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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Discurso do sr. deputado Antonio Telles Pereira de Vasconcellos Pimentel, que deixou de ser publicado na sessão de 26 do corrente, pag. 433, col. 2.ª

O sr. Telles de Vasconcellos: — Concordo com a proposta apresentada pelo illustre deputado, o sr. Alcantara, e não sei que necessidade appareça, que determine que essa proposta vá a uma commissão.

Não posso concordar com a opinião do sr. Coelho do Amaral, para que não seja a mesa, mas a commissão de petições, quem aprecie a conveniencia da publicação das representações. Pois a mesa não tem o mesmo interesse que tem a camara em que não sejam publicados documentos redigidos menos convenientemente? Tem exactamente.

Diz o sr. Coelho do Amaral «são os principios que exigem que se proceda assim». Declaro que não vejo, não sei onde estão similhantes principios.

O sr. Coelho do Amaral: — Vejo-os eu.

O Orador: — V. ex.ª, sr. presidente, está hoje n'esse logar, e tambem eu, como o sr. Coelho do Amaral, tenho plena confiança que v. ex.ª não será demasiadamente meticuloso na apreciação das representações, obstando a que sejam publicadas aquellas que se devem publicar; mas fazendo esta justiça a v. ex.ª, hei de faze-la ao presidente da camara que succeder a v. ex.ª, porque, seja quem for, o seu interesse pela dignidade da camara ha de ser igual ao da mesma camara.

Se a mesa que vier ámanhã póde ser suspeita, tambem póde ser suspeita a commissão de petições, ou qualquer outra commissão. O que eu desejava era que o sr. Coelho do Amaral, liberal antigo que respeito, por quem tenho toda a consideração, e ao seu lado me achei em outras epochas quando se tratavam questões de liberdade; desejava, digo, que s. ex.ª dissesse onde estão os principios que se offendem pela proposta do sr. Alcantara.

Tenho sempre muito receio de obstar a quaesquer publicações, mesmo aquellas que insultam os poderes publicos; e a rasão por que voto esta proposta é porque, sendo estas publicações feitas no diario official, eu não desejo auctorisar despezas d'esta ordem. É principalmente esta rasão, que me leva a votar pela proposta, e não o receio ou medo de que n'essas publicações se dirijam insultos aos poderes publicos, porque esses estão ainda muito alto; têem ainda o prestigio sufficiente para resistir a esses insultos e a todo esse communismo que tanto aterra o illustre deputado. As sentinellas da liberdade ainda não acabaram no parlamento. Os homens que se têem sujeitado a um silencio profundo durante esta sessão e a passada, são os mesmos que v. ex.ª aqui conheceu em outro tempo; são ainda sentinellas da liberdade que hão de vigiar por ella em toda a parte, quando alguem a queira ferir e offender...

Vozes: — Toda a camara, todos.

O Orador: — Todos (apoiados).

(Interrupção do sr. Coelho do Amaral, que se não ouviu.)

Não, senhor; s. ex.ª é velho liberal, não lhe faço a injustiça de o excluir; considero-o como o primeiro de todos e tenho-o considerado sempre; mas agora o que não posso, repito, é achar esta rasão de estado de que fallou o sr. Coelho do Amaral, para que a commissão de petições seja superior á mesa, seja ella qual for, uma vez que a presidencia é sempre da confiança da camara. Eu sou homem das maiorias, e, ainda sendo opposição, respeito sempre a decisão das maiorias. N'este caso voto e sustento a proposta do sr. Alcantara, sem dar mais largueza a esta discussão.

(Este discurso não foi revisto pelo sr. deputado.)