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que não se pagaram senão 370 e tantos; por consequencia nada mais facil do que persuadir-se que em logar de 500 se tivesse recebido 800 contos. S. Ex.ª marcou uma época, até Novembro; e desde então para cá é provavel que alguma cousa mais se terá recebido.

S. Ex.ª disse tambem, que se não tinha distraído daquella receita quantia alguma para outro objecto; eu desejaria saber se S. Ex.ª se acha habilitado para fazer, a este respeito, uma declaração solemne á Camara; declarar formalmente se nenhuma quantia se distraiu daquella receita para outro objecto. (O Sr. Ministro da Fazenda: — Peço a palavra). Por occasião de S. Ex.ª fallar nas Contas que prometteu mandar á Camara, apontou um facto que trouxe uma nuvem de tristeza sobre todos aquelles que desejam ver a nossa Administração organisada: porque S. Ex.ª disse — Que nada constava de cinco Districtos — isto prova o desmazelo que tem havido na cobrança dos dinheiros publicos: e estou persuadido de que o desmazelo que tem havido nesta cobrança, o ha de ter havido em todas as outras: isto é realmente muito para lamentai.... Não sei se aquella confiança que o nobre Ministro diz que tem nas Auctoridades, que não sei quem são, porque não sei quaes são os cinco Districtos, é bem fundada; Deos queira que o seja; mas a fallar a verdade os precedentes não dão muito bom fundamento para isto. Assim não vamos bem... (Uma voz: — Vida nova). Vida nova se disse ao meu lado; assim eu quereria; mas desgraçadamente já ouvi disposições para a vida velha. Entretanto confio nas boas intenções annunciadas pelo nobre Ministro da Fazenda; Deos lhe dê fôrças para poder sustentar as suas idéas, e para poder ser rigoroso não só com os devedores do Estado, mas tambem com os Delegados do Governo, para que cumpram as suas obrigações; aliàs tudo quanto votarmos aqui, são puerilidades e fantazias que indo á pratica não se executam. Faço estas observações que me occorreram, e declaro que estou satisfeito com as explicações que S.Es.8 deu; e unicamente lhe pedia que declarasse se se achava habilitado para affirmar positivamente que se não distraiu quantia nenhuma das sommas recebidas, senão para aquelle fim que a Lei mal cava, isto é, para o pagamento dos ordenados atrasados aos Servidores do Estado.

O Sr. Ministro da Fazenda — Parece-me que com aquillo que eu tinha dicto da primeira vez o nobre Deputado devia ficar contente; mas vejo que insiste de novo n'um ponto, e por isso tornarei a repetir o que disse, para assim satisfazer ao nobre Deputado. Ao quesito de — se se tinham distraído algumas sommas desta receita — eu respondi — que não tinha motivo para me persuadir que tal distracção houvesse, antes confiava, accrescentei eu, que effectivamente senão tivesse distraído sommas nenhumas, porque comparada a differença entre o que se havia recebido, e o que se tinha pago, habilitados os Cofres Como estão em Lisboa, e nas Provincias, para se pagar um mez de soldos, e um mez de ordenados, entendia que esta differença entre os 506 contos recebidos, e os 379 que se pagaram, era sufficiente para satisfazer a estes mezes: e agora accrescento (porque me obriga um devei de lealdade e pundonor) que estou muito longe de suppôr que de facto se distraissem sommas desta receita, porque tenho plena confiança na hora a e probidade do meu Antecessor. Á vista disto não sei que mais possa dizer ao illustre Deputado; parece-me que se reputará satisfeito (Apoiados.)

O Sr. Assis de Carvalho: — Sr. Presidente, pedia a V. Ex.ª consultasse a Camara se me permitte fazer uma pergunta ao Sr. Ministro da Fazenda nesta Interpellação.

Consultada logo a Camara resolveu affirmativamente.

O Sr. Assis de Carvalho: — Eu agradeço á Camara a concessão que acaba de me fazer. A palavra que eu pedi, é para perguntar a S. Ex.ª o Sr. Ministro da Fazenda — se está habilitado para mandar á Camara as Contas, que eu pedi, da Gerencia dos Fundos Publicos desde Agosto do anno passado até Janeiro deste anno.

A Commissão de Contabilidade foi eleita para este fim, e até hoje não tem podido funccionar, porque não tem Contas que contai. Pergunto pois a S. Ex.ª se se acha habilitado para mandar estas Contas á Camara, para a Commissão poder funccionar?

O Sr. Ministro da Fazenda — Não ser se poderei satisfazer cabalmente ao Requerimento do nobre Deputado: em um objecto ião vasto, e de tanta importancia não é possivel estar ao facto neste momento; e mesmo porque, como ha pouco disse em resposta á Interpellação do Sr. Deputado Lopes de Lima, ha cinco Districtos d'onde não consta, que desde Junho a Novembro se tenha realisado alguma desta receita que faz parte do pedido do nobre Deputado. Entretanto pela consideração que tenho por esta Camara, porque reconheço a obrigação do Governo para com o Parlamento, prometto que não me hei de descuidar de satisfazer tanto quanto fôr possivel o Requerimento do nobre Deputado, mandando tudo quanto houver das Contas da Gerencia, a fim de que a Commissão de Contabilidade possa satisfazer á Missão de que a Camara a incumbiu...

O Sr. Presidente: — Esta terminado este incidente Tem a para via o Sr. Luz.

O Sr. J. L. da Luz — Em quanto me persuadi que as malevolas insinuações dirigidas contra o Banco de Portugal tinham origem na inveja, no despeito, nas pretenções mesquinhas, e até no espirito de Partido, conservei-me tranquillo, e descançado esperando que o tempo havia de fazer justiça ao Estabelecimento; esperava que no fim de um certo e determinado tempo os homens honestos, e despreoccupados fariam justiça as intenções das Direcções do Banco de Portugal. Mas, á vista do que se tem passado, não é possivel, Sr. Presidente, esperar mais tempo; é necessario romper o silencio As calumnias tem comovido os homens mais indifferentes, e a desconfiança veiu penetrar até no seio da Representação Nacional! Esta Camara não póde ser indifferente a tantas reclamações. Se ao Banco de Portugal não estivessem ligados tantos interesses nacionaes, se aquelle Estabelecimento existisse sómente para lucro de Particulares, deixa-lo-ia luctar com ósseas competidores, porque não desconfio do triunfo.

Sr. Presidente, é necessario que uma vez se conheça qual é o modo porque o Banco de Portugal cumpre as Leis que o constituiram, e governam; e qualquer que seja o conhecimento que o Governo tenha do que alli se passa, é indispensavel que esta Camara seja informada directamente por uma Dele-