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rio. A honra que dahi vem é pouca. De por mim entendo que nada se póde comparar á gloria parlamentar de Constant, de Fox, de Lafaytte, e de Foy. Esses nomes serão repetidos com respeito em todos os pontos da terra, aonde houver amor da liberdade, e brilhar a luz da civilisação. Ao pé d'esses oraculos da tribuna, que valem tantos ministros, cujos nomes obscuros caíram com seus cadaveres na sepultura? Mas em fim lá virá occasião em que os defensores do povo devam tomar as redeas do governo para fazer a felicidade de uma inteira. Então feliz quem, como Mr. Canning e Lord Grey, poder abrir para o seu paiz uma nova era de felicidade e gloria! Accusam-nos de ambição despresivel, e de odio ás pessoas dos ministros, porque occupam os lugares que nós ambicionamos! De sobejo me expliquei sobre este derradeiro ponto da cobiça; mas ácerca do odio trarei á recordação da Camara o stygma que por tantas vezes tenho lançado sobre os homens rancorosos. Quantas vezes disse eu que a liberdade era humanidade e amor! Para mim não ha caracter mais abominavel que o do homem que está sempre debaixo da funesta influencia do principio antipathico - do homem, que aborrece, e que não ama. De por mim tenho mostrado que nenhum odio tenho nos furiosos sectarios do tyranno, vis instrumentos de suas crueldades. - Ora se eu não aborreço aquelles inimigos communs, como o poderei fazer aos homens que sempre militaram debaixo das bandeiras da monarchia constitucional, e que pertencem ao nosso partido político, e que só differem n'um ou n'outro ponto de menos importancia! Nenhum odio está em nossos corações contra as pessoas dos ministros. Nem nós lhes dizemos = retirai-vos, que nós queremos governar, e o faremos melhor! Nós dizemos: Ministros da Corôa! entre nós e a maioria, que vos sustenta, a differença é pequena. A nos»a política é inconciliavel; demos todos uma prova de boa fé e desinteresse, e esperemos que a nação pronuncie.

Ora eu entendo que todos o devemos fazer assim. Porém da minha parte ha motivos especiaes, pelos quaes não posso deixar de votar desta maneira. Como Deputado da nação tenho tido a infelicidade de emittir opiniões as mais impopulares. Sei que não tenho muitas vezes exprimido a vontade da nação, mas eu entendo que a nação não m'elegeu para dizer o que ella pensa senão o que é mais conforme com a sua honra e mais proprio para fazer a sua felicidade. Por isso supponho que a nação não está contente com o meu proceder, e eu não estou tambem resolvido a sacrificar a minha convicção, nem quero ser Deputado, se esta missão se não podér conciliar com a liberdade da minha consciencia. Para que a nação tenha pois a liberdade de eleger um Deputado que melhor a sirva é que eu voto pela mensagem da dissolução.

A Camara está lembrada de que a nação toda queria que a Regencia fosse conferida ao Monarcha salvador, e que eu levantei a minha fraca voz no seio desta assembléa para lhe lembrar que por nenhum caso se devia quebrar a lei, porque um tal exemplo era o mais para temer no começo de uma nova era de liberdade! A minha voz soou no deserto! E a minha franqueza não serviu senão para ferir as muitas sympatias, que cercavam o Monarcha Libertador. Outra questão que se submetteu ás deliberações da Camara. Era a das indemnisações políticas. As minhas opiniões nesta parte são detestadas pelos vencedores. Mas eu não duvidei affrontar todos esses odios e as iras populares para conservar a fidelidade aos principios que tenho profundamente gravados no meu caracter.

Entendo que um povo, que quer ser livre, deve reformar os seus costumes, e adquirir algumas virtudes. Foi por isso que eu propuz a revogação da lei do celibato religioso, affrontando o rancor da ignorancia, do fanatismo, e supportando a guerra não menos cruel dos espíritos apoucados, e dos homens tímidos.

Quando se discutiu a lei para a venda dos bens nacionaes, tratava-se de dar um privilegio aos empregados publicos (falange numerosa, e terrível) e aos officiaes do exercito vencedor. A minha voz levantou-se com liberdade no seio da Camara para revocar a igualdade, e não reciei de guerrear as duas classes mais fortes da sociedade. Debalde o fiz, mas o meu dever exigia que o fizesse. Todas as vezes que me tem sido necessario arrostar aqui as iras de uma classe, ou d'uma cidade ou da nação inteira, eu glorio-me de ter feito ficar sobre a brecha impavido com a coragem propria d'um representante de um povo livre. Daqui não tenho colhido mais que a approvação da minha consciencia, porque no mais não tive como Catão outro galardão senão as gloriosas inimisades tomadas por obsequio da republica.

Á vista d'estes factos a Camara se convencerá tambem, que nenhum de seus membros, tem menos probabilidade do que eu de ser reeleito. Mas ao menos não quero usurpar o meu mandato. Recebê-lo-hei com muito reconhecimento, se apesar das minhas opiniões (a que não entendo renunciar) a nação de novo me eleger.
De todas as carreiras publicas nenhuma é tão difficil e espinhosa como esta do parlamento; a minha saude está bastantemente deteriorada; muitas vezes de cançado desejo retirar-me ao seio da vida privada, para fugir ao peso de tantas tribulações, mas o fogo da minha idade, não me deixa repousar sobre este pensamento. A idéa de que posso ganhar alguma gloria, contribuindo para a liberdade e felicidade do meu paiz exerce uma poderosa influencia sobre a minha alma. Como posso eu n'esta idade renunciar tão facilmente aos doces sonhos, e illusões d'uma gloria immortal! Quando tem esse sido o constante objecto dos meus pensamentos, dos meus desvellos, e que seria a melhor recompensa dos meus longos sacrifícios. É por isso que apesar da minha impopularidade, tenciono apresentar-me como candidato nas proximas eleições, para representar o meu paiz, segundo a minha consciencia. Serei feliz, se poder obter os suffragios dos meus concidadãos. Mas a Camara sabe que a minha reeleição é de todas, a mais duvidosa, porque eu tenho aqui dito o que sinto, e o que penso, e infelizmente os meus sentimentos, e os meus pensamentos não tem muitas vezes estado d'acordo com os dos meus constituintes, nem merecem as suas sympatias. Mas ao menos não se dirá de mim que pertendo perpetuar-me na Camara, e que duvidei entregar a minha procuração, e sugeitar-me aos acasos d'uma nova eleição.

Deixo de responder aos argumentos da illustre Commissão, porque o nobre marquez de Saldanha, já o fez com muito acerto.

Agora, Srs., terminarei o meu discurso pedindo-vos instantemente que attenteis por nossa honra, que considereis as difficeis circumstancias do paiz, e que deis um nobre exemplo de patriotismo e desinteresse.

Todos nós temos cumprido as nossas obrigações; esperamos que a nação faça justiça ao nosso patriotismo, mas se a approvação publica nos faltar, nos contentaremos com a das nossas consciencias. Voto contra o parecer da Commissão.

O Sr. Barjona: - Sr. Presidente, serei breve; de ser extenso não tiraria outro resultado senão gastar tempo. A Opposição, durante a Sessão extraordinaria, e os poucos dias desta, tem mostrado sufficientemente, sem haver necessidade de apontar factos, nem de fazer reflexões, qual é, e qual continuará a ser a sua opinião; quaes são, e quaes hão de continuar a ser os seus princípios: julgo eu que a nação não tem sido feliz com as deliberações em grande parte tomadas pela maioria desta Camara, e isto faz grande peso em minha consciencia; e não vejo outro meio de occorrer aos males que de futuro ainda lhe possam provir, senão dissolvendo esta Camara; porém tratar esta questão sublime, conforme os princípios de direito constitucional, seria, Sr. Presidente, tambem outro grande mal

VOLUME I. LEGISLATURA I. 55