O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

(177)

Façamos porém justiça a todos. Eu entendo que a Maioria desta Camara, na resolução que tomou, de maneira nenhuma quiz dizer, que julga amarella seguida pelo Governo a mais apropriada — sem erros, e sem graves erros — isso seria uma ironia muito amarga, demasiado amarga. E, Sr. Presidente, sabe V. Ex.ª qual é a razão porque nunca passamos a um estado conveniente?.. E porque insistimos nos mesmos erros; porque o tempo para nós nada vale; a experiencia e inutil, e nada aprendemos, é nada esquecemos. Sr. Presidente, concluindo direi, que julgo muito importante que a illustre Commissão de Fazenda dê quanto antes o seu Parecer sobre a Proposta do Governo para a arrematação dos rendimentos das Sete Casas, porque e um Parecer sobre assumpto importante, que, na minha opinião, decifrará a Politica Financeira da actual Administração.

O Sr. Presidente — Antes que dê a palavra a alguns Srs. Deputados que a teem pedido, cumpre observar, em execução de meus deveres, que a Camara não faz obra por aquillo que se diz lá fóra (Apoiados) Seria de gravissimos inconvenientes trazer taes cousas para as discussões desta Casa, (Apoiados) e mesmo o Regimento prohibe tal cousa (Apoiados) Eu faço esta observação, e espero que todos os Srs. Deputados o tenham sempre em vista (Apoiados.)

Agora quanto ao convite feito pelo Sr. Deputado a Commissão de Fazenda, o Sr. Deputado Albano já pediu a palavra como Relator dessa Commissão para dar explicações a tal respeito; tem portanto a palavra o Sr. Albano.

O Sr. Agostinho Albano: — Eu não podia deixar de pedir a palavra para dar alguma explicação a respeito do convite, que o nobre Deputado acaba de fazer. Devo pois dizer a esta Camara, que a Commissão de Fazenda se tem occupado deste negocio muito seriamente; tem tido repetidas reuniões; e tem até já chegado a formar a sua opinião sobre este assumpto. Não sendo porém conveniente que apresentasse os seus trabalhos durante a discussão importante que estava em pé, ha de a Commissão com a maior brevidade trazer á Camara o resultado desses mesmos trabalhos.

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Sr. Presidente, mando para a Mesa duas Representações, uma dos Egressos d'Evora em que se queixam que se lhes devem onze mezes, e que ha tres que não recebem um real, e a outra é de certos Empregados do Terreiro Publico, queixando-se do Thesoureiro do mesmo Terreiro.

Sr. Presidente, aproveito a occasião de ter a palavra, porque quero declarar perante esta Camara, e perante o meu Paiz, que emquanto aqui estiver, hei de emittir o meu voto, e usar do direito d'opinião que me pertence, sem m'importarem os ameaços, e as injurias que lá por fóra se me dirigem, essas despreso-as completamente. (Susurro) S. Presidente, eu invoco a benevolencia de V. Ex.ª, porque o assumpto é grave. As opiniões livres d'um Deputado, e ás accusações que elle apresenta, responde-se com o Estado Maior! Eu não tenho medo do Estado Maior. Digo perante esta Camara, e perante o Paiz que eu respondo aos Cavalheiros como Cavalheiro; e aos sicarios com um par de pistolas, que trago aqui na algibeira do meu paletó. (Sensação, e grande susurro) Eu sou tão homem de bem como os Srs. Ministros, ou talvez mais, porque nunca pizei aos pés os despojos do meu Paiz, (Grande agitação) nem nunca comprometti a Causa Publica... (Vozes — Ordem, ordem.) (O Sr. Xavier da Silva — Peço a V. Ex.ª, Sr. Presidente, que chame o Sr. Deputado II Ordem.) O Orador — Eu mando as Representações para a Mesa: como fiz a declaração, não me importa o mais.

O Sr. Presidente: — O Sr. Deputado foi chamado á Ordem; portanto é preciso sujeitar-se á» disposições que ha para taes casos...

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Então porque é que sou chamado á Ordem?.. Eu disse que era tão homem de bem como os Srs. Ministros, e nisto não ha insulto algum (Vozes: — Não é isso.) O Orador: — Então o que é?.. Apontem que eu estou prompto a retirar.

O Sr. Presidente: — Ao Sr. Deputado peço, que retire a expressão d'injuria de que usou, e deste modo acaba o incidente... (O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Não sei qual foi, mas se ha expressão d'injuria, eu declaro que a retiro.)

O Sr. Presidente: — Muito bem; mas agora peço ao Sr. Deputado que se traz armas comsigo que as ponha lá fóra, porque aqui é prohibido entrar com armas, ou então ha de desdizer-se a tal respeito; e tambem lhe peço que não traga para a Camara cousas estranhas a ella. (Apoiados) Ha pouco fiz esta recommendação, e não deixarei de continuar a faze-la, por quanto ella tende muito, para que se possa manter a ordem nesta Casa (Apoiados.)

O Sr. Cunha Sotto-Maior: Eu tenho aqui o meu paletó (Mostrando-o elle não tem nada nas algibeiras, isto é, não tem pistolas; porém lá fóra hei de traze-las, para me defender dos assassinos.

O Sr. Presidente: — Esta terminado este incidente. Tem a palavra o Sr. Deputado

O Sr. Silva Cabral: — Não me importam as reuniões que lá fóra se fazem, não me importa que nessas reuniões se decida a maneira porque ha de aqui ser exercido o direito que o Deputado tem; não direi mesmo que nessas reuniões se tracta de alguns objectos pertencentes ao pleno exercicio d'um Deputado; não direi tambem que alli se decidiu cortar a palavra áquelles que a têem para explicações: tudo isto é absolutamente estranho ao meu intento. Mas, Sr. Presidente, o direito que eu tenho, é que esta Camara me não póde negar, de dar as minhas explicações, sobre as allusões, e inexactidões que se aqui apresentaram por parte dos Oradores que fallaram a favor do Projecto de Resposta ao Discurso do Throno. Eu com documentos maiores de toda a excepção, com o testemunho dos mesmos Membros do Gabinete, hei de mostrar a calumnia com que veio aqui ser atacada uma reputação.

Sr. Presidente, eu hei de explicar-me, e hei de explicar-me com franqueza diante do Paiz, e diante desta Camara; não com documentos officiaes dados ou ministrados por Auctoridades que estão mettidas debaixo do jugo ferreo do Ministerio, nem com documentos apocrifos como aquelles que vi aqui apie-scnlar, mas com documentos que nem Amigos nem inimigos hão de poder contestar. Debaixo deste ponto de vista, e preciso que os Srs. Ministros do Reino, e Negocios Estrangeiros estejam presentes ás minhas explicações. E nestes termos, ou seja hoje ou ámanhã, (porque não tenho interesse nenhum em que seja hoje) ss o Ministerio estiver presente, hei de entrar nessas explicações com toda a frieza e so-