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ne occasião?... Não será necessario que se escolha quem deve ser o Ministro da Fazenda? Não será necessario que se diga alto e em bom som até quanto nos achamos compromettidos, e qual deve ser a missão imposta ao exercicio de um similhante Cargo?... Nós todos sabemos que na Inglaterra, nesse Paiz classico do Systema Representativo, o logar de Ministro da Fazenda é importantissimo; o Ministro dessa Repartição é um dos primeiros influentes no Ministerio, e saiba mais a Camara que as reformas financeiras feitas naquelle Paiz têem sido feitas por esse homem mais importante no Ministerio, por esse homem que dirige o Ministerio da fazenda; e desenganemo-nos, que um Ministro da Fazenda não póde ser sómente um Guarda-Livros do Ministerio. (Apoiados)

E necessario que o Parlamento siga o exemplo de uma Nação visinha, que, desgraçadamente, para ella, ainda não tem podido executar em toda a sua plenitude os dictames do Systema Representativo; e apesar disso que vimos nós alli ultimamente?... Vimos o Ministro da Fazenda pela sua grande influencia cortar cifras de despeza a todos os outros Ministerios, cifras importantissimas, e os outros Ministros sujeitaram-se a esses grandes cortes. Assim é que se é Ministro da Fazenda; se quizerem que haja Fazenda, e que ella sobreviva aos Ministros, não se póde ser Ministro da Fazenda de outra fórma. (Apoiados) E necessario que a Camara declare alto e em bom som esta verdade.

E necessario além disto que haja uma contabilidade, que seja uma fiscalisação exacta, (Apoiados) sem o que o Systema Representativo é uma decepção. (Apoiados) E necessario que isto se faça, para que os Representantes do Povo possam cumprir com o dever mais sagrado da sua missão, qual é o exame da applicação dos rendimentos publicos. (Apoiados)

Sr. Presidente, eu convido, pois o Parlamento, para que, numa circumstancia tão solemne, tome a posição que lhe compete; convido os illustres Deputados, (ía a dizer, da Maioria) para que occupem nestas circumstancias a posição que lhes incumbe, mais a elles que a nenhuns outros (Uma voz: — Obrigado pelo conselho.) a que por credito seu se expliquem sobre este assumpto, e a que declarem se partilham esta idéa. Eu não estou fallando sobre o Systema que se deve seguir, digo que é necessario que se declare se sim, ou não se considera o Ministerio da Fazenda como o negocio mais importante nas circumstancias actuaes, e digo que é necessario que se declare, se a Camara não deve exercer um dos seus direitos...

O Sr. Presidente: — Parece-me que o Sr. Deputado vai progredindo de uma maneira tal, que não é possivel saber a que se destina, (Apoiados) porque a maneira porque vai progredindo é contra os termos do Regimento. Demais a mais, devo observar á Camara, que depois da participação Official dada pelo Sr. Presidente do Conselho de Ministros, é da minha intenção não deixar progredir em discussão alguma, ou seja em objectos Ministeriaes, ou mesmo de Administração, em quanto o Governo não estiver organisado. Eu dei a palavra aos Srs. Deputados para objectos secundarios, mas não para entrarem na discussão que o Sr. Deputado entrou, porque a Camara não póde deixar de respeitar em toda asna plenitude a liberdade da Prerrogativa da Corôa sobre a escolha do Ministerio. (Apoiados repetidos) Convido o illustre Deputado a declarar a Proposta que pertende fazer: convites á Camara, geraes, e sem base regular, não os póde fazer; faça a sua Proposta, ou Requerimento, e veremos se sim, ou não tem logar.

O Sr. Carlos Bento: — V. Ex.ª entre outras cousas que disse, repeliu o que eu tinha dito no principio do meu Discurso. Eu respeito tanto as Prerrogativas da Corôa, como V. Ex.ª; mas peço licença para dizer, que tenho alguma experiencia dos negocios Politicos, e sei bastante o que é o Systema Representativo, para nunca me passar pela cabeça contestar a mais solemne das Prerrogativas do Chefe do Estado; não me admiro por tanto do que V. Ex.ª disse, porque é o mesmo que eu havia dito.

O Sr. Presidente: Convido novamente o Sr. Deputado a declarar qual a sua Proposta ou Requerimento, porque não posso saber o fim a que se dirige, pela latitude que dá ao seu Discurso fallando de tudo, e de todas as cousas. Declare qual é a sua Proposta ou Requerimento, e depois verei se está na ordem.

O Sr. Carlos Bento: — V. Ex.ª quer que eu declare a minha Proposta, eu a declaro: a minha intenção era fazer o que tenho feito, isto é, suscitar a attenção da Camara sobre a situação em que no» achamos, e saber se ella entende se sim ou não deve occupar-se della.

Eu seria muito nescio, se contestasse o direito que V. Ex.ª, e a Camara tem de me impôr o silencio. Não tenho Proposta nenhuma a apresentar; tinha que fallar sobre este acontecimento, que me pareceu ser do dominio da Camara, e sobre o qual entendia que ella não devia guardar silencio; mas uma vez que a Camara entende o contrario, respeito a sua decisão, mas não me póde obrigar a que eu a entenda por outra fórma.

O Sr. Presidente: — Devo ainda observar ao illustre Deputado, que qualquer dos Senhores Deputados tem o direito de fazer as suas Propostas; mas não póde entrar em uma discussão sem base nenhuma. Demais, no estado que acabou denunciar o Sr. Presidente do Conselho de Ministros, a Camara sabe perfeitamente qual é o seu dever; não é preciso que o Sr. Deputado lh'o lembre. Se quer fazer alguma Proposta ou Requerimento, tem direito para isso; mas para fazer convites á Camara no sentido a que se propunha, é que não tem direito nenhum; e torno a dizer, que a intenção da Mesa é não deixar progredir discussão em objecto algum, nem Ministerial nem d'Administração, em quanto o Governo não estiver organisado (Apoiados).

O Sr. Ferreira Pontes: — Sr. Presidente, no Orçamento que hontem se distribuiu, vem designada a mesma verba de um conto de réis, que se votou na Sessão passada para a Fabrica de todas as Cathedraes do Reino: e para fazer conhecer que não foi o espirito de economia que presidiu a esta Proposta, não farei agora a comparação desta despeza com outras, reservo-me para outra occasião mais propria, e só direi que para a Capella e Musica da Sé de Lisboa vem propostos quatro contos de réis, e para a sua Fabrica dois contos e quinhentos mil réis, quando é certo que nas outras se devem celebrar as funcções do Culto Divino do mesmo modo, e com a mesma pompa.

Não posso deixar de manifestar o desgôsto que me assiste, por vêr que o Governo não dá attenção