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mes ou os abusos, de que accusam o illustre Deputado, esses dois Ministros foram responsaveis tambem; mas esses Ministros o que querem, é abafar a discussão.

Eu ouvi o illustre Relator da Commissão da Resposta ao Discurso da Corôa, dizer, que o debate havia de ser largo, dando logar a que todos podessem emittir as suas opiniões; e o que se seguiu, foi tirar-se a palavra a trinta Oradores que estavam inscriptos.

Sr. Presidente, a situação deste Parlamento é muito excepcional, é tão excepcional, como é a situação do Paiz; mas é necessario (visto que tambem accresce a circumstancia de não haver objecto algum para Ordem do Dia) que o Paiz saiba quem é o culpado. — Oh! Sr. Presidente, pois nós esmagados pela força bruta do numero, não poderemos tambem dizer a verdade, e restabelecer os factos como elles são, o como as. cousas se passaram?

Repito, eu faço justiça ás rectas intenções dos illustres Deputados, mas é necessario que quem for accusado, se defenda; é necessario em fim que o Paiz saiba de que lado está a calumnia.

Voto contra o Requerimento.

O Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros. — Sr. Presidente, este negocio é inteiramente da Camara; eu por tanto não devo entrar nelle; mas pedi a palavra simplesmente para dizer a V. Ex.ª e á Camara que prompto aqui me acharei hoje, ou quando se quizer, para ouvir as Explicações dos Srs. Deputados; e como a Camara ha de fazer justiça, justiça que já foi annunciada pelo Sr. Presidente, eu estou muitissimo descançado; como hei de ter a permissão de fallar, eu responderei a todas aquellas observações que se apresentarem como Explicações; entrarei mesmo de novo na questão se fôr preciso. Sim, só depois da sentença da Camara que ouviu os illustres Deputados, os principaes Oradores da Opposição, e ouviu aquelles que os impugnavam, se depois desta sentença completa, solemne, for necessario entrar de novo na questão, Sr. Presidente, estou prompto, não declino.

O Sr. Carlos Bento: — Sr. Presidente, eu pedi a palavra depois que ouvi dizer que era necessario deixarmo-nos de similhantes questões, de questões da natureza daquellas que se tractam, para nos occupar-mos das medidas verdadeiramente salvadoras do Paiz; que era necessario fazermos Leis prudentes e sabias, que uma vez por todas salvassem o Paiz. Sr. Presidente, peço aos illustres Deputados que animado? de tão bons desejos promettem tão imprudentemente o que não podem cumprir, que uma vez por todas reflictam na importancia que teem similhantes palavras. Quantas vezes, Sr. Presidente, teem cessado as discussões nesta Camara para votarmos as taes Leis importantissimas, que hão de salvar o Paiz?... Não se illuda ninguem, não nos illudamos a nós: esta Camara não póde salvar o Paiz por uma Lei; nenhum Paiz se salva por uma Lei, não ha Lei de salvação publica; a salvação de um Paiz consegue-se por um processo regular, lento, por medidas successivas, não só por Leis, por costumes; e não havemos de votar os costumes aqui. Sr. Presidente, sabe V. Ex.ª aonde se acham exemplos de uma similhante natureza? N'uma época de calamidades por que passou uma grande Nação, nos tempos da Revolução Franceza V. Ex.ª sabe, deve sabel-o, que se propoz uma Lei sobre o Codigo do Amor Materno; queria-se regular o sentimento mais nobre, mais natural, e mais sancto, o amor de mãi para seus filhos por uma Lei! Tudo é uma Lei! Moralisemos o Povo por uma Lei!... E pelo exemplo não?... (Apoiados).

Sr. Presidente, ninguem avalia melhor do que eu as intenções do illustre Deputado, que assim fallou; mas S. Ex.ª não calcula bem a importancia, que têem estas promessas imprudentes. Pois não se nos disse aqui, quando eu pedi a Lei Eleitoral — Deixemos a Lei Eleitoral, vamos ao agio das Notas, o agio das Notas é que é o importante, Notas ao par... — Votou-se a Lei, as Notas foram surdas a essa Lei sabia e providente.

Sr. Presidente, Srs. Deputados, não acrediteis na efficacia desses improvisos Legislativos; não ha nenhum Paiz que tenha mais Leis que o nosso, não ha tambem Paiz nenhum, aonde tenha havido menos legalidade.

Sr. Presidente, não é com as muitas Leis que nós fizermos, que havemos de salvar o Paiz; não havemos de ser uma Assemblea importante, porque n'um certo tempo dado fizemos mais Leis que nenhuma outra Assemblea do Mundo; não, Senhor, o caracter de um Parlamento não é só o caracter Legislativo, é tambem o caracter Politico, que na minha opinião é o principal caracter de um Parlamento; porque, Sr. Presidente, o Governo de um Paiz não são só as Leis, são tambem os Srs. Ministros, são principalmente os Srs. Ministros: e se vós quereis tornar a discussão completamente erma deste elemento, se o não quereis introduzir nella, não conseguis nada, os vossos bons desejos são estereis, o vosso amor pelo bem Publico é um amor platonico, não podereis conseguir delle nenhum resultado.

Desenganemo-nos, podemos ser de differentes Partidos, mas todos somos Portuguezes, os bens que fizermos, aproveitarão á Maioria, como á Opposição; (Apoiados) e se os não conseguirmos, todos o soffreremos; o dividendo ha de ser igual para todos, se por acaso a Sociedade ganhar; o se ella fallir, todos soffreremos da mesma fórma as suas desgraças.

Mas é uma banalidade, uma banalidade a salvação repetida todos os dias pelas melhores esperanças, e todos os dias desmentida pelos factos mais incontestaveis... — Vamos á ultima cousa, vamos votar os Leis decisivas. — Não ha Leis decisivas. Se vós não tendes a força. Leis decisivas para que?... Eu sorrio, quando ólho para o Orçamento; (Riso) sorrio; ainda mais; não posso ver este livro, opprime-me; este livro não é uma verdade, não o póde ser, por muito bons desejos que tenham os Srs. Ministros; este livro é uma inutilidade, este livro não significa nada, não póde significar nada.

E vamos votar as Leis — Houve accusações importantes, essas accusações dizem respeito aos homens mais importantes dos differentes Partidos, mas deixemos isso, haja placidez — Essas accusações já lá estão fóra debatidas, porque o Paiz não é surdo, porque todos as ouvem, porque todos as commentam... calemo-nos nós!.. Este silencio exerce uma Dictadura II resistivel, este silencio do Parlamento, que é quasi, póde-se dizer, o unico ponto aonde senão tractam as questões importantes do Paiz, porque ha umas certas reuniões aonde eu não vou, e ahi é que se tractam os negocios importantes, ahi é que se fa-