O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

— 119 —

suas necessidades espirituaes, nós que provemos sufficientemente, á custa da nossa fazenda, ás necessidades espirituaes dos subditos estrangeiros, por estafem sujeitos ao padroado portuguez.

Sr. presidente, informarei tambem a camara, que no nosso bispado de Meliapôr ha dois seminarios, mas muito poucos alumnos; estão elles dotados sufficientemente; póde tirar-se delles muita, vantagem a prol das missões do nosso padroado, se o governo os olhar com alguma attenção.

Finalmente, direi que os dois seminarios, que existem no estado de Gôa estão muito bem montados: tiram-se delles grandes vantagens: de que unicamente se carece é de bons mestres; os que leccionam são filhos do paiz, desempenham bem o seu ministerio, mas não são tão distinctos lentes como podem ser aquelles que tem uma instrucção regular e variada; mas deverão ír daqui? Os bons não vão daqui sem serem bem pagos; mas para isto não ha meios; porem, se hão de ír os que não prestam por qualquer qualificação, melhor é não irem: e preciso que vão escolhidos, o que se não practica desgraçadamente, quando se tracta do ultramar. Permitta-me a camara que conte a este respeito o que houve ha 50 annos, no reinado da senhora rainha D. Maria I: — A pedido desta senhora, e sendo. ministro Martinho de Castro, foram pedidos e vieram alguns italianos, para dirigirem a educação do cléro de Gôa; elles dirigiram por doze annos os dois seminarios de Rachol e Chorão, e todos os seus discipulos saíram notaveis, por sua educação e proficiencia em todas as disciplinas ecclesiasticas: eu conheci alguns, que eram respeitaveis em todo o sentido; mas ao mesmo tempo o collegio do Bom Jesus em Gôa era dirigido, por dois portuguezes da Europa, que parece-me eram de Rilhafolles: um chamava-se padre Santos, e outro Cruz; estes não foram tão proveitosos como era de esperar; dizia-se do primeiro delles que era mestre synodal, que em quanto o padre Santos fosse mestre synodal, até os coqueiros de certo districto podiam ser clerigos; a camara me intende; mas previno a camara, que o que acabo de dizer, não é com o fim de abater o credito dos portuguezes e da nação; não sou capaz disto, porque tenho dado exuberantes provas do meu patriotismo, e nacionalismo; se fallo assim, é para mostrar que nessa occasião, na Italia, se fez melhor escolha que em Portugal. Fico aqui para não tomar mais o precioso tempo á camara.

O sr. Cardozo Castello Branco: — Sr. presidente, eu pedi a palavra para dar uma explicação ao meu illustre collega o sr. Fonseca Moniz. A commissão reconheceu, o grande principio, de que a civilisação e felicidade dos povos vem em grande parte do clero, quando esta instituição é fundada na pura moral evangelica, na orthodoxa e sã doutrina, e nos bons principios. A commissão não podia deixar de se referir particularmente ao seminario ultimamente aberto em Santarem, porque o discurso da corôa que foi lido na abertura da sessão, referia-se a este estabelecimento; portanto a commissão não podia deixar do dizer alguma cousa a este respeito, e não podia dizer o mesmo a respeito de outros seminarios, porque, estes ou já estavam abertos e constituidos, e então não era, preciso dizer o que disse a respeito do de Santarem, ou ainda não estavam abertos, e portanto não se podia applicar a respeito delles o que se disse a respeito do de Santarem; nem podia nesta occasião lembrar ao governo a necessidade que, havia de soccorrer os outros seminarios, porque o governo já tinha tomado providencias a respeito daquelles que já existissem abertos, e tambem não se podem abrir seminarios em todas as dioceses do reino, em quanto se acharem negociações pendentes sobre a circumscripção das dictas dioceses, e foi por esta rasão que a commissão se referiu unicamente ao seminario de Santarem. Parece-me, pois, que o additamento do meu illustre collega o sr. Fonseca Moniz não póde approvar-se em toda a sua generalidade.

O sr. Fonseca Moniz: — Sr. presidente, devo declarar que a illustre commissão redigiu muito bem o que disse nestes dois periodos; mas foi deficiente, e não acompanhou o grande systema exarado no periodo correspondente do discurso do throno, no qual se vê um plano em grande escalla, com o justo cunho da generalidade; e a competente resposta não satisfaz, porque é meia medida; e não basta que um ou outro seminario funccione, é indispensavel que em todas as dioceses os seminarios sejam auxiliados e protegidos, mencionando-se expressamente os do ultramar, Africa e Asia; e desta fórma salvam-se os principios e a conclusão. E por esta occasião renderei novamente louvores ao governo pelo que já fez: em favor de alguns seminarios, mas grande obra lhe resta fazer. Finalmente, voto pela justiça do meu additamento.

E pondo-se logo á votação o

Projecto de resposta ao discurso do throno — foi approvado.

Additamento do sr. Fonseca Moniz — approvado, salva a redacção.

O sr. Pinto de Almeida: — Sr. presidente, peço a v. ex.ª consulte a camara, se me concede a palavra, visto estar presente o sr. ministro da fazenda.

Foi-lhe concedida.

O sr. Pinto de Almeida: — Sr. presidente, pedi a palavra para chamar a attenção do sr. ministro da fazenda sobre duas cartas, que hontem recebi da Beira Baixa, de dois cavalheiros meus amigos, em que se queixam do contrabando de cereaes que alli se faz em grande escala. Uma das cartas diz assim. (Leu) Por consequencia intenda que este é um daquelles males a que o sr. ministro da fazenda deve prestar toda a attenção, daquelles pontos existem dois regimentos, um de cavallaria n.° 8, e o outro de infanteria n.° 12, o qual está todo na Guarda; ora um dos meus amigos diz na sua carta, que lhe parecia conveniente que parte do regimento n.° 12, fosse passado para Penamacor, assim como tambem um destacamento de cavallaria; porque assim evitaria que o contrabando se fizesse entre Penamacor e Rosmaninhal. Os proprietarios daquelles sitios queixam se que não podem vender os seus generos; porque o trigo que vem de Hespanha, apesar do risco que corre, fica sempre muito mais barato do que o do paiz. O meu fim pois, é chamar a attenção do sr. ministro da fazenda sobre este objecto, para que tome as convenientes medidas a este respeito.

O sr. Ministro da fazenda: — Eu fico certo da recommendação do illustre deputado, e empregarei os meios que tiver ao meu alcance, para evitar quanto fôr possivel a continuarão do contrabando, que sempre se tem feito, mais ou menos, pela raia secca, porque evita-lo completamente ser impossivel. O governo, digo, tomará as providencias que estiverem ao