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do que se senta na extremidade deste Banco, e que levantou a sua voz bem alto, terminando o seu Discurso por votar pela eleição em dois graus, fez a apologia mais completa que se pode fazer, à eleição directa (Apoiados); eu não tenho forças nem talento, nem erudição para poder apresentar argumentos tão fortes como o ilustre Deputado apresentou; é até loucura, e mesmo arrojo da minha parte, querer sustentar com as minhas fracas forças esta doutrina, quando esta defendida pelo ilustre Deputado, e por outros. O ilustre Deputado a quem me refiro, o Sr. Silva Cabral, estabeleceu a relação que existe entre o constituinte e o constituido por tal forma, que não tem resposta (Apoiados); eu adopto completamente os argumentos de S. Ex a: se me permitisse, fazia-os meus, e concluia precisamente em contrario do que concluiu o ilustre Deputado, o qual na sua vigorosa argumentação não pecou pela base, pecou pela conclusão. (O Sr. Silva Cabral: Nem uma, nem outra coisa; eu o mostrarei) É provavel que S. Ex. se defenda disso com a habilidade que lhe é propria, mas eu tenho direito de inferir dos argumentos de S. Ex. aquelas consequencias, que, segundo a minha fraca logica, deles se deduzem. (O Sr. Silva Cabral: Ainda se podiam acrescentar largamente). Ainda se podiam acrescentar largamente. mais uma razão, alem das outras já apresentadas pelo ilustre Deputado. Mas, Sr. Presidente, ha um argumento produzido por S. Ex.ª, que é fulminante, e não tem resposta.

Disse o ilustre Deputado Que o unico método, pelo qual se pode obter uma Representação Nacional, é o método directo: (Apoiados numerosos) está no seu Discurso transcrito num Jornal que lhe não pode ser suspeito, porque transcreve sempre as suas Falas com mais exactidão do que os outros Jornais. O ilustre Deputado disse (entenda-se bem), que o unico método, por onde se pode obter uma verdadeira Representação Nacional, é pelo método directo. (Ouçam, ouçam). (O Sr. Silva Cabral: Não se trata disso). Pois de que tratamos nós senão de ter uma Representação Nacional, que seja o eco dos interesses do País, e das suas ideias? (Apoiados) Pois se tira à Representação Nacional o carácter da verdadeira e ingenua expressão dos Povos, como se pode sustentar este Sistema? (Apoiados). Não ha argumento mais fulminante! (O Sr. Silva Cabral: Não entendeu). É possivel que eu não entendesse, mas se o ilustre Deputado o retira, eu faço-o meu; estou persuadido contudo, que este argumento foi aduzido pelo ilustre Deputado: parece-me que o li no seu Discurso, e para não gastar tempo não o procurarei agora, mas se o encontrar, logo eu lho mostrarei. Porém, Sr. Presidente, se o ilustre Deputado diz que não apresentou este argumento, apresentou outros de que este é corolario. S. Ex.ª, como disse ha pouco, estabeleceu a relação que existe entre o constituinte então constituido; mostrou que o mandato não era necessario neste caso; que era inutil, que era inconveniente; e porque é esta inutilidade e esta inconveniencia? (O Sr. Silva Cabral: Não percebe). Não percebo? E muita fraca a minha inteligencia, eu respeito todas as inteligencias, e não aspiro a que respeitem a minha; com tudo farei a diligencia por emitir as minhas opiniões, e a Camara fará justiça, pelo menos, à sinceridade delas. (O Sr. Silva Cabral: Decerto). Eu declaro desde já que não me afligem as interrupções, porque tenho a fortuna de seguir sempre o meu Discurso sem me importar com que me interrompam.

Sr. Presidente, o ilustre Deputado, como disse ha pouco, estabeleceu o argumento de que a Representação Nacional não podia ser verdadeira senão pela eleição directa; se o ilustre Deputado quer recitar este argumento, eu faço-o meu, tirando como corolario. (Uma voz: Foi em abstracto). Para que servem os argumentos em abstracto? De que se vem as teorias, se as teorias são uma coisa vã e a mais inutil que ha neste mundo? Pois apresenta-se um argumento, e diz-se depois, Isso é em abstracto? Então de que servem todas as teorias? As teorias não são senão a verdadeira apreciação dos factos em todas as Ciencias (Apoiados) quaisquer que elas sejam, desde as Ciencias Naturais até às Ciencias Positivas; as teorias podem e devem aplicar-se às coisas, que lhe dizem respeito (Apoiados). O Sr. Agostinho Albano: Não podem). Então não servem as teorias de nada? Oh! Sr. Presidente, é a condenação mais fulminante dos principios reconhecidos por todos os homens eminentes em todos os ramos de Conhecimentos Humanos! Eu não quero caracterizar isto de heresia, porque não sou capaz de caracterizar de heresia uma expressão de um ilustre Deputado, que eu respeito; mas pasmo que um talento que reputo superior, diga que as teorias são considerações em abstracto, que não se podem aplicar! As teorias então não servem para nada; queimemos os livros; são uma inutilidade!

Sr. Presidente, o ilustre Deputado a quem respondo agora, e que vejo sentado na Mesa, disse, Que os que votaram pela constitucionalidade do art.63, são coerentes rejeitando o art. I. eu concordo até certo ponto com esta doutrina, enquanto ao ilustre Deputado que me tem interrompido e a muitos outros que votaram pela constitucionalidade do art. 63, mas que não fizeram declaração alguma, que não disseram que se haviam de sujeitar á decisão da Maioria, e que não reconheceram na Camara o direito de declarar constitucional ou não constitucional o art. 63; em quanto a esses, até certo ponto, ainda posso achar justificada a sua opinião; mas para aqueles, como o ilustre Deputado a quem respondo, que declarou explicitamente (como se vê no seu Discurso que ha pouco li) que se sujeitava à decisão da Maioria da Camara, e que havia. O Sr. Mexia Salema: Não disse tal.) Oh! Sr. Presidente, ha interrupções que eu estimo muito, porque tornam os argumentos mais frisantes. O Sr. Deputado diz que não disse tal os Taquígrafos tomam nota disto, e amanhã aparece nos Jornais, que quando eu fiz a minha argumentação, o Sr. Deputado respondeu, Não disse tal. Mas se esta aqui? Eu já li o trecho do Discurso do nobre Deputado, e a Camara não é surda; mas torno outra vez a ler uma vez que S. Ex.ª dúvida, e acrescento que os Discursos são inseridos aqui depois de revistos (Apoiados.) (Leu.) Não sei como se posa desmentir isto na presença de documentos insuspeitos, e de mais a mais revistos pelo nobre Deputado, não sei como se possa destruir este argumento; faço justiça as intenções do nobre Deputado, pode ser que não quisesse dizer aquilo, mas que o disse não ha duvida nenhuma (Apoiados.) Ainda o ilustre Deputado nos veio dizer em resposta a um argumento que se tinha apre-