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ao exercito, fosse simplesmente uma questão economica, nada diria, mas esta questão provém da admissão de um principio absurdo; aggrava portanto o mal.

Não entrarei nas causas das relações dos numeros dos approvados e reprovados da escóla polytechnica de Portugal, e da universidade, e da escóla do Porto. Tómo os dados officiaes, e vou tirar destes dados certas consequencias.

No anno lectivo de 1852 para 1853 foram examinados em Coimbra 777 estudantes ficaram reprovados 15. No mesmo anno foram examinados na escóla polytechnica 337 estudantes, e foram reprovados 72. No Porto foram examinados 133, e reprovados 4. Mas vamos agora vêr os approvados e reprovados das duas faculdades de mathematica e filosofia, que são as duas faculdades que correspondem á escóla polytechnica. Em mathematica e filosofia 192 examinados, 8 reprovados.

De modo que em numeros iguaes dos estudantes examinados, haverá a relação de 72 para 16 e 12, quero dizer, que havendo o mesmo numero de estudantes, que se examinem em Lisboa e Coimbra, terá de haver em Coimbra cinco vezes mais approvados do que em Lisboa, e no Porto seis vezes mais: tomando por termo medio os habilitados em Lisboa o numero 10, sairão das tres escólas 110 Alferes.

Se este principio fosse admissivel, teria-o a França aproveitado, porque o seu exercito é comparativamente mais numeroso do que o nosso; as escólas polytechnicas são mais caras; era pois uma descoberta para a França; entretanto ella não seguiu até hoje este principio. Quando em França ha precisão de mais pessoal para serviço, o governo recommenda aos examinadores exames um pouco menos rigorosos, e no caso contrario, exames mais rigorosos. Occorre-me o que fez o bispo de Vizeu no tempo de D. Minguei, sendo ministro do reino: dirigiu uma circular a todas as escólas do reino, secundarias e superiores, recommendando que houvesse muito mais rigor nos exames.

Mas quereis saber outro inconveniente! É a anarchia de todos os artigos do projecto; não posso deixar de considerar anarchicos todos os seus artigos: para provar que o principio é inadmissivel, e preciso considera-lo em todas as suas faces, em sua essencia, e nas suas consequencias. Um dos artigos diz — Hão de comparar-se os alumnos saídos da escóla polytechnica, pela ordem numerica, do seu merecimento. — Mas vamos agora vêr, como é que se formam estas listas parciaes, e vamos a vêr, se com effeito ha ou não anarchia. Os estudantes de mathematica e filosofia de Coimbra, hão de ser apreciados pelos seus lentes: elles fazem o seu exame por pontos; os lentes hão de fazer uma lista por ordem numerica, segundo os elementos da apreciação que a faculdade lhes offerece para regular os seus estudos e ensino: os lentes da academia polytechnica hão de fazer uma outra lista dos seus discipulos que foram apreciados por elles, segundo o plano de estudos daquella corporação; de modo que são diversos os juizes, são diversos os elementos da apreciação, e são diversos os examinadores. Ora o que ha de resultar daqui? Como havemos de fazer paralello entre tres grupos que aprenderam em diversas escólas, que deram provas de natureza muito diversa, e que foram apreciados por diversos apreciadores? Não será isto tudo anarchia?

O dar-se um curso em tres, cinco, ou vinte lições, não decide da quantidade das doutrinas, que se ensinam. Tudo depende do methodo; e o methodo é tudo. Lardner, o professor distincto da universidade de Londres, notavel por ser um professor que lê em tres cadeiras distinctas, dá cursos de dez, quinze e menos lições. Lind, o inventor do planetario mechanico, percorria a Europa e os Estados-Unidos, e em quatro lições descrevia o systema planetario, e explicava as suas leis: e os seus cursos eram sempre mui concorridos. Com uma machina de vapôr á vista, descreve-se em dois dias o que sem ella se explicaria em vinte.

Supponhamos, que um lente de chimica, começava por indagar se esta sciencia já era conhecida dos Caldeos se este nome deriva de Chemis: se Chemis deriva de Cam, filho de Noé; se Noé tinha feito algum processo chimico para se livrar da inundação: dava a hora, e ainda estava na archeologia da chimica, e outro que não seguisse tal plano, tinha no mesmo tempo ensinado muita chimica.

Vozes: — Deu a hora.

Sr. presidente, eu pouco mais tenho que dizer, e então se v. ex.ª permitte, eu continúo. (Vozes: — Fique para ámanhã) Então peço que me fique reservada a palavra para a sessão seguinte. (Vozes: — Muito bem)

O sr. Presidente: — Hoje não se entrou nas interpellações, porque o ministerio esteve occupado com a discussão da resposta ao discurso do throno, na outra casa do parlamento é natural que por esta mesma razão não possa estar ámanhã, e por Isso não darei interpellações para a ultima hora. A ordem do dia para ámanhã e a continuação da discussão deste projecto, e o projecto n.° 5 sobre o emprestimo celebrado em França, não obstante ter sido hoje distribuido, por isso que foi declarado urgente. Está levantada a sessão — Eram quatro horas da tarde.

O 1.° REDACTOR

J. B. Gastão.