O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

SESSÃO N.º 17 DE 17 DE AGOSTO DE 1905 5

terra portugueza só pela agricultura se podia levantar. Foi nesta pasta, que é uma multiplicidade de pastas, - para as quaes lá fora se pretendem tres ou quatro homens de larga envergadura, - que elle mostrou que tinha arcaboiço para todas. Dedicou-se especialmente ao lado agricola e industrial, e ahi demonstrou as suas ideias excepcionaes de estadista e mostrou o seu braço de ferro. (Apoiados).

Não nos deslumbrou com innumeros relatorios, não nos incommodou com innumeras commissões, não consultou este e aquelle para não fazer cousa nenhuma; estudou, reflectiu, gerou e produziu. (Apoiados). E a obra é d'elle, é de Eraygdio Navarro. (Apoiados).

Quando um dia alguem pretender fazer com que esta terra, atrasada como está, se levante ao nivel das nações de segunda ordem,-onde o progresso o perfeitamente senhor d'ellas, onde a civilização campeia,- ha de lembrar-se de Emygdio Navarro.

Como parlamentar, Emygdio Navarro se não foi um José Estevam, um Garrett, foi um parlamentar notavel. Se a sua modalidade era principalmente para o jornalismo, como parlamentar foi distincto entre os mais distinctos. (Apoiados).

Do Conselheiro Francisco de Castro Mattoso posso dizer que tive com elle relações pessoaes sufficientes para lamentar a sua perda e para sentir que a magistratura portugueza perdesse um dos seus ornamentos mais brilhantes.

Aproveito o ensejo para dirigir ao nobre Presidente do Conselho, de quem o illustre extincto era irmão e com cuja amizade muito me honro, - embora d'elle me distanciem as opiniões politicas, - as minhas condolencias, humildes mas sentidas. (Vozes: - Muito bem, muito bem).

(O orador não reviu estas notas).

O Sr. Abel Brandão: - Permitta-me V. Exa. e a Camara que me associe tambem, com profundo pesar, á dor enorme que neste momento invade a alma portugueza.

A memoria do Conselheiro Francisco de Castro Mattoso já os oradores precedentes se referiram brilhantemente, enaltecendo as qualidades do morto tão illustre; eu, porém, como Deputado dos mais humildes e dos menos conhecidos, não quero deixar de render as minhas ultimas homenagens áquelle que em vida foi uma das glorias mais eminentes e mais alevantadas da magistratura portugueza.

Espirito esclarecido, caracter austero, a sua figura, como juiz, jamais se apagará nos tribunaes do nosso paiz e as suas sentenças, sempre ditadas por uma imparcialidade, por uma rectidão e por uma justiça só proprias do seu caracter, são verdadeiros repositorios dos principios mais nobres da nossa sciencia judicial.

E por isso que em mim, como em todos nos, se sente uma dor tão profunda pela sua morte e que rendemos á sua memoria a nossa mais respeitosa homenagem. (Vozes:- Muito bem, muito bem).

O Sr. Carlos Ferreira: - Sr. Presidente: uma referencia tão amavel, como immerecida, do meu querido amigo e leader da maioria o Sr. Antonio Cabral, chamou-me á realidade do cumprimento dos meus deveres, a que não costumo eximir-me.

Cumpre-me, Sr. Presidente, neste momento, associar-me, não como membro d'esta casa do Parlamento, - porque então não teria de o fazer, a não ser com o meu voto, visto que o elogio dos illustres extinctos já foi feito pelo Governo e pelos representantes da maioria e da minoria, mas especialmente como jornalista, á memoria de Emygdio Navarro, o mestre do jornalismo portuguez, o gigante da tribuna da imprensa.

Não podia, Sr. Presidente, deixar de o fazer desde que foi lembrado qne Emygdio Navarro escrevera no Correio da Noite, jornal que actualmente tenho a honra de dirigir.

Foi nesse jornal que Emygdio Navarro tanto brilhou, onde o seu espirito irradiou a mais intensa luz, numa época em que o seu talento não era maior, mas que tinha os clarões da mocidade, e estava em toda a pujança da vida.

Era, pois, meu dever levantar-me para saudar com respeito a sepultura d'aquelle que em tempo tanto honrou esse jornal.

Emygdio Navarro foi uni dos mais distinctos ornamentos d'esta Camara. Quando cheguei ao campo da politica, quando me filiei no partido progressista, circumstancias especiaes, d'essas tempestades que de repente se levantam neste mar encapellado que se chama a politica, tinham-no afastado do partido progressista: mas o que nunca deixei de reconhecer em Emygdio Navarro foi a incontestavel superioridade que o discipulo reconhece ao seu mestre. (Muito bem).

Tive muitas vezes que combater com elle - e tive sempre de reconhecer que Emygdio Navarro, no mais acceso da luta, no maior ardor da paixão, foi sempre grande.

Junto, pois, como jornalista, o meu sentido preito á memoria do homem que tanto honrou o jornalismo, e que, como Ministro das Obras Publicas, prestou serviços que mostraram o seu elevado talento e grande envergadura. (Apoiados).

Paz á sua alma, como homem; respeito á sua penna de jornalista,- que se quebrou no momento em que se quebraram as ultimas energias d'aquelle grande espirito!

Associo-me, tambem de todo o coração, e com verdadeiro pesar, ás manifestações de sentimento pela morte do Sr. Conselheiro Mattoso Côrte Real.

Respeitei-o sempre como magistrado, como homem, e tenho gratas recordações da deferencia e cortesia com que sempre me tratou.

Se me não ligaram ao Conselheiro Mattoso Côrte Real relações intimas de amizade, sentia nelle como que o reflexo da estima e consideração que me dispensa seu irmão, o nobre Presidente do Conselho.

O elogio do Sr. Conselheiro Mattoso Côrte Real está feito por membros dos mais distinctos d'esta Camara. Resta-me, pois, apenas, dizer que o extincto soube juntar ás tradições fidalgas de sua familia as qualidades do trabalho. (Apoiados).

(O orador neto reviu).

O Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros (Eduardo Villaça): - Permitta-me V. Exa. e a Camara juntar uma nota pessoal ás commemorações que acabam de ser feitas pelo fallecimento de dois homens que foram distinctos ornamentos d'esta Camara.

A existencia do Conselheiro Mattoso Côrte Real pode dizer-se que foi brilhante e unicamente vivida para o seu paiz nos largos e numerosos cargos que desempenhou.
Francisco Mattoso foi amigo dedicado dos meus paes e meu.

Portanto, ao respeito que devo á sua memoria, junto a saudade que me faz o seu desapparecimento.

De Emygdio Navarro, a quem já se referiram todos aquelles que me antecederam no uso da palavra, eu direi que, como jornalista, ninguem o excedeu, como parlamentar poucos o igualaram, e como estadista deixou no Ministerio das Obras Publicas memoria immorredoira das providencias de largo alcance que decretou, e que ainda hoje frutificam com vantagem para o paiz. (Apoiados geraes).

Em todos os campos da actividade em que exerceu o seu pujantissimo talento, deixou de si um sulco profundo, denunciador do muito que valiam as suas poderosas faculdades de talento e de trabalho. (Apoiados).

Mas Emygdio Navarro teve uma acção demasiado valorosa e viva na luta dos ultimos trinta e cinco annos para