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do o que aconteceu em 1830, quando foi consultada a Escola Polytechnica a respeito de uma Cadeira de Botanica. — Eram tres os concorrentes: os Srs. Beirão, José Maria Grande, e Figueiredo; o Conselho da Escola consultou a favor do primeiro, e o Ministro de então, se bem me recordo, era o Sr. Conde de Bomfim, o qual não se conformando com a proposta, mandou ao Conselho, não que abrisse novo Concurso, mas sim que preferisse o Sr. José Maria Grande, e effectivamente assim se fez, e com tudo nesse tempo ninguem julgou que esse procedimento do Ministro daquella época fosse iniquo. E muito facil fazer accusações, mas proval-as não é commummente a tarefa da Opposição, (Apoiados)

Ainda pésa sobre mim outra accusação, que é a de que eu não provi um Alferes Alumno; esta arguição é de tal natureza que não merece a pena de defeza; entretanto direi que sobre este objecto não tenho o mais pequeno procedimento, justo ou injusto, que podesse occasionar a accusação, porque effectivamente não ha procedimento algum da minha parte a este respeito, porque nunca na Secretaria da Guerra appareceu requerimento sobre este objecto.

Disse-se tambem, que o Governo não é economico. Eu não sei em que os Srs. Deputados, que produziram estas asserções, fazem consistir as economias; o que sei é que a Administração a que tenho a honra de pertencer exerce, sempre que julga compativel com o bem do serviço, esse principio de economias, e pela minha parte tenho feito tudo quanto está ao meu alcance; e se as circumstancias do Thesouro não fossem taes, como infelizmente são, poder-se-ía dizer, que eu até era mesquinho; porque tenho na minha Repartição alguns logares vagos, e não os tenho preenchido, porque julgo que o serviço se póde fazer sem prejuizo, continuando esses logares a estarem vagos; e parece-me que quem assim obra, tem idéas economicas, e se isto não são economias, ignoro quaes ellas sejam, (Apoiados)

Por esta occasião de fallar em economias, lembra-me que ainda não vai longe o tempo, em que nesta mesma Casa eu fui arguido por haver mandado fazer arrematações ruinosas para o fornecimento do Exercito, e então fizeram-se-me mui grandes imputações a esse respeito; mas brevemente, e em occasião opportuna, espero mandar para a Mesa, a fim de ser examinado pelos Srs. Deputados, um Mappa em que se demonstra o fornecimento actual do Exercito, comparado com o que havia antes, e então espero, que a Camara ha de avaliar as economias que se fizeram, que são de muitos contos de réis, e estou persuadido que é com fados desta natureza que se provam as economias do Governo, e não com palavras, como são as arguições que se lhe fazem, sem descer ao campo positivo das provas e dos factos. (Apoiados)

O Sr. Presidente. — Acho-me incommodado, e por isso peço ao Sr. Vice-Presidente que queira subir á Mesa para tomar a Presidencia.

O Sr. Vaz Preto passou a occupar a Cadeira da Presidencia.

O Sr. Presidente do Conselho: — Peço a palavra por parte do Governo.

O Sr. Presidente: — Tem S. Ex.ª a palavra.

O Sr. Presidente do Conselho: — Sr. Presidente, pela primeira vez na minha vida fui accusado de assassinio e de furto. Palavras severas sairão da minha bôca. A Camara me fará justiça se acreditar, que o faço com a maior violencia e repugnancia.

Um pacto de sangue firmado sobre um cadaver foi celebrado poucos dias depois da batalha de Torres Vedras pelo actual Presidente do Conselho. A forca, a maldição sobre mim se o crime se provasse: a forca, a maldição sobre o accusador se a accusação fosse uma calumnia, diria eu, com a Ordenação do Reino, se o veo da impunidade não cobrisse o Deputado pelo que profere nesta Casa; mas sem esse =; e veo o Sr. Antonio da Cunha Sotto-Maior não teria por certo feito soar neste recinto similhante accusação.

O crime consistia no assassinio de um Correio do Conde das Antas, ou do Conde do Bomfim, para me apoderar da sua correspondencia: o premio do crime foi uma isenção completa de pagar direitos de Barreira pelos generos que introduzisse em Lisboa; o perpetrador do assassinio foi Filippe do Sobral, segundo me respondeu por escripto o Sr. Deputado, porque logo que se sentou, tive a coragem de ir placidamente perguntar-lhe nome, e circumstancias do facto, porque era accusado.

E depois de decorridos dous annos, depois da celebre discussão que em Janeiro do anno passado teve logar na Camara dos Pare, em que tomaram parte os Condes de Bomfim, e Antas; e na qual por certo não fui poupado, depois das invectivas e calumnias que nesses dois annos se tem publicado contra mim nos Jornaes Republicanos, cujos Redactores dotados da mais fertil imaginação tem pelo menos tão escrupulosa moralidade no que escrevem contra seus adversarios politicos, como o Sr. Deputado a que me refiro, quando ataca os Ministros; é só depois de tudo isto que similhante facto apparece no Publico pela primeira vez.

O Sr. Silva Cabral: — Peço ao Sr. Presidente que tome nota da maneira, porque S. Ex.ª está comparando a moral de um Deputado.

O Orador: — Quando fui accusado de ter roubado 400$000 réis, ouvi o nobre Deputado sem o interromper. Espero que se me faça o mesmo.

É falso o facto alludido; nunca existiu, e de todas as indagações a que tenho procedido, o unico resultado foi o lembrarem-me os Officiaes do meu Estado Maior, que durante a guerra interceptámos dois portadores; um o Cor[…] Barbosa, que ficando solto em Lisboa, voltou ao serviço da Junta, e como Sargento ficou prisioneiro em Torres Vedras, tornando depois a fugir para o Porto: outro mandado de Castello Branco áquella Cidade, pai de um soldado de Cavallaria n.º 8, que estava comnosco, foi conduzido préso á minha presença, e em logar do rigoroso tractamento que podia dar-lhe, seguindo o exemplo da Junta, que lançou nas enxovias da Relação do Porto ao Correio Paulo, dos Negocios Estrangeiros, que levava Officios para Hespanha, e alli o conservou até ao fim da guerra; mandei-lhe entregar a cavalgadura, e lhe dei quatro moedas para voltar para Castello Branco. As cartas ou bilhetes que chegaram á minha máo na noite de para 23 de Dezembro de 1846, não foram interceptadas, foram entregues pelo portador aos meus piquetes.

Foi o premio a faculdade de entrar as Barreiras sem pagar direitos! Vou lêr um attestado do Primeiro Escripturario da Repartição das Sete Casas, e um Officio dirigido ao meu Collega dos Negocios da Fazenda, pelo Director da mesma Repartição.