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censura; entretanto, se não é parlamentar eu a retiro. Qual e a outra?

O Sr. Presidente: — A intenção que attribuiu á Camara de que estava consumindo tempo de proposito.

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Eu não attribui á Camara o proposito de consumir tempo inutilmente; disse a minha opinião, póde ser que seja errada; mas eu declaro que tenho essa opinião; se V. Ex.ª quer que eu retire a expressão, retiro, este estimarei muito que não seja assim; mas disse-o porque tenho direito como Deputado para emittir a minha opinião livremente.

O Sr. Presidente: — O Sr. Deputado tem direito para emittir livremente a sua opinião, mas não tem direito para irrogar censura á Camara, nem attribuir-lhe sentido máo. (Apoiados) Fica por tanto o Sr. Deputado severamente advertido por usar destas expressões, e confio que desistirá como deve desistir dellas e quejandas para o futuro.

O Sr. Silva Cabral: — Esta questão na actualidade não tem nem póde ter já interesse algum. Eu declaro que se uma consideração sincera pela boa opinião da Camara, do Corpo Legislativo, cuja opinião está essencialmente ligada com o credito do Systema Representativo, não fosse um estimulo vehemente e contínuo com o cumprimento do meu dever, de certo, eu não diria uma palavra sobre a questão de que se tracta. Sr. Presidente, tenho aqui uma Cadeira que o voto nacional me conferiu, uma Cadeira que confere direitos, e impõe deveres de um sacerdocio sagrado: e para lavar as minhas mãos na presença do Parlamento, na presença da Nação sobre os factos que se estão passando, que eu unicamente quero dizer algumas palavras.

Não sei se a questão estava ou não prevista, fallo da questão do Adiamento; o que me parece é que a Opposição não teve jámais o pensamento de adiar o Projecto das Estradas; não teve jámais este pensamento — como se disse, talvez, algures... ahi para a Freguezia de Santa Izabel, na presença do Duumvirato, aonde se quiz figurar que a Opposição havia de propôr este Adiamento. — Nem eu posso attribuir a outra cousa o desapontamento com que elle se aqui veio apresentar, porque quando eu considero a maneira como este negocio, simples de sua natureza, foi apresentado na Camara, muito mais attendendo ao habil e illustre Auctor que o propôz, não posso deixar de me maravilhar da marcha que tem seguido.

Sr. Presidente, os fundamentos que se apresentam, podem ser muito concludentes, podem ser concludentissimos para os illustres Deputados que os apresentaram; mas a razão rejeita-os, a justiça não está do seu lado. Disse-se — que se apoiava o Adiamento sobre as liquidações existentes de Companhias que procuravam as indemnisações — disse-se mais — que esse Adiamento era justificado pela mudança de dois Membros da Commissão — e accrescentou-se, por um dos illustres Deputados, que seria uma tyrannia vindo o Governo declarar que não estava habilitado para tractar deste negocio, que a Maioria da Camara o obrigasse a tractar delle. Mas quando se expõem com simplicidade essas razões, não se lança a ironia a mais pungente e amarga sobre o proprio

Ministerio, e sobre a mesma Commissão?.....Eu,

Sr. Presidente, sou Opposição, mas neste ponto em que se tracta de objecto tão serio, e do credito da Camara, não posso deixar de me apresentar do lado do Governo, e sinto sómente que o Governo não tivesse tomado a posição devida neste negocio, porque não havia talvez de achar um voto que contrariasse a sua opinião... O Governo está habilitado para tractar deste negocio 1! Oh! Sr. Presidente, póde por ventura o Governo deixar de rejeitar estas razões, que se apresentaram por alguns dos illustres Membros da sua Maioria? Entenderá o Governo, que este negocio não toca exactamente com a boa gerencia publica, a cuja testa elle se acha?... O Governo não está habilitado... Como é possivel que se admitta uma similhante razão, para se justificar o Adiamento! O Governo que nos apresentou aqui este Projecto; o Governo que tractou muito assiduamente de o mandar a uma Commissão; o Governo que não sómente fez apresentar este Parecer, mas que viu passar um intervallo de cinco mezes entre elle e a nova Sessão Legislativa; o Governo que consultou uma Commissão Externa sobre este negocio, ouvindo as differentes opiniões; o Governo que tem dado todos esses passos, póde dizer que não está habilitado?!.. Logo esta razão não póde de maneira nenhuma admittir-se; e eu em nome dos principios governativos que alli vejo, e não pessoas (Olhando para alguns dos Srs. Ministros) de certo, que não podia deixar de as rejeitar da mesma maneira.

Da segunda razão que se apresentou relativamente á Commissão, digo: que a Commissão que dá um Parecer, deve estar habilitada pura dar esse Parecer; a Commissão que apresentou ao Publico as suas idéas, deve entender-se não só por meio do seu Relator, mas de todos os seus Membros, estar habilitada para responder diante da Camara, e estabelecer todas as questões. E veja-se, que a Commissão não podia dizer tal sem ferir a sua propria reputação; sendo esse o motivo porque eu insisto em me persuadir de que esta razão não foi senão um effeito da desapontamento, com que se apresentou o Adiamento, e não de uma reflexão pausada e seria sobre o negocio, porque de outra sorte não se poderia de maneira alguma apresentar uma razão tal.