uma excrecencia governativa, que bem se podia arrojar aos pés de um Ministro de outra Repartição, á qual tem de consagrar os primeiros cuidados, e levar o dia a receber Diplomaticos, e a tractar negocios de alta monta de Politica externa.

Este facto só por si, Sr. Presidente, é o maior testemunho que prova a nenhuma attenção que tem merecido ao actual Governo as desgraçadas Provincias do Ultramar, que são tractadas como um morgado dissipador que vive na Côrte, tracta umas herdades rusticas, que nunca viu, e de que já não faz caso, porque não lhe rendem já nada no estado de ruina, a que as deixou chegar. Pois este despreso systematico póde produzir fataes consequencias; não procuro desenvolver esta idéa. Não desejo ser Cassandra. Mas quero cumprir com o meu dever.

Sr. Presidente, eu não sou agora Deputado do Ultramar; mas sou Deputado da Nação: já tive a honra de o ser duas vezes, e por duas Provincias Ultramarinas. Devo ao Ultramar affeições: tenho-lhe consagrado muita parte dos meus estudos; e por isso como Deputado de todo o Paiz, erguerei um brado em favor daquella parte desvalida da Monarchia Portugueza, para chamar a attenção desta Camara (porque a do Governo pouco conto com ella) em favor daquellas Provincias; a fim de que ellas possam conhecer (repetirei uma frase do Sr. Ministro) que a Mãi-Pátria não só ainda vive, mas tambem que ainda é Mãi e não Madrasta. Por todos estes motivos vou mandar para a Meza uma Substituição ao §11: conto já que ha de ter a mesma sorte das outras que se tem offerecido; mas cumpro com o meu dever. (Leu, é a seguinte)

Substituição. — «As Provincias Ultramarinas, tão preciosas para Portugal não só pelas suas recordações de gloria, como tambem pelos immensos e mal aproveitados recursos, deverão certamente merecer a attenção de um Governo que reconheça o que ellas valem, para as tirar do abandono em que têem jazido, e que applique os seus disvellos a propôr em favor dellas um bem combinado systema de administração, e colonisação, que desinvolva simultaneamente as suas muitas riquezas, e a sua civilisação, e promova o bem estar dos seus habitantes. A Camara não póde deixar de solicitar em favor dessa parte tão interessante da Monarchia Portugueza providencias efficazes; ás quaes prestará a sua activa cooperação, se nellas vir remedio prompto á decadencia que naquellas Provincias se observa, e aos muitos males e vexames, que aquelles povos estão soffrendo.» — O Deputado J. J. Lopes de Lima.

Posta á votação não houve numero de votos que a validasse.

O Sr. Presidente: — Não ha numero, e por consequencia não posso sujeitar á votação a Substituição do Sr. Deputado; fica por tanto para a Sessão seguinte.

O Sr. Silva Cabral: — V. Ex.ª faz favor de me dizer quaes são os Senhores, que estão inscriptos para fallarem neste objecto?

O Sr. Presidente: — São os seguintes (Leu) A Ordem do Dia para a Sessão de terça feira, que é o primeiro dia de trabalho, é a continuação da de hoje. Está levantada a Sessão. — Eram mais de quatro horas da tarde.

O 1.º Redactor,

J. B. GASTÃO