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Discurso que devia ler-se na sessão n.º 1 d´este vol. pag. 6, col. 1.ª, lin. 66.

O sr. Ministro da Fazenda (Antonio José d'Avila) — Sr. presidente, eu começo por agradecer ao nobre deputado as expressões de benevolencia com que me honrou, e parece-me que neste assumpto poderei satisfazer cabalmente o nobre deputado. O nobre deputado chamou a attenção do governo sobre os inconvenientes que se estavam experimentando em alguns districtos do norte, por terem apparecido em circulação alguns cruzados novos cerceados; disse que o banco commercial do Porto tinha tomado a nobre resolução de desembaraçar a circulação dessas moedas, comprando a peso aquellas que se lhe apresentassem, e acrescentou, que desejava que o governo auxiliasse aquella respeitavel corporação neste empenho que tinha tomado. Direi ao illustre deputado, que apenas fui informado de que em alguns districtos do norte (e aquelles de que tive conhecimento são de Aveiro, Porto e Braga, principalmente o do Porto) appareciam alguns cruzados novos manifestamente cerceados, de que resultava uma desconfiança em todas as transacções, recusando-se o publico a receber mesmo cruzados novos que não eram cerceados, dei logo as ordens mais terminantes aos empregados dependentes do meu ministerio para que ficassem na intelligencia, e escrevi no mesmo sentido aos governadores civis, de que todos os cruzados novos que eram fraudulentamente cerceados não podiam ser recebidos como moeda legal, e que deviam ser perseguidos os passadores desta moeda e os auctores d´esse crime, mas que não se achavam no mesmo caso as outras moedas que pelo uso tivessem perdido uma parte do seu valor legal, e que essas (refiro-me ás moedas de prata pequenas) em quanto não podessem ser retiradas da circulação tão depressa quanto o governo deseja, e para que o parlamento acaba de habilitar com uma lei que espero que brevemente terá a sancção do poder moderador, para se poderem amoedar até 1.000:000$000 réis de moeda de prata, deviam ser recebidas como moeda legal, e que só não deviam ser recebidas deste modo as que estavam fraudulentamente cerceadas. Continuando porém a apparecer no mercado do Porto moedas de prata evidentemente cerceadas, o governador civil convocou a direcção do banco commercial, e expoz-lhe os inconvenientes que resultavam d´aquelle estado de cousas. A direcção, em vista disto resolveu comprar a peso as moedas de praia cerceadas que appareciam em circulação tanto o governador civil como o banco commercial, participaram immediatamente esta resolução pelo telegrapho electrico, o eu ordenei ao banco commercial que fizesse as compras na maior escala possivel por conta do governo. Por consequencia o governo fez tudo que podia fazer a este respeito, porque libertou immediatamente aquelle estabelecimento do onus que tinha imposto a si proprio, pelo que não posso deixar de lhe dar as devidos louvores; mas a verdade é que o governo correspondeu dignamente á maneira generosa por que aquelle estabelecimento se portou, porque lhe ordenou que todas as moedas que tinha comprado, e todas as que continuasse a comprar seriam por conta do governo, e que o governo lhe abonaria o juro competente pelos capitaes que desembolsasse n´aquella compra, alem de pagar a despeza de transporte das moedas, do Porto para a capital. Mas não parei aqui. Para mostrar ao banco commercial do Porto o interesse que o governo tinha em que esta medida fosse por elle adoptada na mais larga escala, alem da ordem que lhe dei pelo telegrapho, e que depois desenvolvi nesse mesmo dia numa portaria que foi por terra, eu ordenei ao banco commercial que todos os dias participasse ao governo as compras que effectuava; e torno a dizer, era isto preciso, não só para saber as moedas que o banco comprava, mas para lhe provar o interesse que o governo tinha em que a operação continuasse na maior escala possivel. Posso informar o nobre deputado, que, não podendo o banco ter recebido a minha portaria antes de sabbado de manhã, nesse mesmo dia lhe ordenei pelo telegrapho que me participasse em quanto importavam as moedas de prata que tinha comprado, e o banco respondeu dizendo (não contava que esta pergunta me fosse feita e por isso não trouxe a resposta do banco) que a importancia das moedas compradas era de 19 contos cento e tantos mil réis. Hoje recebi a resposta por terra ás ordens que tinha mandado á direcção. A direcção mostra-se muito satisfeita por ver que o seu procedimento tinha merecido a approvação do governo, e pediu-me autorisação para modificar um pouco o preço que ella tinha estabelecido para a compra da prata no caso que fosse necessario, e eu mandei-lhe agora mesmo essa auctorisação pelo telegrapho electrico repetindo-lhe a ordem, para que me informasse cada dia das compras que fosse fazendo e do preço dessas compras. Por consequencia parece-me que satisfiz ao nobre deputado nos desejos que tinha de que o governo auxiliasse aquelle estabelecimento, e ao mesmo tempo que o governo não ficasse indifferente a este assumpto. As medidas adoptadas foram estas, mas alem destas medidas, eu conto que alguma cousa se ha de fazer mais efficaz, e o que ha de ser mais efficaz é retirar o mais depressa possivel toda a antiga moeda de prata da circulação. (Apoiados.)